Resenha: Comunicação e cognição

Contribuição: Elva Valle

Comunicação e cognição: os efeitos da propaganda contra-intuitiva no deslocamento de crenças e estereótipos

O artigo traz resumidamente um estudo de teorias de psicologia social sobre os estereótipos, processos controlados e automáticos; abordando também estudos de audiência, com o objetivo de analisar o efeito da propaganda contra-intuitiva na redução de estereótipos e preconceitos. Possui uma estrutura dividida em cinco tópicos distintos (introdução, alguns conceitos relevantes, processos automáticos e controlados, considerações finais e referências) distribuída no total de onze páginas.
O autor, Francisco Leite, na publicação deste artigo, era bacharel em Comunicação Social (publicidade e propaganda) pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo, e mestrando do Programa de Pós Graduação em Ciências da Comunicação da USP, na área de Interfaces Sociais da Comunicação.
Na introdução tempos a definição do termo “propaganda contra-intuitiva” adotado por Peter Fry que tenta abarcar as comunicações publicitárias que rompem com antigos estereótipos, ao colocar membros target em posições prestigiadas, ou seja, recebe o destaque do enredo, alcançando o papel de protagonista. E com isso procura provocar a audiência, deslocar suas percepções e opiniões sobre indivíduos estereotipados.
A força da propaganda, para Ilana Strozenberg, pode reforçar preconceitos ou promover novos valores. O papel influenciador da publicidade foi estudado diversas vezes, e neste artigo cita como exemplos a propaganda “educativa”, que ensinou a sociedade a consumir e conviver com novas tecnologias como sabonete, geladeira, microondas, entre outros produtos. “A propaganda pela sua base estratégica de sempre renovar seu discurso de sedução, capta tendências e as disseminam de forma pioneira contribuindo para a construção de novos reflexos sociais e culturais” e “pode ser identificada pela sua proposta de estimular o processo de dissociação de antigos estereótipos negativos fixados na memória implícita e explícita dos indivíduos” (p 132, 2008).
Ou seja, através da exposição contínua (considerando-se também a força da justificativa) seria possível o processo de “deslocamento cognitivo” da audiência (seja ela de tv, rádio, cinema, internet, revista, mídias exteriores etc.) em relação a estereótipos; uma produção de sentido “reverso”.
O segundo tópico aborda e discute conceitos relevantes para o autor do artigo, como questões de aprendizagem, cognição, estereótipos, crenças, categorização, preconceitos sociais, e comportamento. As crenças se originam nas experiências pessoais, são formadas por associações e seriam o que se aprende na infância e adota-se como verdade. Sendo aprendidas nas relações sociais e nos meios de comunicação. Quando as crenças são compartilhadas seria o caso da opinião pública e estereótipos sociais. Francisco Leite cita qual seria a caracterização dos estereótipos para doutor prof. pesquisador Marcos Pereira “artefatos humanos socialmente construídos, transmitidos (…) e reforçados pelos meios de comunicação, que são capazes de alterar as impressões sobre os grupos em vários sentidos” (2002, 157).
As atitudes preconceituosas seriam o resultado da combinação de estereótipos negativos e crenças pessoais. Preconceitos seriam atitudes racionais e emocionais injustas derivadas de estereótipos. A avaliação de um objeto pode ser realizada por três componentes: cognitivo (estruturas informativas que formam a opinião sobre determinado objeto); afetivo (sentimento a favor ou contra determinado objeto); e comportamental (a relação entre cognição e afeto que determinará determinada atitude em relação ao objeto em determinadas situações contextuais).
O terceiro tópico retrata os processos automáticos e controlados. Os processos automáticos seriam ações mentais involuntárias, incontroladas e não intencionais. Os controlados seriam intencionais, controláveis e precisariam de esforço adicional. Levando isso em consideração, as propagandas contra-intuitivas poderiam ter o efeito ricochete, ou seja, o resultado das comunicações dependeriam do reflexo das justificativas das mensagens nas crenças individuais.
As considerações finais falam que o discurso das comunicações contra-intuitivas se respalda na multiplicidade identitária sociocultural. O autor comenta que não pretende afirmar que esse tipo de propaganda vai promover no indivíduo o “controle, supressão e dissociação de seus pensamentos estereotípicos”, mas poderia significar uma ferramenta importante na promoção de debates na sociedade que influenciem atitudes e opiniões, “que desencoraje e diminua o preconceito essencialista”.
As considerações finais comentam o papel da comunicação social na esfera social, como influenciador e “(trans)formador” de opinião, e a isso deve ser dar mais atenção, em especial um olhar críticos nas propagandas atuais.
Não há muitas dúvidas em relação ao papel influenciador dos meios de comunicação, tanto para convencer, propagar e vender, como para educar, conscientizar, e difundir novos conceitos. A relação psicologia social e comunicação se torna então fundamental. Já se foi discutido a definição de estereótipos (ou seja, crenças compartilhadas), categorização (atividade “natural” do ser humano) e preconceito (atitudes negativas em relação a grupos estereotipizados); assim como o papel da propaganda na propagação de conceitos sobre determinados grupos minoritários, mas acredito que mais exemplos sobre o tema poderiam ser abordados.
Temos o exemplo da propaganda das Havaianas, em que uma avó conversa com sua neta num restaurante, reclamando dela estar usando as sandálias; e logo em seguida fala de algum rapaz sentado próximos a elas, elogiando, e diz a frase “só para sexo mesmo”. Essa propaganda gerou muita discussão, e acabou sendo banida da TV, mas também gerou muitas discussões positivas, ou seja, que aprovavam o comercial, e então ele continuou disponível na Internet. Ela rompia com o estereótipo de idosos antiquados, “quadrados”, trazendo uma vovó “moderninha”.
Ou seja, além do efeito ricochete, poderia também se considerar a não aceitação de propaganda com contra-estereótipos. Também é necessária uma discussão sobre a utilização de protótipos versus estereótipos nas veiculações publicitárias. E de modo geral, o artigo é de fácil leitura, abordou conceituações teóricas importantes, e se posicionou de forma clara. Ele mostra primeiros passos em direção a discussão desse tema.

Leite, F. Comunicação e cognição: os efeitos da propaganda contra-intuitiva no deslocamento de crenças e estereótipos. Ciência & Cognição, 13,1, 131-141, 2008. Disponível em: http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v13/m318223.pdf, último acesso em 22 de outubro de 2011.

Artigo publicado: Understanding Immigrants’ Experiences: Reflections on Ken Dion’s Research Contributions

Título: Understanding Immigrants’ Experiences: Reflections on Ken Dion’s Research Contributions

Autora: Karen Kisiel Dion

Periódico: Journal of Social Issues, 66, 4, 648-652

Abstract: clique aqui

This article focuses on Ken Dion’s contributions to a central issue for understanding the psychology of immigration: namely, intergroup relations and immigrants’ experiences. Immigrants face many challenges, including the experience of prejudice and discrimination directed toward them by others already residing in the society to which they have immigrated. Ken’s research focused on the perspective of those who are the targets of discrimination. After briefly describing his early seminal work on the social psychology of reported discrimination, his later contributions to this area are discussed, in particular, his involvement in interdisciplinary collaborative research pertaining to immigration which provided unique opportunities to further develop and test his ideas.

Artigo publicado: How Ideological Attitudes Predict Host Society Members’ Attitudes toward Immigrants

Título: How Ideological Attitudes Predict Host Society Members’ Attitudes toward Immigrants

Autores: Roberto González, David Sirlopú and Thomas Kessler

Periódico: Journal of Social Issues, 66, 4, 803-824

Abstract: clique aqui

A special Latin American acculturative context is currently developing in Chile in which native Chileans have contact with several immigrant groups, particularly newcomers from Peru. This study examines several intergroup variables including contact, national and Latino American identities, group distinctiveness, realistic threat, intergroup anxiety, and acculturation preferences as predictors of prejudice on the part of both Chilean natives and Peruvian immigrants. Three hundred Peruvian immigrants (194 females and 106 males) and 300 Chileans (199 females and 101 males) participated in the study. Acculturation preferences, perceived group distinctiveness, and especially intergroup contact were shown to be important predictors of prejudice toward out-group members. Intergroup anxiety and realistic threat mediated some of these effects. The pattern of these results also varied as a function of nationality. Theoretical as well as practical implications for further research are discussed.

Artigo publicado: Explanations without causes and causes without reasons

Título: Explanations without causes and causes without reasons

Autores: Hudson Meadwell

Periódico: Social Science Information 2010;49 539-562

Abstract: clique aqui

Action is a central category in the social sciences. It is also commonplace to assume that the social world has a causal structure. Yet standard ways of specifying causal relations in social science lack explanatory force when the subject matter is intentional action. The present article considers this problem. The metaphysics of action are distinguished from the metaphysics of intentional action, and it is argued that the former forces an implausible unity on the actions of inanimate nature and of rational agents. Agency in the metaphysics of action adds nothing to state-variable causation. Agency in the metaphysics of intentional action, in contrast, is argued to have a different structure, not reducible to state-variable causation. Work on endogenous choice in social science suggests that the concept of agency that is on view in literature on selection effects and social generation implies the metaphysics of intentional action. Recent research in the philosophy of action is considered in order to specify the structure of intentional action and the force of intentional explanations.

Artigo publicado: How Do We Assign Punishment?

Título: How Do We Assign Punishment? The Impact of Minimal and Maximal Standards on the Evaluation of Deviants

Autores: E. Thomas Kessler, Jörg Neumann, Amélie Mummendey, Anne Berthold, Thomas Schubert, and Sven Waldzus

Periódico: Personality and Social Psychology Bulletin 2010;36 1213-1224

Resumo: http://psp.sagepub.com/cgi/content/abstract/36/9/1213

Artigo publicado: Routes to Positive Interracial Interactions

Título: Routes to Positive Interracial Interactions: Approaching Egalitarianism or Avoiding Prejudice

Autores: E. Ashby Plant, Patricia G. Devine, and Michelle B. Peruche

Periódico: Personality and Social Psychology Bulletin 2010;36 1135-1147

Resumo: http://psp.sagepub.com/cgi/content/abstract/36/9/1135

Artigo publicado: Measuring Labor Market Discrimination

Título: Measuring Labor Market Discrimination: An Overview of Methods and Their Characteristics

Autor: Justus Veenman

Periódico: American Behavioral Scientist 2010;53 1806-1823

Resumo: http://abs.sagepub.com/cgi/content/abstract/53/12/1806

Differentialist and Universalist Antidiscrimination Policies on the Ground

Título: Differentialist and Universalist Antidiscrimination Policies on the Ground: How Far They Succeed, Why They Fail: A Comparison Between Britain and France

Autor: Valérie Sala Pala

Periódico: American Behavioral Scientist 2010;53 1763-1787

Resumo: http://abs.sagepub.com/cgi/content/abstract/53/12/1788

Artigo publicado: Religious Discrimination and Religious Governance Across Secular and Islamic Countries

Título: Religious Discrimination and Religious Governance Across Secular and Islamic Countries: France and Indonesia as Limiting Cases

Autores: John R. Bowen

Periódico: American Behavioral Scientist 2010;53 1749-1762

Resumo: http://abs.sagepub.com/cgi/content/abstract/53/12/1749

Artigo publicado: The Hollow Legal Shell of European Race Discrimination Policy: The EC Race Directive

Título: The Hollow Legal Shell of European Race Discrimination Policy: The EC Race Directive

Autores: Luke Mason

Periódico: American Behavioral Scientist 2010;53 1731-1748

Resumo: http://abs.sagepub.com/cgi/content/abstract/53/12/1731

%d blogueiros gostam disto: