Sim, nós temos Pelé; eles se contentam com Maradona. Este post é a propósito da música La vida es tombola, do último e excepcional disco do cantor francês/espanhol/catalão/brasileiro/latino-americano e anti-Bush Manu Chao.
Se yo fuera Maradona,
viviria como él.
Maradona, um mito de carne e osso, ainda vive, e intensamente, entre los hermanos argentinos. Suas jogadas excepcionais são freqüentemente lembradas. Em qualquer uma das inúmeras livrarias de Buenos Aires é possível encontrar muitos livros sobre o ídolo, inclusive um, onipresente, no qual é reproduzido, em cada uma das páginas, quadro a quadro, as imagens do gol contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986, considerado pelos argentinos, assim como por este que escreve, como o mais bonito de todas as copas.
Se yo fuera Maradona,
frente a cualquier porteria,
Goleiros nunca foram problemas para Maradona. A cada internamento, um país inteiro de plantão, na porta do hospital a orar e chorar pelo ídolo e quando todos esperam o pior, eis que El Pibe cola a bola na perna esquerda e driblando quantos brutamontes zagueiros apareçam na frente, o porteiro e aquela de quem ningués escapa, arruma as malas, encontra um caminho e vai bater um animado papo com o velho camarada Fidel.
Se yo fuera Maradona
nunca m´equivocaría.
Pelé é um ícone, conhecido em todo o redondo mundo; ninguém sabe, no entanto, o que ele fez ontem ou está fazendo hoje, nem se está no Brasil ou se está lá fora. Pelé é um cidadão do mundo, quase nunca erra… quer dizer, desde que não fale de política. Maradona, também é um cidadão do mundo, claro, mas de vez em quando comete uns deslizes. E você, se fosse Maradona, nunca se equivocaria?
Música composta por Sinhô, em 1927, Não quero saber mais dela, evidencia que o estereótipo do português como um grande apreciador das mulatas não é recente.
Um estudo publicado por McIntyre, Paulson e Lord (2003) evidencia como a forma de apresentação dos conteúdos interfere na organização, evocação e elaboração das respostas dos participantes de um experimento psicológico. Trata-se de um experimento no qual os autores submetem a teste uma das possíveis alternativas de ação capaz de proporcionar uma redução da ameaça dos estereótipos. Este conceito se refere a uma queda flagrante no desempenho de uma pessoa em um determinado domínio de atividades quando ela sabe que está sendo julgada e que é membro de um grupo sob o qual paira no ar uma ameaça de que os membros do grupo ao qual pertence não costumam apresentar um bom desempenho naquele domínio (Pereira, 2004). Um dos estereótipos mais duradouros, injustificados e perniciosos se refere a uma certa incapacidade das mulheres no domínio dos conceitos e das operações matemáticas. Esta é uma ameaça que pesa sob as mulheres e os estudos sobre a ameaça dos estereótipos demonstram de forma consistente que a queda no desempenho ocorre apenas nas circunstâncias em que as mulheres são submetidas a algum tipo de ameaça, como por exemplo, quando um experimentador do sexo masculino enfatiza que o desempenho delas no teste é significativamente mais reduzido do que o apresentado pelos homens e pede que respondam a uma série de testes de matemática extremamente difíceis em um ambiente onde estão presentes muitos homens, tão hábeis quanto elas neste domínio.
No estudo dois grupos de mulheres foram alocados a condições experimentais distintas. Antes do início do teste, as participantes de um grupo tiveram acesso, mediante uma tarefa de leitura, a uma série de informações a respeito de corporações de grande sucesso e das estratégias que elas adotaram para chegar ao topo do mundo dos negócios. A leitura facilitada aos membros do outro grupo também se referia ao sucesso, mas desta vez a referência não era a corporações, mas sim a mulheres que conseguiram se sobressair em áreas extremamente competitivas, tais como os negócios, o direito, a medicina e às invenções. Os resultados do estudo demonstraram, de forma clara, que a saliência das realizações do grupo é uma alternativa aceitável para a redução da ameaça dos estereótipos, pois se no grupo das mulheres em que a informação oferecida relacionou-se com o sucesso das corporações os resultados das mulheres submetidos à ameaça dos estereótipos foi flagrantemente inferior aos obtidos pelos homens, na outra condição não foram encontradas diferenças significativas nos resultados de homens e mulheres.
Fontes:
McIntire, R., Paulson, R. e Lord, C. (2003). Alleviating women’s mathematics stereotype threat through salience of group achievements. Journal of Experimental Social Psychology, 39, 83-90.
Pereira, M. Introdução à cognição social. Manuscrito em preparação
Artigo do sociólogo Amitai Etzioni no site TPM Cafe analisa o neo-conservadorismo e alguns estereótipos tradicionalmente utilizados nos Estados Unidos e em vários locais do planeta para desqualificar os muçulmanos. Clique aqui para ler a matéria.
Um Alentejano vem a Lisboa e entra num café. Pede uma bica (xícara de café em máquina expresso) e o garçon lhe pergunta:
– O meu amigo é alentejano não é?
– Sou sim, porquê?
– A sua pronúncia…
Danado, o alentejano sai e vai dar uma volta dizendo de si para si que ninguém vai descobrir que é alentejano. Assim, passado um bocado, entra num vistoso estabelecimento e sem pronuncia diz:
– Boa tarde!
– Boa tarde!
– Olhe, traga-me uma cerveja.
– O Sr. é Alentejano, não é?
– Sou si senhore, como é ca descobriu se eu falê sem pronúncia?
– Bem, sabe?! É que isto aqui é um Banco.