Diferentes formas de manifestação dos estereótipos: a dimensão da linguagem

O humor inglês é muito curioso. Neste quadro uma famosa humorista representa uma tradutora numa reunião de executivos de uma multinacional

Endo e exogrupo

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A diferenciação entre endogrupo e exogrupo não apenas contribui para a promoção do preconceito, como também é um elemento decisivo na eclosão de comportamentos discriminatórios. As pessoas tendem a se identificar com os grupos aos quais pertencem, incorporando-os ao seu auto-conceito. Desta forma, elas geralmente avaliam o próprio grupo de uma forma mais positiva, aderindo a uma estratégia que favorece à preservação do auto-conceito. Esta avaliação positiva do próprio grupo é correlata à avaliação negativa dos grupos externos. Esse viés na avaliação do endogrupo e do exogrupo parece ser um componente fundamental na constituição da identidade social e tende a se manifestar quando ocorre qualquer diferenciação, por mínima que seja, entre o endogrupo e o exogrupo. A explicação para este fenômeno assenta-se na suposição de que as pessoas em geral mantém contatos bem mais intensos com os membros do próprio grupo, o que faz com que desenvolvam uma visão bem mais complexa a respeito dos que grupos em que transitam do que sobre os grupos externos. Assim, quando é requerido um julgamento de uma situação em que estejam envolvidos membros dos próprio grupo, ele tende a ser bem mais moderado, pois as informações novas porventura presentes são consideradas apenas após uma cuidadosa comparação com os aspectos positivos e negativos do comportamento inerentes aos membros do próprio grupo. No caso dos grupos externos, os contatos são bem mais reduzidos e, conseqüentemente, a representação disponível sobre o grupo ou sobre os membros do grupo tende a ser menos complexa, o que propicia a formulação de julgamentos mais extremados. Nesse caso, as informações novas exercem um efeito bem mais poderoso, uma vez que as informações anteriores a respeito do grupo externo são menos circunstanciadas e a avaliação tende a ser realizada de acordo com a representação estereotipada que se possui do exogrupo.

Fonte: Stephen, Walter (1985). Intergroup relations. Em G. Lindzey & E. Aronson. Handbook of social psychology. New York: Randon House.

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O estudos dos estereótipos: algumas noções fundamentais

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– as crenças desempenham um importante papel na manifestação dos comportamentos sociais e coletivos;
– em toda cultura é possível identificar um conjunto de crenças compartilhadas por um número substancial de pessoas;
– uma crença é coletiva quando uma infinidade de exemplares da mesma encontra-se em circulação, embora cada um desses exemplares seja ligeiramente diferente dos demais;
– uma parte substancial dessas crenças coletivas se refere a outros grupos nacionais, regionais ou étnicos;
– a base cognitiva das crenças sobre os membros de outros grupos assenta-se sobre um conjunto de representações estereotipadas;
– os estereótipos étnicos e nacionais podem ser explicados a partir de uma série de fatores psicológicos, psicossociológicos ou sociais;
– fatores psicológicos como a atenção, a codificação e a busca da informação presente na memória, assim como os fatores vinculados à afetividade impelem a uma avaliação por demais genérica dos grupos externos;
– alguns mecanismos psicológicos trabalham no sentido de fixar a crença de que os membros do grupo externo são todos iguais;
– outros mecanismos psicológicos se encarregam de destituir a importância das informações capazes de levar à reavaliação dos grupos externos;
– se algo indesejado ou negativamente avaliado ocorre, as pessoas tendem a apontar os grupos externos como a causa destas dificuldades;
– as pessoas sempre encontram justificativas para os atos que perpetraram ou que tiveram a intenção de promover contra membros do grupo externo;
– as pessoas tendem a avaliar as pessoas de seu grupo de uma forma bem positiva do que àquelas que pertencem aos grupos externos;
– em decorrência desse viés na avaliação dos grupos, geralmente é difícil evitar a adoção de comportamentos ou ações estereotipadas.

Fonte Pereira, M. E. (1996) Humor e estereótipos étnicos no ciberespaço.

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Alusão depreciativa aos estrangeiros: uma anedota étnica como exemplo

Há alguns anos atrás um informante português nos relatou uma curiosa anedota. A estrutura da piada é comum ao estilo de um sem número de outras anedotas étnicas e o humor se fundamenta no contraste entre as concepções estereotipadas a respeito de algumas categorias sociais. Uma das formas mais usuais de construção das anedotas étnicas é introduzir um contexto no qual personagens de duas ou mais etnias, nacionalidades, raças ou gênero etc são colocadas em uma mesma situação e a maneira pela qual cada um se defronta com a mesma sugere os estereótipos subjacentes ao grupo.

Num encontro entre Brejnev e Nixon, nos Estados Unidos, o presidente dos EUA mostra a Brejnev a sua coleção de automóveis. Uma enorme coleção com automóveis de todas as marcas famosas desde os mais antigos ate aos modernos. Brejnev fica impressionado.
– E o Sr. presidente, colecciona alguma coisa ? – pergunta-lhe Nixon.
– Ah, nada de especial, colecciono anedotas
– Anedotas ?
– Sim, anedotas que as pessoas contam sobre mim.
– Oh, interessante ! E quantas é que já coleccionou ?
– Dois campos de concentração.

Os estereótipos e a estereotipização

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Quão inevitável é categorizar?

Fazer julgamentos estereotipados não é prerrogativa de nenhum tipo de pessoa. Não é necessário ser insano, reacionário ou um hipócrita empedernido para categorizar as pessoas. Como diria um velho filósofo, julgar os outros mediante o uso de categorias é uma coisa humana, demasiadamente humana.

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