Notícia do dia: técnico diz que Zenit não contrata negros

Não somos racistas, participamos de programas anti-racismo, mas negros no time, nem pensar. Esta é a filosofia da torcida do Zenit, o time russo que acabou de disputar e vencer a final da Copa da UEFA. Clique aqui para ler a declaração do técnico do time, o holandês Dick Advocaat.

Racismo no futebol: novo episódio

Contribuição : Leandro Muniz

Desta vez, na Rússia. De acordo com a matéria da Agência EFE, publicada no Lance!net, o jogador camaronês Tchuisse (de branco, na foto), de uma clube da segunda divisão russa foi expulso após ter respondido com um gesto obsceno aos persistentes insultos da torcida da equipe adversária, afinal multada na astronômima quantia de US$ 2,3 mil doláres. Clique aqui para ler a matéria.

Camisa 10

Contribuição: Leandro Muniz

A camisa 10 vestiu e continua a vestir grandes craques do futebol: Pelé, o rei; Maradona, deus para muitos; Zico, o galinho dos pés certeiros; Zidane, o clássico; Riquelme, o maestro, Ronaldinho Gaúcho, o showman; e outros gênios da meia-canja, tais como Platini, Totti, Del Piero, Juninho Pernambucano, Nedved, Rivaldo… É fato que a 10 pode ser vestida por todo jogador de um time, do goleiro ao terceiro goleiro, mas ela geralmente é destinada àquele jogador que tem um estilo extraordinário, uma técnica ultra. O CAMISA 10:

  • “é experiente, rodado, com seus 33 anos, que oriente o time e saiba passar bem a bola”

Edilson, enérgico trabalhador da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA, é torcedor do Bahia

  • “é o organizador, tem que ter inteligência apurada, uma visão de jogo boa pra deixar os outros jogadores na cara do gol”

Rodrigo, segurança da faculdade, a enciclopédia do Bahia

  • “ele tem que ser habilidoso, armar o jogo, ser o garçom, não precisa ser muito marcador, é autoconfiante, o principal jogador”

Judson, colega de Psicologia, torcedor são paulino

  • “é o cara da ligação, tem que passar bem, fazer a diferença”

Marcão, colega de Ciências Sociais, é Bahia

  • “é o craque, o cabeça do time, o que bate falta, cobra escanteio, o passe perfeito”

Vitor Bahia, empresário soteropolitano, o time já está no nome

  • “é o bom jogador, o craque do time, o melhor que tem no time”

Anderson, colega de Psicologia, torcedor do tricolor de aço

  • “é o craque, o salvador da pátria, o herói, o maestro, o diferenciado, o gênio”

Rafael, colega de Psicologia, (advinha!?) é tricolorido

  • “é o bom jogador, o craque, o inteligente”

Diogo, colega de Psicologia, é torcedor do vitorinha (existe um!)

Futebol: da elite ao povão

Matéria publicada em 2006 no website Opinião e Notícia traça um breve histórico do surgimento e desenvolvimento do futebol no Brasil e permite pensar como um esporte de elite termina por se transformar numa paixão popular. Clique aqui para ler a notícia.

Conceitos fundamentais: a correlação ilusória

Durante a disputa da Copa do Brasil de futebol, no ano de 2007, a gloriosa equipe do Botafogo de Futebol e Regatas foi visivelmente prejudicada pela arbitragem durante o confronto com uma outra equipe numa etapa avançada da competição. No dia seguinte, o técnico, os torcedores e alguns dirigentes fizeram uma série de declarações na imprensa, nas quais as reclamações com arbitragem eram a tônica. Tudo não seria mais do que uma típica reclamação dos perdedores que se segue à derrota em uma partida importante, se o alvo principal das reclamações não fosse uma auxiliar de linha. Do sexo feminino. Um dirigente chegou mesmo a insinuar sobre a falta de propriedade na escolha de mulheres para arbitrar partidas disputadas por homens, sugerindo que a auxiliar, após a jornada infeliz, fosse definitivamente excluída do quadro de árbitros da Confederação Brasileira de Futebol. Por certo, a entidade máxima do futebol brasileiro se sentiu sensibilizada e face às reações da imprensa e dos dirigentes, na própria semana da atuação desastrosa da auxiliar prescindiu temporariamente dos serviços da ilustre senhora em torneios oficiais
Se erros de arbitragem em partidas de futebol ocorrem em praticamente todos os jogos, por que uma reação tão desmedida em relação aos erros da auxiliar? Simplesmente porque ela é mulher…e mulheres auxiliares de arbitragem são raras. Se dois eventos que chamam a atenção, uma senhora auxiliar de linha e um erro escandaloso de arbitragem aparecem associados, cria-se uma ilusão de que os dois eventos estão sempre associados. Daí a expressão correlação ilusória, para fazer referência a uma associação indevida entre dois acontecimentos incomuns, o que leva o a pessoa a decidir que um evento sempre se encontra associado ao outro. Desta forma, o processo de correlação ilusória cria a associação mulheres-erros de arbitragem e esta associação termina por fazer que dirigentes dos clubes mais afoitos solicitem a exclusão de auxiliares de linha do sexo feminino, pois futebol é coisa de macho, e impele os dirigentes da comissão de arbitragem a excluir, mesmo que temporariamente e sem nenhum pudor, alguém que cometeu um erro, um tanto grosseiro, é verdade, mas quase semelhante aos que ocorrem semanalmente nos milhares de campos de futebol espalhados pelo planeta.
A expressão correlação ilusória se refere a uma suposição incorreta de que existe uma alta correlação entre dois itens que não são usuais ou são raros, foi utilizada por Chapman (1967) para explicar a tendência dos participantes de um estudo experimental em fazer uma estimativa exagerada da freqüência de apresentação de palavras com uma extensão exageradamente alta. A idéia subjacente a este conceito era a de que palavras excepcionalmente longas, mesmo sendo apresentadas com a mesma freqüência do que as palavras com menos sílabas, por serem pouco usuais chamavam mais a atenção, o que fazia com que elas fossem evocadas com mais facilidade e isto terminava por levar o participante a acreditar que eram palavras mais freqüentes.
O princípio da correlação ilusória foi adotado algum tempo depois pelos estudiosos dos estereótipos para a explicação da persistência de estereótipos errôneos a respeito dos membros dos grupos minoritários. Neste sentido, a correlação ilusória pode ser interpretada como um viés de codificação decorrente da avaliação imprópria da co-ocorrência ou da co-variação de dois ou mais grupos de eventos e envolve a estimativa exagerada da ocorrência de eventos que se supõem associados.

Brasileiros e argentinos: sobre Pelé, Maradona e Manu Chao

Sim, nós temos Pelé; eles se contentam com Maradona. Este post é a propósito da música La vida es tombola, do último e excepcional disco do cantor francês/espanhol/catalão/brasileiro/latino-americano e anti-Bush Manu Chao.

Se yo fuera Maradona,
viviria como él.

Maradona, um mito de carne e osso, ainda vive, e intensamente, entre los hermanos argentinos. Suas jogadas excepcionais são freqüentemente lembradas. Em qualquer uma das inúmeras livrarias de Buenos Aires é possível encontrar muitos livros sobre o ídolo, inclusive um, onipresente, no qual é reproduzido, em cada uma das páginas, quadro a quadro, as imagens do gol contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986, considerado pelos argentinos, assim como por este que escreve, como o mais bonito de todas as copas.

Se yo fuera Maradona,
frente a cualquier porteria,

Goleiros nunca foram problemas para Maradona. A cada internamento, um país inteiro de plantão, na porta do hospital a orar e chorar pelo ídolo e quando todos esperam o pior, eis que El Pibe cola a bola na perna esquerda e driblando quantos brutamontes zagueiros apareçam na frente, o porteiro e aquela de quem ningués escapa, arruma as malas, encontra um caminho e vai bater um animado papo com o velho camarada Fidel.

Se yo fuera Maradona
nunca m´equivocaría.

Pelé é um ícone, conhecido em todo o redondo mundo; ninguém sabe, no entanto, o que ele fez ontem ou está fazendo hoje, nem se está no Brasil ou se está lá fora. Pelé é um cidadão do mundo, quase nunca erra… quer dizer, desde que não fale de política. Maradona, também é um cidadão do mundo, claro, mas de vez em quando comete uns deslizes. E você, se fosse Maradona, nunca se equivocaria?

O uso dos estereótipos como instrumento de propaganda: Brasil x País Basco

O uso de estereótipos na propaganda política é uma constante. O video deste post é um anúncio publicitário de uma partida da seleção de futebol do país basco. O adversário, na publicidade, claro, o Brasil. Times perfilados em campo para o início do prélio, de forma destemida e arrojada adentram em campo um espanhol, um francês e o indefectível, tratando-se de assuntos futebolísticos ibéricos, Manolo do Bumbo. O resultado, claro, propaganda pura.

Os estereótipos ainda vivem.. na América Latina

Durante a Copa América de Futebol, disputada em 1995 no Uruguai, o jornalista Calvin Sims sugeriu que os estereótipos estão presentes de uma forma muito mais acentuada na América Latina que nos Estados Unidos. Ele observou que os argentinos rotulavam um dos seus adversários de ´filhos de Pinochet´, enquanto motivavam a sua equipe na partida disputada contra o Brasil aos gritos de ´abaixo os negros sujos do Brasil´. Os torcedores chilenos, no prélio contra a Bolívia, vociferavam que nenhum país com o nível igual ao de Uganda poderia derrotar a sua equipe. Os bolivianos, por sua vez, também insistiam no repúdio ao militarismo dos chilenos. Em 2005, tivemos a oportunidade de assistir a uma partida semifinal da Copa Libertadores da América, disputada em Buenos Aires, entre o River Plate e o São Paulo. Antes do início da partida, torcedores do time argentino, que por caminhos certamente tortuosos conseguiram contrabandear uma carga de bananas para o interior do Estádio Monumental de Nuñez, se aproximavam do local onde estava concentrada a torcida tricolor e enquanto dancavam e faziam piruetas e outras macaquices, lançavam a carga de bananas por cima do alambrado em direção aos brasileiros. Penso que passados um pouco mais de dez anos, o senhor Sims deve ter reavaliado os seus conceitos. Claro que os estereótipos ainda vivem na América Latina. Da mesma forma que ainda sobrevivem nos quatro cantos desse mundo redondo.

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