Resenha: a expressão das formas indiretas de racismo na infância

Contribuição: Gilcimar Dantas

Estudos que analisam preconceitos em crianças afirmam que estas se tornam menos preconceituosas após os sete anos de idade a partir do amadurecimento de estruturas cognitivas já existentes. Entretanto, há uma contradição entre a diminuição do preconceito a partir do sete anos de idade e atitude preconceituosas dessas mesmas pessoas quando adultas. Sendo assim, em contraposição à abordagem cognitiva do desenvolvimento, França e Monteiro buscam demonstrar, por meio de uma pesquisa realizada em escolas públicas e privadas do Brasil, que a expressão do preconceito não diminui, mas apenas modifica a sua forma de se manifestar tornando-se menos direta. Para tanto, foram realizados três estudos no intuito de avaliar o efeito da saliência nas formas de expressão de racismo na infância e o processo de socialização da norma anti-racista em dois grupos de idade – crianças entre cinco e sete nãos e entre oito e dez anos. No primeiro estudo procurou-se investigar as formas indiretas de racismo em contextos aonde a discriminação poderia ser justificável e em outro no qual a discriminação não poderia ser justificável nos dois grupos de idade. As crianças foram entrevistadas individualmente, tendo como estímulo fotografias de crianças negras e brancas, e ainda quatro pequenos tijolos e seis doces de brinquedo. Durante a entrevista, era contada à criança uma história a qual ela estava querendo construir uma casa (para as meninas) ou uma garagem de brinquedo (para os meninos) e que seria necessária a ajuda de crianças que ganhariam doces como recompensas. Os tijolos eram usados para representar o quanto cada criança da fotografia, branca ou negra, havia carregado. Numa situação o alvo branco carregava mais que o alvo negro e numa outra o alvo negro carregava mais que o alvo branco, sendo que após o somatório final, ambos tinham carregado a mesma quantidade de tijolos. Os resultados indicaram que no contexto em que se justificava a discriminação as crianças mais novas recompensavam mais o branco, ao passo que as mais velhas eram igualitárias. Já no contexto em que a discriminação não era justificada ambos os grupos recompensavam mais o branco. No segundo estudo foi utilizada uma entrevistadora negra a fim de manipular um contexto onde uma norma anti-racista estivesse muito ou pouco saliente. Este estudo teve como objetivo verificar se a presença da entrevistadora negra influenciaria na expressão do racismo entre os dois grupos de idade. As crianças foram abordadas em sala de aula tendo sido entrevistadas individualmente. A entrevistadora contava uma história de duas crianças, uma negra e uma branca, que precisavam de contribuições para comprar bicicletas. Havia diante dos entrevistados dois mealheiros, trancados com cadeado, um com a foto da criança negra e outro com a da criança branca, aonde os entrevistados colocariam as suas contribuições (cédulas de brinquedo de um real) na quantia que desejassem. Os resultados desse estudo indicaram que houve discriminação do alvo negro por parte das crianças, sendo que quando a entrevistadora estava presente as crianças entre dez e oito anos contribuíam de maneira igualitária ao contrário do que faziam quando a entrevistadora não estava. Por outro lado, as crianças entre cinco e sete anos contribuíam menos à criança negra estando a entrevistadora na sala de aula ou não. Partindo do pressuposto de que a prática do racismo sutil está ligada às pressões da norma anti-racista, o terceiro estudo teve como objetivo verificar a partir de que idade as crianças interiorizavam essa norma através dos adultos. Participaram dessa pesquisa quinze crianças brancas e quinze mães também brancas. Neste trabalho foi utilizada uma lista com onze grupos (negros, pessoas racistas, homossexuais, índios, portadores do vírus da AIDS, motoristas barbeiros, cegos, pessoas feias, racistas, gordas, sujas e políticos) sobre os quais as crianças eram solicitadas a dizerem através de uma escala, que variava entre 1 (muito), 2 (talvez) e 3 (nada) o quanto gostavam de cada pessoa pertencente aos grupos listados. Lembrando que as escalas só foram aplicadas em crianças que foi verificado o seu conhecimento sobre o significado de cada um dos grupos listados. As mães, por sua vez, respondiam a uma escala que se referiam a esses mesmos onze grupos, que variava entre 1 (não está certo ter sentimentos negativos em relação a esse grupo), 2 (talvez esteja certo) e 3 (está certo ter sentimentos negativos em relação a esse grupo). Os resultados deste estudo demonstraram que os grupos alvo de preconceito por parte das mães foram políticos, pessoas racistas e homossexuais. As crianças entre cinco e sete anos se diferenciaram de suas mães apresentando preconceito relativo ao grupo dos negros enquanto que entre as crianças de dez a oito anos não houve essa diferenciação. Ou seja, elas não apresentaram preconceito contra negros, assim como fizeram as suas mães. Os resultados dessa pesquisa põem em questão a afirmação meramente cognitivista de que as crianças, ao se tornarem mais velhas, por já terem atingido a fase da descentração, seriam capazes de perceber a diferenciação no interior de cada categoria levando-as a agirem de maneira menos estereotipada. Para as autoras, a grande causa para esse tipo de comportamento seria a interiorização das normas sociais do racismo sutil e a capacidade de geri-las de acordo com o contexto. Não se pode esquecer também, que como se trata de uma pesquisa realizada em escolas brasileiras, não se deve perder de vista, também, os efeitos da democracia racial na qual a expressão do racismo se dá de maneira velada e cordial indo para além da interiorização de normas sociais anti-racistas por questões politicamente corretas. No Brasil, a expressão do racismo se torna sutil no intuito de “demonstrar” que todos os brasileiros são iguais racialmente e de que não há necessidade de se buscar mudanças sociais nesse campo. Referência França, D. X. e Monteiro, M. B. (2004). A expressão das formas indiretas de racismo na infância. Análise Psicológica. Vol. 4 (22): 705-720.

Resenha: O saber e a prevenção no trabalho e na vida: representações de profissionais de saúde que trabalham com HIV/AIDS

Luzia Mascarenhas de Almeida

Desde o início da década de 1990 há uma preocupação no que tange o descompasso entre o avanço da epidemia da Aids e as perspectivas relativas à descoberta de uma vacina ou à cura da doença. No intuito de interromper a transmissão do HIV e, consequentemente, diminuir o número de pessoas infectadas, algumas medidas importantes são a orientação e o fomento ao uso do preservativo. Assim, ter-se-ia uma mudança de comportamento à medida que fosse adotado o sexo seguro. Mas, segundo Andrade & Tanaka, essa relação tem se mostrado tênue, porque apesar da população possuir um bom nível de informação com relação à Aids e reconhecer a necessidade do uso do preservativo, as práticas sexuais de risco continuam a acontecer.
Mais do que a população em geral, os profissionais de saúde que trabalham com HIV/Aids detêm um conhecimento diferenciado sobre as questões que envolvem o risco frente à Aids e os cânones do sexo seguro, uma vez que, são difusores de comportamentos considerados como desejáveis, buscando fazer com que sua ação educativa resulte na adesão a eles. No entanto, esses profissionais tem se deparado com os números crescentes de casos de Aids, inclusive casos registrados dentro dessa própria classe de profissionais, mostrando que as mudanças comportamentais desejadas não têm ocorrido nem mesmo entre as pessoas que trabalham com HIV/Aids. A partir dessa constatação, buscou-se conhecer as representações de profissionais de saúde que desenvolvem atividades em HIV/Aids sobre sua prática profissional, buscando investigar como e em que medida o saber sobre Aids e a prática profissional provocaram repercussões no seu comportamento sexual.
Tal pesquisa foi realizada nos Serviços Ambulatoriais Especializados em HIV/Aids em três cidades de Mato Grosso do Sul: Campo Grande, Aquidauana e Dourados. Estes serviços atendem exclusivamente portadores do vírus HIV e doentes de Aids. E ainda, comportam profissionais capacitados de forma diferenciada para o trabalho com a clientela específica.
Foram escolhidas quatro categorias de profissionais, agrupadas da seguinte maneira: três médicos e três enfermeiros (estabelecem com os pacientes relações em que prevalecem a proximidade corporal e a manipulação de fluidos biológicos). E ainda, três psicólogos e três assistentes sociais (estabelecem relações essencialmente verbais com os pacientes).
A coleta de dados se fez por meio de entrevistas individuais semi-estruturadas, constituídas por dois blocos:
– História profissional em relação à Aids;
– Representações atinentes à relação entre o saber e a prática profissional e a vida pessoal, notadamente no que diz respeito às práticas sexuais de risco.
Na análise dos dados, fez-se a leitura flutuante de todas as entrevistas, numa pré-análise. Em seguida, foram constituídos os dois “corpus” comunicacionais. Houve, ainda, o agrupamento segundo o sexo, para a verificação de possíveis diferenças que pudessem ser consideradas significativas, notadamente no que diz respeito às questões de gênero. Os eixos compostos pelos dois blocos da entrevista se constituíram nas unidades temáticas. Por fim, houve a reconstrução do discurso do sujeito coletivo, numa síntese do significado e valor que tem a questão do saber e da prática profissional na vida pessoal, e os argumentos explicativos para as representações dos entrevistados.
Com relação aos resultados e discussão, são abordados alguns pontos, tais como: a inserção profissional no trabalho com HIV/Aids; Pontos fortes encontrados pelos profissionais, como o trabalho em equipe e a proposta diferenciada de atendimento, não só em relação ao leque de possibilidades de atuação multiprofissional, como também em relação à qualidade da assistência oferecida. E ainda, o significado de trabalhar com AIDS; Os limites entre o papel profissional e os sentimentos e emoções pessoais, que são fluidos, quando se trata de HIV/AIDS; O grande envolvimento dos profissionais com o trabalho no Serviço Ambulatorial Especializado. Além disso, foi questionado onde os profissionais de saúde que trabalham com HIV/AIDS vivenciam mais riscos, se no desenvolvimento de suas atividades de trabalho ou se na vida pessoal.
De modo geral, todos se sentem protegidos no ambiente profissional, porque conhecem e praticam as normas de segurança e fazem uso de EPI. Com relação à vida pessoal, os profissionais não se protegem porque estão em relacionamentos estáveis, como se isso fosse alguma garantia. Atualmente, não se fala mais em grupos de risco e sim em situação de risco. As pessoas que têm relações sexuais, mesmo em relacionamentos estáveis, experimentam uma situação de risco.
Considerando o saber diferenciado e a prática profissional dessas pessoas, esse argumento é desmontado, não tendo uma lógica racional. Vale ressaltar que no tocante aos riscos, não há distinção entre as representações de profissionais que manipulam fluidos biológicos e as dos profissionais que, basicamente, estabelecem relações verbais com os pacientes.
Em seguida, os autores buscam explicações, nas entrevistas realizadas, no sentido de entender o porquê do saber não mudar a prática comportamental dos profissionais que trabalham com HIV/AIDS. Várias questões foram evidenciadas, como a fidelidade implícita nos relacionamentos; a confiança no parceiro; e ainda, as questões de gênero.
As representações de homens e mulheres apontam para a direção do poder como sendo inerente ao homem: poder para decidir quando e com quem usar o preservativo. Segundo Andrade & Tanaka, no entanto, essas explicações contêm uma racionalidade cuja lógica é frágil e não se sustenta frente às argumentações. Assim, o discurso e a prática profissional são discrepantes daquilo que se aplica à vida sexual dos profissionais que trabalham com HIV/AIDS. Vida essa que está impregnada por aspectos culturais, refletindo valores fundamentais da nossa sociedade. Para que o saber implique em mudança de comportamento, no sentido do sexo seguro, no que tange esses profissionais, faz-se necessário uma intervenção no cotidiano. Faz-se necessário perceber que a vida cotidiana é a vida do indivíduo e esta não está fora da história e da cultura.

Referência: Andrade, S. M. O. e Tanaka, O. Y. (2002). O saber e a prevenção no trabalho e na vida: representações de profissionais de saúde que trabalham com HIV/ Aids. Psicologia: Ciência e Profissão. Vol. 22 (2).

Resenha: Estereótipos sobre idosos: uma representação gerontofóbica

Elisa Maria Araújo

O artigo “Estereótipos sobre idosos: uma representação gerontofóbica” aborda a discussão sobre o uso primordial dos estereótipos para a percepção de outros seres humanos. Define os estereótipos como uma percepção extremamente simplificada, que se caracteriza por ser um modelo lógico para resolver uma contradição da vida cotidiana. Martins e Rodrigues (2004) introduzem, no entanto, que os estereótipos contribuem para o não reconhecimento da unicidade do indivíduo, e conseqüentemente, para o despotismo em determinadas situações. Por se tratar de um constructo categorial, generalizador, estável e definidor de um grupo social, o artigo apresenta que a literatura científica sobre os estereótipos é prolixa.

Dentro dos estudos apresentados neste presente trabalho, há a vertente que entende que os estereótipos são pré-concepções rígidas, podendo ser falsas e irracionais. Dentre os diversos domínios da vida social em que os estereótipos são utilizados, este artigo se volta a analisar os estereótipos que envolvem os idosos. Neste caso, a valorização dos estereótipos sobre a velhice gera uma representação social gerontofóbica. Isso acontece quando o fenômeno de envelhecer passa a ser tratado como prejudicial, de menor utilidade ou associado à incapacidade funcional. De acordo com Nogueira (1996, apud Martins e Rodrigues, 2004), os preconceitos envolvem geralmente crenças, de que o envelhecimento torna as pessoas senis, inativas, fracas e inúteis. O desenvolvimento de rejeição e rotulagem de um grupo, em particular de indivíduos, ocorre porque as características individuais com traços negativos são atribuídas a todos os indivíduos desse grupo.

O artigo utiliza a palavra “velhote”, que descreve os sentimentos ou preconceitos resultantes de micro-concepções e dos “mitos” acerca dos idosos, como forma de exemplificar os estereótipos que se referem aos idosos. Da mesma maneira, a velhice remete a uma representação de uma doença incurável, como um declínio inevitável, que está votado ao fracasso. Este estereótipo tornou-se tão socialmente aceito que Louise Berger (1995, apud Martins e Rodrigues, 2004) afirma que abundam hoje “idéias feitas e preconceitos relativamente à velhice. Os ‘velhos’ de hoje, os ‘gastos’, os ‘enrugados’ cometeram a asneira de envelhecer numa cultura que deifica a juventude”.

Em seguida, as autoras reservam um espaço do trabalho para fazer esclarecimentos específicos sobre os conceitos de atitudes, crenças e estereótipos. De forma sucinta, objetiva e pouco embasada em autores e estudos anteriores, elas definem atitude como sendo “conjunto de juízos que se desenvolvem a partir das nossas experiências e da informação que possuímos das pessoas ou grupos”, podendo ser favorável ou desfavorável, além de exercer influência nos comportamentos. Além disso, definem crença como “um conjunto de informações sobre um assunto ou pessoas, determinante das nossas intenções e comportamentos, formando-se a partir das informações que recebemos”. Como exemplo, as autoras se utilizam da “idéia” de que todos os idosos são sensatos, dóceis e nunca se zangam. E por fim, conceitualizam estereótipo como sendo uma imagem mental muito simplificada que é partilhada, nas suas características essenciais por um grande número de pessoas. Seria um “chavão”, uma opinião feita, uma generalização e simplificação de crenças, podendo ser de natureza positiva ou negativa. A idéia de que todos os idosos são prudentes seria um exemplo de um estereótipo positivo, na qual são atribuídas características positivas ao grupo; e ao contrário, a crença de que os idosos são senis, representa uma forma de estereótipo negativo.

Baseando-se em estudo da Universidade de Montreal por Champagne e Frennet (cit. por DINIS, 1997, apud Martins e Rodrigues, 2004), o artigo identifica quatorze estereótipos considerados como os mais freqüentes relativos aos idosos. Importante ressaltar, que o artigo não faz nenhum comentário sobre como se deu este estudo, com quem foi realizado e quando aconteceu, e isso se mostra uma grande limitação do artigo em discussão. Simplesmente apresenta os resultados, analisando-os superficialmente.

Dentre os estereótipos mais freqüentes, a maioria destes não tem relação a características específicas do envelhecimento, mas sim a traços da personalidade e a fatores socioeconômicos. Como estereótipos mais freqüentes, foram encontrados que: os idosos não são sociáveis e não gostam de se reunir; temem o futuro; são pessoas doentes que tomam muita medicação; fazem raciocínios senis; são muito sensíveis e inseguros; não se interessam pela sexualidade; divertem-se e gostam de rir; gostam de jogar às cartas e outros jogos; gostam de conversar e contar as suas recordações; gostam do apoio dos filhos; não se preocupam com a sua aparência; são muito religiosos e praticantes; são frágeis para fazer exercício físico; são na grande maioria pobres.

Este resultado revela que se de um lado os estereótipos simplificam a realidade, por outro, minimizam as diferenças individuais entre os membros de um determinado grupo, o que revela um desconhecimento do processo de envelhecimento. Além disso, a utilização de estereótipos é causa de enorme perturbação nos idosos, uma vez que estes negam o seu processo de crescimento e os impedem de reconhecer as suas potencialidades, de procurar soluções precisas para os seus problemas e de encontrar medidas adequadas.

Por fim, a visão global e generalizada, que caracteriza os estereótipos gerontológicos, distorce a realidade. O artigo conclui sua análise com a reflexão de que investigações diversas sobre esta temática têm demonstrado que a distorção causada pelos estereótipos “cegam” os indivíduos, impedindo-os de se precaverem das diferenças que existem entre os vários membros, não lhe reconhecendo deste modo, qualquer virtude, objeto ou qualidade.

Além disso, o artigo apresenta influências que a enfermagem sofre e que são determinantes para a prática de comportamentos positivos e negativos desses profissionais. De acordo Berger (1995, apud Martins e Rodrigues, 2004), respeito, a reciprocidade e a confiança são exemplos de atitudes positivas que os profissionais de enfermagem podem ter diante das influências do meio e do social; e “automorfirmo social”, “gerontofobia”, “âgismé” e a infantilização ou “bebeísme” são exemplos de atitudes negativas quanto aos idosos. Estas atitudes negativas são respectivamente: o não reconhecimento da unicidade do idoso; o medo irracional de tudo quanto se relaciona com o envelhecimento e com a velhice; todas as formas de discriminação, com base na idade; e simplificação demasiada das atividades sociais e/ou recreativas e pela organização de programas de atividades, que não correspondem às necessidades dos indivíduos.

O artigo termina com a mesma análise superficial com a que começou. Apresenta uma visão geral de como os estereótipos referente aos idosos geram influências na vida dos idosos, e no comportamento das pessoas frente a estas pessoas. Faz reflexões sobre o quanto se perde e se ganha com a utilização dos estereótipos, porém não aprofunda em nenhuma discussão. Durante toda a discussão, faz-se pouca referência a estudos e pesquisas anteriores sobre o tema, o que mostra grande limitação do texto em questão.

Resenha: Martins, R. M. e Rodrigues, M. L. Estereótipos sobre idosos: uma representação social gerontofóbica. Millenium. Revista do ISPV, 29, 249-254, 2004.

Resenha: O silêncio como forma de racismo: a ausência de negros na publicidade brasileira

Luzia Mascarenhas de Almeida

Em 2008, a abolição da escravatura completou 120 anos. No entanto, esse marco histórico pouco foi evidenciado na mídia brasileira.
O artigo em questão teve como objetivo discutir brevemente a mídia e as relações raciais, no entanto, ao contrário da maioria dos trabalhos, não pretendeu falar sobre as imagens e formas de representação do negro, e sim sobre o seu silenciamento, buscando analisar o papel dessa invisibilidade como elemento produtor de sentido.
Desde o período da abolição dos escravos, a elite brasileira vem empreendendo uma severa tentativa de branqueamento da sociedade. Porque, segundo Martins, o negro era o símbolo maior do atraso e da degradação. Era uma ameaça para o Brasil que nascia.
Na produção cultural da época, o discurso racial dos grupos políticos era identificado. A literatura nacional romântica, na sua primeira fase, surge exatamente para negar a existência do negro, quer social, quer esteticamente.
Segundo Martins, todas as imagens que eram associadas ao negro insistiam em caracterizá-lo como ser inferior e incompatível com a “civilização”.
Assim, valorizava-se o biótipo europeu (a pessoa branca) enquanto se
“trabalhava”, de modo disfarçado, para o desaparecimento e estigmatização do componente negro da sociedade, fazendo com que o Brasil criasse um registro branco de si mesmo. Esse registro foi um instrumento de dominação que ultrapassou o século XIX e chegou, remodelado, aos nossos dias.
Em meio ao desenvolvimento das novas tecnologias, a mídia ia assumindo o papel de principal veiculadora de modelos e padrões. Para embasar a discussão sobre o papel da mídia como instrumento de dominação, Martins discorre sobre o livro A Cultura da Mídia de Douglas Kellner.
Em seguida, fala do caso específico do Brasil, onde a questão racial vai ser um dos principais, senão o principal foco de conflitos e disputas. Em nossa sociedade, existe uma segregação que não é positivada em lei, mas que pode ser percebida no imenso abismo social que existe entre brancos e negros. Alguns estudos, como os realizados pelo IPEA, comprovam que os negros não têm acesso igualitário a bens e serviços. E ainda, essa dificuldade de acesso também ocorre no “mercado” de bens simbólicos, ou seja, espaços públicos, arte e, em especial, meios de comunicação (um caso-modelo de reprodução das nossas relações raciais).
No tocante à midia, os negros ocupam posições negativas, subalternas e de segundo plano.
Exceções únicas devem ser feitas aos cenários esportivo e musical, onde ganham projeção e valor.
No universo dos meios de comunicação, a publicidade assume relevância que extrapola sua função primeira de estímulo e incentivo ao consumo. Ela é o mais eficiente vetor de discursos e mensagens simbólicas. Assim, ao difundí-los, a publicidade dará eco aos valores da sociedade que a produziu. Como no Brasil os valores são pautados dentro de uma lógica eurocêntrica que deprecia o que não é espelho, nossos anúncios tendem a reproduzir e legitimar as desigualdades raciais.
Com relação à imagem do negro na publicidade, a partir de pesquisas realizadas, Martins afirma que a publicidade, quando não torna o negro “invisível”, apresenta-o, na maioria das vezes, de modo estereotipado. Os quatro estereótipos geralmente relacionados à pessoa negra são: o trabalhador braçal, figura próxima ao ex-escravo, no qual estão inseridos frentistas, carregadores e empregadas domésticas; o negro divertido e performático; o negro atlético, ao qual está ligada tanto a imagem do desempenho esportivo como a do vigor sexual; e o carente social, negro dependente e despossuído. Tais estereótipos têm como função responder aos fatores ambientais, como nas situações de conflitos grupais e nas diferenças no poder e nos papéis sociais.
No tocante a sua participação na publicidade, pesquisas realizadas em 1994 e 1995, além de uma realizada em 2007, apontam para uma notável invisibilidade do negro na esfera da publicidade.
Em seguida, o autor chega ao ponto primordial do artigo, que é analisar a política de silenciamento (afirmação de algo para apagar, necessariamente, outros sentidos possíveis, mas indesejados) com relação ao negro em nosso país.
Para Martins, a elite brasileira define simbolicamente quais são os lugares do negro dentro da sociedade, permitindo que ocupe determinados espaços dentro de uma cadeia de representações, ao passo que o apaga dos demais.
Existem duas consequências relevantes com relação à política de silenciamento imposta aos negros no Brasil. São elas: a questão da construção da identidade e a naturalização do racismo.
Dessa maneira, o artigo discute questões relacionadas ao negro e a sua inserção na mídia e na publicidade, colocando em foco o racismo que vem se propagando desde o século XIX e que hoje é tido como inconstitucional, no entanto, não deixa de existir de um modo sutil e dissimulado, inclusive nos meios de comunicação. Nesse sentido, faz-se necessário questioná-lo e denunciá-lo

Referência: Martins, C. O silêncio como forma de racismo: a ausência de negros na publicidade brasileira. Interscience Place, 2, 200

Resenha: Música, comportamento social e relações interpessoais

Aílton Alves de Souza

Muitos teóricos se debruçam sobre a questão da música em busca de saber os seus reais efeitos social e fatores relacionais sobre os indivíduos. Apesar de o lingüista Steven Pinker promover suas declarações que poderiam contrariar alguns efeitos benéficos da música, isto veio a suscitar maiores reflexões envolvendo multidisciplinarmente categorias de especialistas num objetivo específico, “a música e seus efeitos”.
Não se pode acreditar que por uma razão geneticista-determinista existisse um gene determinado para a música, assim como também não existe um gene determinado para a homossexualidade e ou a violência, entretanto, elas existem e numa escala acentuada. E como as outras situações, a música existe e continua a exercer o seu papel nas sociedades e nas culturas.
Platão, a alguns séculos antes da era cristã, em sua magnânima sabedoria já dizia: “a música é valiosa não apenas por que cria requintes de sentimento e caráter, mas também por que preserva e restaura a saúde”.
Na antiguidade, nas grandes civilizações, a música era utilizada como uma forma de terapia para cura de enfermidade alem de está presente nos encontros sociais e religiosos. Era extensamente empregado para cura de distúrbios emocionais o que nos trás na contemporaneidade uma clara demonstração de seus efeitos sobre os indivíduos.
Segundo Huron (1999) dentro de uma característica filogenética, a música incrementa uma ambiência e proporciona todo um clima para a aproximação das pessoas em seus encontros amorosos e baseado no mesmo autor, a música exerce alguns efeitos sobre a atração e sobre o desenvolvimento subseqüente das relações interpessoais. Assim, a música, conforme Gregory (1997), é um fenômeno social que vem mantendo suas funções tradicionais e sentidos próprios em diferentes sociedades no decorrer da história.
É sabido que para ocorrer uma relação interpessoal precisa do aparecimento de um atrativo que empurre os indivíduos para um ponto comum de união e que possivelmente deve está extremamente entrelaçado com os processos cognitivos. Não se pode desprezar neste contexto, os valores das atitudes e crenças como forças que podem mover as pessoas para a atração interpessoal. Isto nos trás a idéia de que a atração interpessoal depende do contexto social o que pode ocorrer também com a formação do gosto musical. Por mais díspare que pareça esta comparação, ela trás um ponto de interseção que é a indução e o aflorar de sentimentos.
Diante de seus efeitos, podemos dizer que a música tem a possibilidade de levar o indivíduo a dois extremos diferentes; visualizemos o trio do chiclete com bananas tocando em pleno carnaval na avenida, a música “Cabelo raspadinho” que pode suscitar aos ouvintes num determinado contexto, a adotar comportamentos desviantes que a emoção te solicita. Por outro lado, se ouvirmos a música “Com te Partiró” na interpretação de Andrea Bocelli, certamente teremos outras emoções que não aquelas(e também precisa ser analisado o contexto). Diante disso, dá para se perceber que os sentimentos induzidos pela música têm implicações significativas para o comportamento social (Crozier, 1997), em partes por que gêneros musicais diferentes eliciam graus diferentes de excitação.
Baseado nisso, entende-se que não se devem levantar bandeiras quanto ao gosto musical do indivíduo, pois o senso de “música apropriada” depende de fatores culturais e situacionais, uma vez que as respostas, as percepções e os usos da música são comportamentos aprendidos e previamente determinados por membros de um grupo social (Abeles, Hoffer & Klotman, 1995).
Diante de estudos desenvolvidos para testar a veracidade dos efeitos da música sobre o indivíduo, eles trazem uma revelação de que, de fato, a música exerce um papel importante nas relações interpessoais, muito embora não comprovadamente os seus efeitos sobre a atração e a escolha de parceiro. Porém, deixou claro que de forma indireta e generalizada também seus efeitos repercutem sobre a relação interpessoal.
Assim podemos concluir que “conforme a sugestão de Pinker (1997) de que nossas vidas permaneceriam praticamente inalteradas na ausência da música, não é inteiramente verdade, primeiramente, devido ao seu caráter”, outrossim, a sua idéia se esbarra na questão da definição de música, uma vez que existem muitas definições possíveis, que ultrapassam as fronteiras do Mundo Ocidental, bem como o que as pessoas definem como música.

Referência: Ilari, B. Música, comportamento social e relações interpessoais. Psicologia em Estudo, 11,1, 191-198

Análise psicossocial do preconceito contra homossexuais (complemento histórico)

Lucas Carneiro

Nesta presente resenha busco complementar o artigo de Alessandra Ramos Demito Fleury e Ana Raquel Rosas Torres (análise psicossocial do preconceito contra homossexuais) apontando para as raízes históricas e os vieses políticos e ideológicos por de trás do preconceito e a visão infra- humana acerca da homossexualidade. Alertando para propensões teóricas das instituições religiosas judaico-cristãs e das ciências pós revolução industrial e revolução francesa para criar explicações essencialista para melhor controlar o comportamento humano; Tanto sobre a forma de pecado contra a natureza humana, na Idade média, quanto sobre a noção de biologicamente normal ou patológico, pós revolução industrial. Busco, também, apontar que apesar dos preconceitos em relação os homossexuais terem em parte mudados para forma mais sutis e camuflados, por causas dos avanços humanitários e leis que proíbem atos discriminatórios contra os grupos minoritários, não perde seu caráter marginalizatório e excludente.
Antes de qualquer coisa; gostaria de propor uma reflexão sobre uma citação de Sevan tirada do livro: Vigiar e Punir de Michel Foucault. Na qual ele procura demonstrar que o domínio, pela sociedade, da vigilância e da atribuição de direitos e deveres às pessoas não se estabelece apenas no corpo, e sim, principalmente na mente, no controle das idéias pelos conceitos morais de culpa, e percepção de crime e castigo.
Para ele, essas idéias têm de estar fortemente ligadas e se suceder sem intervalo (…) Quando tiverdes conseguido formar assim a cadeia das idéias na cabeça de vossos cidadãos, podereis então vos gabar de conduzi-los e de ser seus senhores. Um déspota imbecil pode coagir escravos com correntes de ferro; mas um verdadeiro político os amarra bem mais fortemente com a corrente de suas próprias idéias; é no plano fixo da razão que ele ata a primeira ponta; laço tanto mais forte quanto ignoramos sua tessitura e pensamos que é obra nossa; o desespero e o tempo roem os laços de ferro e de aço, mas são impotentes contra a união habitual das idéias, apenas conseguem estreitá-la ainda mais; e sobre as fibras moles do cérebro, funda-se a base inabalável dos mais sólidos impérios.
Nesse sentido, a arte de vigiar e punir deve repousar sobre uma tecnologia da representação. Encontrar para um desvio as proposições que convêm é encontrar a desvantagem cuja idéia seja tal, que torne definitivamente sem importância a idéia de se tornar um desviante. Importa, então, à ordem, estabelecer pares de representação de valores opostos, instaurando diferenças quantitativas entre o normal e o anormal, submetendo estas normas categoriais a uma relação de poder. Contudo, essa relação deve parecer a mais natural possível, o que representa estar cada vez mais distante da arbitrariedade. Devem fazer com que pensemos que nossos pensamentos são realmente nossos através de idéias essencialistas para que não reflitamos e apenas repitamos os comportamentos que foram socialmente programados.
Esse trecho é de extrema importância para que reflitamos sobre nossos automatismos julgamentos estereotipados que muitas vezes são feitos sem certa reflexão histórica prévia. E para que antes que saímos brigando e vociferando preconceitos feito os macacos da parábola que brigavam sem saber o porquê; sem saber do condicionamento passado com o jato de água; proponho esta análise histórica da construção social dos conceitos sobre homossexualidade.
O primeiro registro sobre a homossexualidade data 12.000 mil anos antes de cristo. É um registro arqueológico da Era Paleolítica onde algumas pinturas de caverna e centenas de “batons” fálicos foram encontrados na caverna de Gorge d’Enfer em Dordonha na França. Entre os exemplares encontrados destaca-se um dildo duplo supostamente utilizado para em relações sexuais entre mulheres.
Outros registros arqueológicos apontam para 5000 AC na Era Mesolítica onde o homo erotismo está representado em uma rocha encontrada em Addara na Sicília. Nessa inscrição em rocha, homens e mulheres dançam ao redor de duas figuras masculinas com ereção. Supõe-se que esse registro represente uma relação homo erótica.
No século XXVI a.C. (2600 a.C.) na Tumba do faraó Niuserré na 5ª dinastia do império egípcio, os cabeleireiros e manicures da grande casa, Nyankh Khnom e Khom Hotep, foram retratados numa pintura onde insinua-se um beijo homossexual entre homens. Segundo estudiosos da história do Egito há de se considerar que o beijo entre homens não têm, necessariamente, uma conotação homoerótica, sendo muitas vezes manifestados como uma relação de amizade em várias civilizações até os dias atuais
No século XXVI a.C. (2600 a.C.) na Tumba do faraó Niuserré na 5ª dinastia do império egípcio, os cabeleireiros e manicures da grande casa, Nyankh Khnom e Khom Hotep, foram retratados numa pintura onde insinua-se um beijo homossexual entre homens. Segundo estudiosos da história do Egito há de se considerar que o beijo entre homens não têm, necessariamente, uma conotação homoerótica, sendo muitas vezes manifestados como uma relação de amizade em várias civilizações até os dias atuais
sec. XX a.C.A civilização Mochica da região dos Andes na América do Sul retratava a penetração per annum em 3% da coleção das cerâmicas coletadas pela Família Larco com datação estimada em 1000 a.C. Há informações também de que várias esculturas em Ouro das civilizações pré-coloniais dos Andes que representavam a prática do homoerotismo foram derretidas com a chegada dos espanhóis no continente.
630 A.c. – Aristocratas Dorianos da Grécia antiga assumem relações pederástas formais entre adultos nobres e homens adolescentes com o objetivo de educar a população e conter o crescimento populacional. Os registros mais conhecidos da homossexualidade foram resgatados da história da Grécia e Esparta. Durante os séculos VII a.C. a VI a.C. a grécia antiga vivenciou grandes fatos históricos, representados através de sua arte onde a homossexualidade é abordada. Nesse período o poeta Álcman escreveu um coro às virgens onde muitos historiadores acreditam haver uma simbologia de homo erotismo entre mulheres; a poetisa Safo da Ilha de Lesbos, que alguns historiadores consideram como bissexual, escreve vários poemas que alcançam tanto homens como mulheres. Segundo o historiador grego Plutarco, Sólon, homem de estado, legislador e poeta lírico de Atenas mantinha relações homossexuais com Pisístrato. A homossexualidade também teve registos históricos reconhecidos de afeição e convivência nesse período.As relações pederastas se espalharam pela Grécia antiga, influenciando os esportes, a literatura, a política, a filosofia, as artes e a comunidade causando, segundo alguns estudiosos, um grande florescimento cultural; também é considerara e valorização dabeleza muscular e a nudez atlética nesse período.
Depois desse breve histórico o que podemos dizer? Podemos dizer que todos esse povos eram profanos porque não tinham Deus nos seus corações e por isso praticavam esses atos abomináveis contra a “natureza humana” ou podemos dizer que a mudança de valores eticos e morais sobre a sexualidade humana (determinando o certo do pecado) foi mudado para atender interesse politicos e militares de dos hebreus, mais especificamente a tribo de Judá que posteriormente terá o nome de judeus. Como todos conhecem os judeus foram escravos dos egipicios fugiram para Canaã chegado na “ terra prometida” foram escravidos pelos assirios , depois pelos babilônios , depois pelos Persas e por fim pelos Romanos. Então, em um dado momento de sua história os judeus perceberam que o único meio de se libertar a escravidão seria aumentando seu contingente populacional para fortalelecer seu exercito ( na época o poder de um povo era estipulado pelo força de seu exército e como antigamente não tinha bomba atômica e armas de exterminio em massa; essa força de uma exercito significava o número de pessoas que ele possuia). Então, desta forma, os Judeus para aumentar seu contigente populacional e liberta-se das escravidão para enfim dominar a “terra prometida”; fazeram uma revolução ética e moral de todos os valores vigentes a época e criaram mitos como de Onã e de Sodoma e Gomorra para recriminar qualquer forma de ato sexual que não estaria destinado a procriação; como por exemplo, sodomia , masturbação e derivados. E então, a partir deste momento passou a santificar e naturalizar o casamento, familia, o homem heterossexual e filhos; e a punir a todos que não se encaixavam nesses parâmetros.
Há algumas passagem no velho testameto que condenam a homossualidade, como por exemplo : “Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é toevah (também no grego bdelygma, ambos significam “impureza” ou “ofensa ritual”).” (Levítico 18:22) e “Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão “toevah”. (Levítico 20:13). Evidenciando, assim, dentro dessa perspectiva religiosa os preconceitos eram mais rigorosos aos homens; sobre tudo aos que eram passivos, pois, dessa, forma se igualariam e tornariam inferiores como as mulheres. Vale lembrar que as mulheres por toda historia foram consideradas inferiores moralmente e culpadas pelo pecado original (Se vocês acham isso muito, basta lembrarem se da bula emitida pelo Papa Inocêncio VIII durante 5 de dezembro de 1484, ,na qual desiginava os frades dominicanos James Sprenger e Heinrich Kramer para escreverem um manual Malleus Maleficarum -O Martelo das Feiticeiras-, escrito em 1486 ,visando ensinar os juízes a reconhecerem e punir as bruxas em seus múltiplos disfarces e atitudes. Não precisa nem dizer que milhares de mulheres foram mortas injustamente acusada de bruxarias durante a inquisição e deixando, assim, um imenso legado de repressão, medo e submissão ).
Já no novo testamento passagens como: “Não errais: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem os ladrões nem os bêbados … herdarão os reino de Deus” (I Coríntios 6:9-10). Representam o controle da sexualidade humana através do medo do inferno. Devida a queda do império romano , invansão babarbaras, feudalismo, peste , caos publico. A igreja catolica passa ser a mais poderosas instituição existente da idade media, tanto financeiramente quanto politicamete; desta forma, então passa a a ter a prerrogativa de dizer a verdade , criar e estipular normas e padrões e normas de condutas a serem seguidos. Então, és que aparece a figura de Tomás de Aquino , considerado por muitos como mais santo dos sabios e o mais sabios dos santos, criador do mecanismo mais eficiente para controlar o comportamento sexual humano na época – mecanismo de controle pelo medo do pecado.
Tomás de Aquino foi o responsável pela pecaminização da qualquer forma de sexo que não fosse destinada a procriação e estipulação de normas de condutas para a copula entre homens e mulheres como por exemplo: o sexo só seria permetido dentro do casamento heterosexual com fins procriativos, não poderia fazer sexo em pé porque não somos bichos , a mulher nunca podeia ficar por cima na relação sexual porque seria contra a natureza divina; E por acaso se as pessoas não seguissem essas normas estariam condenadas a arder no fogo do inferno ou na fogueira da inquisição.
Tal autor inclui a homossexualidade entre os pecados contra naturam- contra natureza- ( não se deve disperdiçar o sêmem em vasos profanos , somente nos vasos sagrado- vagina- para procriação), junto com a masturbação e a relação sexual com animais. Para Tomás, esses pecados sexuais são mais graves do que os pecados secundum naturam, embora estes se oponham gravemente à ordem da caridade, por exemplo: adultério, violação, sedução. Isto porque, para Aquino, a ordem natural foi fixada por Deus e sua violação constitui uma ofensa ao Criador, o que seria para ele mais grave do que uma ofensa feita ao próximo (cf. Suma Teológica, II-II, questão 154, artigo 11, corpo). Santo Tomás de Aquino chega a colocar a prática da homossexualidade no mesmo plano de pecados torpíssimos, como o de canibalismo. A partir de então, devido a enorme influência do pensamento tomista no cristianismo, a palavra “sodomia” popularmente foi-se desvinculando de seu sentido filológico original e passou a ser, em quase todo mundo, conotativa de homogenitalidade, ou então sexo anal, seja este hétero ou homossexual.
Então depois de muitas inquisições; mandando para fogueira sodomitas , hereges, feiticeiras e judeus. A igreja católica começa perder a prerrogativa de ter o poder para dizer a verdade para ciência. O saber religioso devido aos movimentos como renascimento , iluminismo , revolução francesa ( ascenção da buruesia ), revolução industrial foram se tornandos obsoletos. Então, assim,a ciência, , passar a ser o discurso mais conviniente para legitimar os interesse politicos das elites dominantes pós revolução industrial.
Surgi , assim, o cientificismo racista , com teorias como a frenologia, eugenia, darwinismo social; teóricos como Francis Gall, Francis Galton, Paul broca, Gobineau, Lavanter entre outros; Todos esse ,buscavam maneiras, meio que de maneira “inconsciente” de legitimar a superioridade racial, através dos vieses biologicos e cientificos, do homem ,heterossexual, branco, europeu sobre as mulheres, homossexuais, negros, asiaticos e africanos e latinos. Não devemos esquecer que essas teorias serviram como desculpas, fachadas essencialistas e biológicas com o intuito de legitimar “legalmente” a politicas neocolonialisas desses povos sobre os demais.Então , dessa forma, passam a afirmar que a homossexualidade é um disturbo orgânico, perversão da mesma forma que buscavam afirmar biologicmente e cientificamete qe os negros e a mulheres são inferiores aos brancos e homens respectivamente.
Com a passagem do século 18 e o enaltecimento da racionalidade em detrimento da fé; o mecanismo de controle da sexualidade passa não ser mais legitimado pela definição moral de certo ou pecado, e sim, agora, através, da “neutralidade cientifica” do biologicamente normal ou patológico.
Como prova dessa pseudo neutralidade dessa ciência que só fazia repetir valores morais introjetados seculos atrás; podemos citar fatos mirabolantes como A descoberta do espermatozóide, em 1677, motivou a Medicina a se associar à Igreja Católica para qualificar a masturbação como uma doença abominável e um mal moral, uma vez que o espermatozóide veio a ser considerado como um bebê em miniatura. Mas tarde a ciência o século 18 passou a legitimava a companha anti- masturbatoria que a enxergava a masturbação como uma doença que provocava distúrbios do estômago e da digestão, perda do apetite ou fome voraz, vómitos, náuseas, debilitação dos órgãos respiratórios, tosse, rouquidão,paralisias,tuberculose e podendo até causar loucura e enfraquecimento do órgão de procriação a ponto de causar impotência, falta de desejo sexual e ejaculações nocturnas e diurnas.
Outro exemplo é o deSamuel Auguste Tissot que em 1758, publica o “Ensaio sobre as doenças decorrentes do Onanismo”, em que diz que esta doença ataca os jovens e libidinosos e, embora comam bem, emagrecem e consomem seu vigor juvenil. E no inicio do século 19 no dicionário das ciências médicas de Serruer- descrevia o jovem masturbador como esses sintomas fisicos : “pele terrosa, lingua vacilante, olhos cavos, gengivas retraidas e cobertas de ulceraçoes que anunciavam uma degradação escorbutica”.
Então ,desta forma, ficava dificil separar , naquela época, o que era ciência , o que era politica, o que era religiao e o que era verdade. Isso é que nos leva a pensar materialmente da seguinte forma : Como os homossexuais não poderiam suprir os ideais burgueses patriarcais de familia e dar filhos ( mão de obras para o sistema) , para sustentar esta nova forma de politica capitalista ;o pensamento do pecado nevano (introjetados e condicionados ao longo dos séculos pela religião católica e judaica) verticalizou para os conceitos de patológico, doente , anormais e inerentemente pervetidos; fadados, assim, os homossexuais a marginalização e exclusão social. Em decorrência , dessa confusão ideológica de enxergar , não era de se adimirar que muitos cientistas buscassem reverter os homossexualidade na base de muita porrada e tratamento de choques e reprimi-la atravésl de leis penais que buscassem crimilaliza-las. Como por exemplo:
Em 1870, um texto de Westphal intitulado “As Sensações Sexuais Contrárias” definiu a homossexualidade em termos psiquiátricos como um desvio sexual, uma inversão do masculino e do feminino. A partir de então, no ramo da Sexologia, a homossexualidade foi descrita como uma das formas emblemáticas da degeneração. Nessa época já existiam leis que proibiam as relações entre pessoas do mesmo sexo.
Em 1890, o Codigo penal republicanos brasileiro prévia punição de práticas homossexuais entre homens. Durante o Estado Novo (1940) , o júrista Alcântara Machado redigiu o código penal e introduziu a proposta de criminalizar de maneira explicita homossexual do sexo masculino quando causarem escândalo público; impondo-se ambos os participates detenção até um ano.
Terapias de Choques Elétricos aplicadas por Ugo Cerletti a partir de 1938 para várias finalidades, incluido a tentativa de cura para a homossexualidade utilizando o pressuposto de que se a homossexualidade tem explicações neuro-bioquímicas, então ela é curável. Na mesma linha, a lobotomia, desenvolvida por Antônio Egas Moniz em 1935 também foi aplicada como tratamento da homossexualidade até 1979 na Alemanha.
Em 1968 o DSM a homossesualidade aparecia no capitulo de desvios sexuais,como um tipo de aberração na qualo interesse sexuais são dirigidos primariamente a objetos outros que não pessoas do sexo oposto.
Até a decada de 90 a maioria do spsicologos argumetavam que a homossexualdade era um disturbio psiquico. Até a penultima edição da Classificação Internacional de Doenças ( CID-9) de 1985, esa orientação era formalmente cosiderada patologica.
Então depois, desse breve histórico, fica evidenciado todo o processo de marginalização e exclusão social dos homossexuais. E por mais que estejamos com certa abertura a respeito do tema, leis humanitárias que punam e condenem a discriminação dos grupos minoritários; É ainda muito difícil transgredir anos de condicionamento mental e social. Então, desta forma, corroborando com os estudos de Alessandra Ramos Demito Fleury e Ana Raquel Rosas Torres; atesto o mesmo: os preconceitos em relação aos homossexuais não vem se acabando, e sim, tornado cada vez mais “sutil”, remanescendo ainda os mesmos vieses essencialistas e discriminatórios de séculos atrás; principalmente quando se trata da homossexualidade masculina. Isto porque a escolha de um parceiro sexual oposta ao da maioria estaria transgredindo séculos de condicionamento socias e conceitos de gênero, papéis e scripts de comportamentos “ditos naturalmente masculinos” são reforçados pela nossa sociedade e que foram alicerces da construção de todas as civilizações ocidentais. É necessário que percebamos que esses constructos depreciativos em relação a homossexualidade não vieram do nada , nem são muito menos naturais, e sim, foram criados socialmente ao longo dos séculos para atender demandas e interesse econômicos e políticos; que visavam controlar e disciplinarizar os comportamentos humanos através, principalmente, pela divisão do trabalho dentro de uma sociedade capitalista e construção de uma família “normal” para atender a demanda de darem novos “filhos” para o sistema.

Referências:
Fleury, A. e Torres, A. Análise psicossocial do preconceito contra homossexuais. Estudo de Psicologia (Campinas) 24, 4, 475-486; 2007
http://pt.wikipedia.org/wiki/Homossexuais
Foucault, Michel. A História da Sexualidade I (A Vontade de Saber). Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
Foucault, Michel, História da Sexualidade 2: O Uso dos Prazeres, Rio de Janeiro, Graal, 1984
Foucault, Michel Vigiar e punir. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987.

Resenha: Cognição, categorização, estereótipos e vida urbana

Marcus Vinicius C. Alves

De acordo com dados do IBGE que afirmam que grande parte da população brasileira é residente de centros urbanos, o autor do ensaio decide então por perscrutar a influência dessa vida urbana nas funções cognitivas, com destaque para o processo de categorização e estereotipização, desenvolvendo um raciocínio acerca da influência desses processos na vida cotidiana. O autor sugere que, já que argumentos cognitivistas afirmam que o mundo complexo em que vivemos exige o uso de sistemas de aprendizagem complementares, seria então fundamental para a vida como conhecemos nos centros urbanos um uso ainda mais acentuado destas do que no campo, devido à quantidade de informações que se recebe nas cidades. Há, então, a capacidade de entender a realidade por dois caminhos diferentes e complementares, um que torna os indivíduos capacitados a aprender e lidar com o previsível, e outro que seria caracterizado por uma grande plasticidade, sendo capaz de rapidamente analisar diferentes variáveis, se comportando de forma mais adequada a elas. Partindo desse raciocínio, o autor argumenta sobre a forma que as categorizações são engendradas, usando de exemplos cotidianos, permitindo um entendimento sobre como funcionaria os sistemas de aprendizagem e o porquê da utilidade deles na realidade urbana tão instável. Segundo Pereira, a possibilidade de podermos ter os pensamentos orientados pelas categorias que são construídas com a história de vida permite que lidemos tanto com situações corriqueiras como ir a um shopping a procura de algum item e sabermos que vamos encontrar auxílio com um vendedor, quanto com situações raras, mas previsíveis em decorrência da experiência de como lidar com semelhantes, como ir ao mesmo shopping e, o ao não encontrar o vendedor, pedir auxílio a alguém que aparente poder ajudar. Tais pensamentos permitem também lidar com situações totalmente divergentes do que se teria uma prévia ideia, como, por exemplo, ir novamente ao shopping e encontrar um vendedor que se comporte totalmente fora dos padrões habituais, sendo agressivo com clientes que pedissem sua assistência. Assim, pode-se perceber que é natural e, em alguns casos, extremamente valioso que automaticamente categorizemos grupos sociais e comportamentos de outrem, construindo um repertório de conduta e reação. Além disso, é possível entender o porquê de alguns autores argumentarem que nas cidades essas categorizações estão em funcionamento e reconstrução a todo o momento, pois, a vida urbana exige o contato com pessoas de diferentes grupos, com diferentes crenças e valores o tempo todo.
O autor então levanta uma informação intrigante que revela que o raciocínio anteriormente empregado não se encontra além de controvérsias. O argumento é suportado pela literatura que trata o tema: apesar de que os centros urbanos geram uma forte categorização, pesquisas revelam que representações estereotipadas se manifestam de forma menos intensa nos centros urbanos de maior tamanho. Pereira sugere então uma resposta para a questão, ele afirma que é lícito supor que as grandes cidades são fonte de uma enorme rede de possibilidades de contradição de estereótipos, assim, apesar de incitar os pensamentos estereotipados pela necessidade da cognição de criar esquemas de comportamento para diferentes pessoas, reduzindo a energia gasta para entendê-las, a vida urbana acaba por também propiciar oportunidades infinitas de contato com pessoas diferentes, algumas que confirmam os estereótipos, e outras tanto que destoam do pensamento categorizado. Entretanto, afirmar que o ser humano tende a inibir o raciocínio categórico seria um erro, o autor afirma exatamente o contrário. Pereira questiona então quais seriam as condições que disparariam o raciocínio categórico, e a resposta é que, provavelmente, o raciocínio direcionado à categorização surge quando falta ao indivíduo percebedor motivação, tempo ou capacidade cognitiva para lidar com as demandas requeridas durante as interações sociais.
O ensaio então é concluído com uma reflexão do autor sobre o que foi discutido anteriormente. Pereira propõe que, não necessariamente um indivíduo que viva em uma cidade vai estereotipizar menos que um que viva no ambiente rural, o que fará a diferença será muito mais a qualidade do que a quantidade das informações e dos contatos interpessoais nos quais ele vai obter informações sobre os grupos sociais. Assim, entende que apesar do efeito do ambiente em que se vive, o contexto em que as informações serão entendidas será de importância impar, e além disso, cabe também às pessoas a diluição de pensamentos tacanhos e preconceituosos.

Pereira, M. E. (2008). Cognição, categorização, estereótipos e vida urbana. Ciências & Cognição. Vol. 13 (3), 280-287.

Resenha: Estereótipos sexuais aplicados às nadadoras

Marinês Oliveira

O presente artigo dispôs a verificar se as características do desporto (natação) e o biotipo do atleta proporcionam a aplicação de estereótipos sexuais. Para tal, utilizaram-se de dois grupos que diferiam quanto ao envolvimento com a natação, contudo os mesmos avaliaram nadadoras federadas de Brasília. As variáveis utilizadas foram “sexo” e “envolvimento com a natação”.
Tal proposta torna-se interessante quando se parte do desígnio que as crenças podem também se originar de experiências ou de vivências. Daí, através da percepção destes dois grupos distintos, pode-se verificar também as diferentes formações de crenças, seja de acordo com as experiências ou das vivências acerca do objeto selecionado.
Os conceitos de masculinidade e feminilidade, que serão utilizados na pesquisa, são construtos sociais utilizados em psicologia desde o início do século. Segundo o texto, a masculinidade encontra-se positivamente correlacionada à auto-estima, saúde mental, criatividade, dominância, busca de sensações, competitividade, assertividade, auxílio e salvamento, independência e instrumentalidade. A feminilidade, por sua vez, encontra-se diretamente correlacionada à maternidade, constituição familiar, expressão emocional, ansiedade e depressão, satisfação conjugal, atitude liberal frente aos papéis sexuais, submissão, apenas para o sexo feminino, a feminilidade encontra-se positivamente correlacionada à auto-estima. Deste modo, os estereótipos estariam próximos às estruturas cognitivas, ou mais especificamente, a um tipo de estrutura que conteria o conhecimento, as crenças e as expectativas do percebedor em relação a algum grupo humano.
Diante de tal conceito de estereótipo, este estudo exploratório vem analisar se o biotipo das nadadoras influencia a percepção de indivíduos que diferem quanto ao envolvimento com a natação. Dois grupos de indivíduos foram selecionados. O grupo 1 – formado por homens e mulheres que apresentavam envolvimento com o desporto, no caso, os pais das nadadoras; e o grupo 2 – formado por homens e mulheres que não possuíam qualquer relacionamento com a natação. A partir de um instrumento psicométrico, estes dois grupos expressaram o conceito que possuíam das nadadoras. Este instrumento é composto por um total de 60 itens, divididos em três escalas: escala masculina (20 itens. Ex: argumentadora, arrojada, assertiva, atlética, autoconfiante, auto-suficiente, líder etc.), escala feminina (20 itens. Ex:: cuidadosa, delicada, dependente, emotiva, dócil, sensível, tolerante, vaidosa etc.) e escala neutra ou escala de desejabilidade social (20 itens. Ex: espontânea, otimista, responsável, invejosa, inconstante, apática etc.).
Segundo Miller (1982), Hamilton, Strosssner & Driscoll (1994) algumas definições acerca dos estereótipos são bastante abrangentes igualando-os aos mitos, as lendas ou ao folclore, enquanto outras são bastante restritivas, definindo-os como grupos de adjetivos comumente associados aos grupos sociais. De tal modo, através deste grupo de características designadas às nadadoras é que serão concebidos os estereótipos acerca das mesmas.
Diante dos resultados encontrados, não se teve diferenças significativas quanto à variável sexo na aplicação dos estereótipos sexuais às nadadoras, embora haja uma tendência por parte das mulheres de considerarem as nadadoras como possuidoras de um número maior de características neutras, quando comparadas aos homens da amostra total. Pode-se considerar que outros fatores interfiram na percepção dessas mulheres, distorcendo a imagem das nadadoras e propiciando a aplicação de estereótipos sexuais. A confirmação desta distorção perceptiva é assegurada ao se constatar que o grupo sem envolvimento com o desporto considerou as atletas como sendo menos femininas do que o grupo envolvido com o desporto. O desconhecimento e a falta de envolvimento com o desporto e com as atletas contribuiriam para objetivar uma imagem distorcida das nadadoras.
Uma das possíveis explicações para este fato poderia ser atribuída às características instrumentais do desporto. Esta percepção do desporto acabaria por influenciar de forma dominante o critério de avaliação dessas mulheres, levando-as, assim, a uma avaliação inicialmente instrumental das nadadoras.
Outro ponto relevante a ser considerado refere-se ao biotipo das mesmas. O distanciamento dos padrões estético-sociais designados à feminilidade contribuiria para a distorção perceptiva dessas mulheres. Já as mulheres envolvidas com o desporto, no caso as mães das nadadoras, perceberam-nas como femininas, mas, também, possuidoras de características neutras. Possivelmente, a proximidade decorrente da relação parental impeça a objetivação em uma imagem distorcida da natação e das nadadoras. Essas mulheres, portanto, percebem-nas como femininas, embora, atribuam às mesmas características instrumentais decorrentes e necessárias à própria prática desportiva.
Como estudo preliminar e exploratório, este trabalho confirmou que a característica do desporto somada ao biotipo dos atletas pode propiciar a aplicação de estereótipos sexuais, principalmente quando as características do desporto versus sexo dos atletas não se coadunam com os padrões sociais estabelecidos para a masculinidade e a feminilidade.Esta preocupação com a aparência física e com a atratividade sexual, por parte das mulheres, contribuiria para a distorção perceptiva e posterior aplicação de estereótipos sexuais sobre toda e qualquer mulher que se distancie dos padrões estabelecidos culturalmente como femininos. Outro ponto relevante a ser considerado reside nos conflitos que possam surgir nas nadadoras e nas adolescentes que iniciam a prática da natação como um desporto competitivo. O conflito entre biotipo versus padrões culturais impediriam mulheres atletas e futuras atletas de prosseguirem na carreira desportiva.
Os resultados demonstram que as mulheres sem envolvimento com o desporto perceberam as nadadoras como menos femininas do que as mulheres envolvidas com o desporto. Provavelmente, as características do desporto, somadas ao biotipo das atletas, contribuem para a aplicação de estereótipos sexuais. O processo de estereotipazação é um produto inevitável da condição humana como um processo de adaptação utilizado pelo individuo para simplificar e organizar as inumeráveis informações encontradas no ambiente.

Referência: Giavoni, A. Estereótipos sexuais aplicados às nadadoras. Revista Brasileira Ciência e Movimento,10, 2, 27-32.

Resenha: Análise psicossocial do preconceito contra homossexuais

Lucas Carneiro

Estudos a respeito do preconceito e da discriminação realizados em vários países demonstram que esse fenômeno vem assumindo formas cada vez mais sutis. O trabalho das respectivas autoras Alessandra Ramos Demito Fleury e Ana Raquel Rosas Torres insere-se nesse campo de estudo e investiga os efeitos da orientação sexual no processo de infra-humanização. Dele participaram 135 estudantes de pós-graduação na área de recursos humanos. A eles era solicitado que respondessem um questionário no qual avaliavam indivíduos homossexuais ou heterossexuais, atribuindo-lhes traços naturais e culturais, objetivando verificar a presença do processo de infra-humanização no preconceito contra os homossexuais. Diferentemente de outros estudos na área, os resultados indicaram que o preconceito contra os homossexuais se expressa de forma mais sutil que flagrante, apresentando uma maior atribuição de características positivas para o grupo majoritário e não se diferenciando em termos de atribuição de características negativas para o grupo minoritário. Esses resultados são discutidos, ressaltando-se a importância de mais estudos sobre o tema, tão pouco estudados por psicólogos sociais.

Segundo Gordon Allport o preconceito seria o preconceito seria “uma atitude evitativa ou hostil contra uma pessoa que pertence a um grupo simplesmente porque ela pertence àquele grupo, e está, portanto, presumido que objetivamente ela tem as qualidades atribuídas ao grupo”. Estudos atuais têm demonstrando que a existência de transformações na sua forma de expressão; apresentando-se de maneiras mais discretas mais não menos violentas os preconceitos nas sociedades modernas. Apesar de alterações do ponto de vista sócio legal sobre a situação dos grupos minoritários; declaração dos direitos humanos que a mais de 50 anos proíbe qualquer forma de discriminação, além de diversas emendas constitucionais proibindo o preconceito e a discriminação, contribuiu para que as pessoas percebessem que a norma do igualitarismo estava fortemente presente na sociedade e que comportamentos discriminatórios não mais seriam tolerados; o preconceito contra os homossexuais continua forte; mas, agora, porém de maneiras mais “sutis”, contra-controlados pela “opinião publica”.

Diversos estudos na Europa e nos Estados Unidos demonstram que o preconceito tem mudado suas formas de expressão, buscando atender à norma do igualitarismo, mas não há evidências de que ele tenha de fato desaparecido. O preconceito racial na Europa apresenta-se sob duas formas: o flagrante e o sutil. O racismo flagrante é a forma mais tradicional de expressão do preconceito, sendo ela mais direta, quente e aberta. Já o racismo sutil é a forma mais contemporânea de discriminação, é discreta, fria, indireta e, dessa forma, além de preservar a expressão do preconceito atende à norma da não discriminação, em que as pessoas consideram inaceitável ser preconceituoso e temem ser mal vistas por apresentarem tal comportamento. Encontraram evidências de que expressões mais sutis desse fenômeno estão desenvolvendo subprodutos que atendem à necessidade de perpetuação dos comportamentos discriminatórios ao mesmo tempo em que preservam a imagem igualitária dos atores sociais. De acordo com Leyens et al. (2000), um desses subprodutos é o processo chamado de infra-humanização. Leyens et al. (2003, p.705) afirmam que “do ponto de vista etimológico, infra-humanização expressa o sentido de que alguns humanos são considerados menos humanos do que outros”.

Essa perspectiva da infra-humanização está pautada na essencialismo psicológico, na qual afirma que as pessoas têm essências e são naturalmente “boas” ou “más” e “normais” ou “divergentes”. A partir dessa concepção as pessoas dos grupos minoritários serão dotadas de características que, de alguma forma, as transformem em “menos humanas”.

Na área da Psicologia Social, o preconceito racial e étnico tem sido um dos temas mais ativamente pesquisados. No entanto o preconceito contra homossexuais não tem recebido a mesma atenção Essa falta de atenção da Psicologia Social sobre o tema opõe-se ao grande interesse que a sociedade moderna tem revelado a respeito das questões relacionadas à homossexualidade de forma geral. Esse interesse é perceptível tanto nos movimentos que lutam pelos direitos dos homossexuais, tal como a parada gay, que cresce em número de participantes todos os anos, no Brasil e no mundo, como em programas sociais que têm como objetivo diminuir o preconceito. O programa “Brasil sem Homofobia”, lançado em 2004, é uma resposta aos altos índices de discriminação contra o grupo. Ele atende a casos que vão desde a exclusão social até a atos violentos contra essa minoria.

Pesquisas no Brasil apontam que 18% de goianienses e 11,9% de porto-alegrenses acreditam que a homossexualidade é uma doença, configurando esses percentuais como os maiores índices do país. Essa pesquisa também constatou que 33% dos pais de alunos goianos não gostariam que os filhos tivessem colegas de sala homossexuais e 25% dos estudantes pesquisados não gostariam de ter um colega de classe homossexual (resposta majoritariamente emitida por estudantes do sexo masculino). As capitais que obtiveram maior índice de rejeição foram Fortaleza,Recife e Goiânia.
Os poucos trabalhos sobre o preconceito e a discriminação contra homossexuais realizados no Brasil (Falcão, 2004; Lacerda et al., 2002; Pereira, 2004) apresentam resultados que apontam a expressão flagrante do preconceito contra os homossexuais, ou seja, mais aberta e mais direta, menos preocupada em atender às normas do igualitarismo.

Spencer (1999) defende que a análise da história da sexualidade evidencia o preconceito contra os homossexuais como uma construção sócio-histórica. A instituição Igreja Católica modelou essa construção e ainda controla e direciona, de alguma forma, como os homossexuais são encarados pela sociedade. Assim, o estudo de Pereira (2004) buscou avaliar como as diferentes explicações para a homossexualidade e as características sociográficas, principalmente a religião dos participantes envolvidos em seu estudo, ancoram o preconceito contra os homossexuais. As explicações utilizadas no estudo são os cinco tipos constatados por Lacerda et al. (2002): explicações biológicas, psicológicas, religiosas, ético-morais e explicações psicossociais. Partiu-se do suposto de que as explicações da homossexualidade funcionam como um sistema de justificação normativo, que oferece aos participantes do estudo a possibilidade de discriminar e expressar atitudes hostis ao grupo de homossexuais, sem “ameaçar a percepção de que eles estariam executando ações para o bem- -estar social, pois estaria a serviço de Deus quem é ‘Bom’ por natureza” (Pereira, 2004, p.107). A análise dos dados do estudo de Pereira (2004) confirma a hipótese geral de Lacerda et al. (2002) de que as explicações sobre a homossexualidade se dividem em cinco tipos, conforme exposto anteriormente. A explicação biológica estaria baseada na idéia de que a homossexualidade seria uma doença provocada por distúrbios de natureza fisiológica, hormonal ou gestacional. A explicação ético-moral representaria a crença de que a homossexualidade está relacionada com a ausência de respeito, de caráter e de valores morais do indivíduo. Já a explicação religiosa aponta o homossexual como uma pessoa que não segue a palavra de Deus, que não tem força espiritual e religiosidade para resistir às tentações. A explicação de ordem psicossocial organiza as crenças de que a homossexualidade não é doença e deve ser compreendida na sua totalidade, pois trata da forma distinta pela qual cada um vive sua sexualidade, que é parte da identidade do sujeito. Por último, temos a explicação psicológica, constituída pela crença de que a homossexualidade é resultado de traumas experienciados na primeira infância.

A depender da posição de uma pessoa sobre as causas da homossexualidade seus preconceitos serão exprimidos de formas diferentes As pessoas que dão explicações psicossociais para a homossexualidade, e acreditam que se deva tentar compreendê-la em sua totalidade, são favoráveis à adoção de crianças por homossexuais. Já as pessoas que consideram a falta de caráter, de respeito e de valores morais como causas da homossexualidade são contrárias à adoção de crianças por homossexuais, além de terem sido classificadas como preconceituosas flagrantes, ou seja, acreditam que a explicação da condição do homossexual por si só justifica as atitudes discriminatórias dirigidas ao grupo.

A analise psicossocial da homossexualidade enxerga as pessoas que dão explicações psicossociais para a homossexualidade, e acreditam que se deva tentar compreendê-la em sua totalidade, são mais favoráveis à adoção de crianças por homossexuais. Já as pessoas que consideram a falta de caráter, de respeito e de valores morais como causas da homossexualidade são contrárias à adoção de crianças por homossexuais, além de terem sido classificadas como preconceituosas flagrantes, ou seja, acreditam que a explicação da condição do homossexual por si só justifica as atitudes discriminatórias dirigidas ao grupo estudo, no caso a infra-humanização ( incapacidade de expressar comportamentos e características humanas e valores considerados humanos, tais como compaixão, solidariedade, educação.), visto que se apresenta como uma alternativa à perpetuação do preconceito numa sociedade em que as normas anti–racistas estão presentes.

O estudo das autoras sobre diferenciação no nível de traços culturais dos heterossexuais e dos homossexuais é baseado nos estudos de Moscovici e Pérez (1999) sobre a infra-humanização como essencialização das diferenças em termos de desculturalização sejam compreendidos. Essa teoria envolve a compreensão do que são considerados “traços naturais” e “traços culturais”. Os primeiros, traços naturais, são definidos por Moscovici e Pérez (1997) como características que podem ser atribuídas tanto aos seres humanos como aos animais, tais como: intuitivo, livre, espontâneo, selvagem, impulsivo, entre outras. Já os “traços culturais” são aqueles típicos do ser humano, tais como criativo, leal, fiel, cooperativo, amigável, etc., também resultantes do processo de socialização.

Com a hipótese de que possivelmente serão atribuídos mais traços culturais para o grupo dos heterossexuais do que para o de homossexuais; – possivelmente não haverá diferença significativa na atribuição de traços naturais entre o grupo de homossexuais e o grupo de heterossexuais. Apesar de os resultados não indicarem a presença dos componentes de infra-humanização no preconceito contra os homossexuais na amostra pesquisada (muito pequena por sinal; e feita com pessoas com nível superior, ou seja, apresentam muitos recursos para controlar suas opiniões para evitar punições púbicas), eles apontaram para uma diferenciação significativa na atribuição de características positivas entre os grupos. Os resultados deste estudo apontam o preconceito dirigido ao grupo de homossexuais como sutil, diferentemente de outras pesquisas na área, que indicavam a existência de um maior percentual de preconceituosos flagrantes (Lacerda et al., 2002; Falcão, 2004; Pereira, 2004).

Depois da analise desse artigo fica clara a necessidade de investigarmos a configuração do preconceito e da discriminação contra o homossexual em nossa sociedade para que possamos compreender os mecanismos que promovem essa situação e, assim, estarmos aptos a propor intervenções que venham diminuir, ou, preferencialmente, eliminar os conflitos intergrupais, favorecendo o bem-estar social.

Referência: Fleury, A. e Torres, A. Análise psicossocial do preconceito contra homossexuais. Estudo de Psicologia (Campinas) 24,4,475-486;2007

Resenha: Sexismo hostil e benevolente: inter-relações e diferenças de gênero

Daiana Nogueira

Conceitualizando o preconceito como uma antipatia ou hostilidade dirigida a grupos ou a membros específicos de um grupo, devido a generalizações incorretas, Gordon Allport (1954), em sua obra “A natureza do preconceito”, impulsionou os primeiros estudos científicos sobre o preconceito dentro de uma perspectiva psicossocial. Ainda muito utilizado atualmente, esta definição sugere que o fenômeno do preconceito é constituído por bases de natureza cognitiva, afetiva e comportamental. O componente cognitivo é expresso através dos estereótipos presentes nas atitudes preconceituosas. Já o componente afetivo, por sua vez, pode ser verificado nos sentimentos e avaliações negativas dirigidas a certos grupos ou membros destes. Por fim, tem-se o componente comportamental do preconceito, relacionado diretamente com a discriminação e atos hostis direcionados a determinados grupos sociais.

Dentre as diversas, e inúmeras, possibilidades de expressão do preconceito, o Sexismo, ou avaliações negativas e atos discriminatórios dirigidos às mulheres, é amplamente verificado atualmente em diferentes contextos sociais. A literatura propõe a existência de dois tipos de manifestação do referido preconceito: o Sexismo institucional e o Sexismo interpessoal. Enquanto o primeiro está associado às práticas de discriminação e exclusão promovidas por entidades, organizações e comunidades, o segundo tipo de Sexismo refere-se à atitudes e condutas negativas que os homens direcionam às mulheres durantes as relações interpessoais cotidianas. As teorias feministas, por sua vez, defendem que o Sexismo, qualquer que seja a sua classificação, é um claro resquício de uma cultura patriarcal, apoiada em atitudes de desvalorização do sexo feminino como forma de legitimar e perpetuar o poder, dominação e controle do sexo masculino.

A literatura mais recente, no entanto, tem demonstrado, segundo Ferreira (2004), que as chamadas atitudes tradicionais a respeito das mulheres vêm sendo substituídas por novas formas de Sexismo, nas quais a antipatia ou hostilidade em relação à elas tem se expressado de forma simbólica ou indireta. Sob esta perspectiva, o Sexismo antigo (old-fashioned) é compreendido pelo endosso aos papéis de gênero tradicionais e aos estereótipos sobre a menor competência feminina, enquanto o chamado Sexismo moderno baseia-se na negação da existência de discriminação contra as mulheres e em avaliações negativas mais implícitas e encobertas em relação a estas.

Glick e Fiske (1996), a partir da análise das contemporâneas manifestações do Sexismo, defendem uma diferenciação entre Sexismo Hostil e Sexismo Benevolente, sendo o hostil caracterizado por intensa antipatia contra mulher, e o benevolente caracterizado por sentimentos e condutas positivas em relação ao sexo feminino. Além da definição, as origens e impactos destes tipos de Sexismo moderno também são distintos. O Sexismo hostil é oriundo de uma sociedade patriarcal, com inúmeros e intensos estereótipos acerca dos papéis destinados a cada gênero. Já o Sexismo benevolente, é estruturado através do poder biológico de procriação que detém a mulher, além da sua função social de cuidar dos filhos e satisfazer sexualmente o parceiro, assim o sexo feminino é concebido ideologicamente como um objeto romântico e reverenciado afetivamente por seu papel de mãe e esposa.

Ferreira (2004) propôs, através do inventário de Sexismo Ambivalente construído e validado por Glick e Fiske (1996), verificar a estrutura fatorial do referido inventário em amostras populacionais brasileiras. Para tanto, se valeu de 540 estudantes universitários, de 17 a 28 anos, pertencentes aos cursos das áreas de humanas e tecnológicas de universidades públicas e privadas da cidade do Rio de Janeiro. A referida amostra foi composta por 270 homens e 270 mulheres. O instrumento traduzido foi composto por 22 itens, que deveriam ser respondidos com base numa escala Likert de 6 pontos.

A aplicação do inventário de Sexismo Ambivalente em amostras populacionais brasileiras reproduziu integralmente as duas formas de Seximo – hostil e benevolente- reveladas pelo estudo original, atestando que estas duas formas de Sexismo constituem construtos independentes. Apesar de independentes, os construtos Sexismo hostil e o Sexismo Benevolente, se mostraram nos resultados obtidos como positivamente correlacionados, o que sugere que estas duas formas de Sexismo constituem facetas ideológicas de um mesmo sistema que diferencia os papéis e posições masculinas e femininas.

No que diz respeito ao Sexismo hostil e aos estereótipos negativos, os homens se mostraram mais sexistas do que as mulheres. As mulheres, por sua vez, rejeitaram o Sexismo Hostil, mas aceitam o Sexismo Benevolente e os estereótipos positivos na mesma proporção que os homens. Tal resultado pode ser interpretado pelo conteúdo presente em cada tipo de Sexismo, já que no primeiro tipo de Sexismo a mulher é ofendida, discriminada e punida, enquanto no segundo tipo, ela é protegida e reverenciada pelo sexo masculino. Ao endossarem em grau semelhante ao dos homens o Sexismo Benevolente, as mulheres estariam adotando também uma ideologia patriarcal, hierárquica e desigual, estimulando as práticas do Sexismo Hostil e contribuindo para a legitimação deste.

Frente a estes resultados, Ferreira (2004) defende que as desigualdades de gênero continuam sendo legitimadas por homens e mulheres pertencentes a diferentes grupos nacionais, sendo o Sexismo Benevolente uma forma implícita de perpetuar as mais variadas atitudes discriminatórias contra as mulheres. Este tipo de Sexismo aceito pelas mulheres, propicia também a aceitação do poder estrutural dos homens e reforça o papel feminino de dependência e busca constante por proteção e apoio oferecidos pelo sexo masculino.

Referência: Ferreira, M. C. Sexismo Hostil e Benevolente: inter-relações e diferenças de gênero. Temas em Psicologia, 12, 2,119-126, 2004.