Tag: homossexualidade
Artigo publicado: heterosexuals acceptance predicts the well-being of same-sex attracted young adult
Título: Heterosexuals acceptance predicts the well-being of same-sex attracted young adults beyond ingroup support
Autores: Sharon K. Dane and Geoff MacDonald
Periódico: Journal of Social and Personal Relationships 2009;26 659-677
Resumo: clique aqui para obter
Artigo publicado: “I’m not gay. . . . I’m a real man!
Título: “I’m not gay. . . . I’m a real man!”: Heterosexual Men’s Gender Self-Esteem and Sexual Prejudice
Autores: Juan Manuel Falomir-Pichastor and Gabriel Mugny
Periódico: Personality and Social Psychology Bulletin 2009;35 1233-1243
Resumo: clique aqui para obter
Análise psicossocial do preconceito contra homossexuais (complemento histórico)
Lucas Carneiro
Nesta presente resenha busco complementar o artigo de Alessandra Ramos Demito Fleury e Ana Raquel Rosas Torres (análise psicossocial do preconceito contra homossexuais) apontando para as raízes históricas e os vieses políticos e ideológicos por de trás do preconceito e a visão infra- humana acerca da homossexualidade. Alertando para propensões teóricas das instituições religiosas judaico-cristãs e das ciências pós revolução industrial e revolução francesa para criar explicações essencialista para melhor controlar o comportamento humano; Tanto sobre a forma de pecado contra a natureza humana, na Idade média, quanto sobre a noção de biologicamente normal ou patológico, pós revolução industrial. Busco, também, apontar que apesar dos preconceitos em relação os homossexuais terem em parte mudados para forma mais sutis e camuflados, por causas dos avanços humanitários e leis que proíbem atos discriminatórios contra os grupos minoritários, não perde seu caráter marginalizatório e excludente.
Antes de qualquer coisa; gostaria de propor uma reflexão sobre uma citação de Sevan tirada do livro: Vigiar e Punir de Michel Foucault. Na qual ele procura demonstrar que o domínio, pela sociedade, da vigilância e da atribuição de direitos e deveres às pessoas não se estabelece apenas no corpo, e sim, principalmente na mente, no controle das idéias pelos conceitos morais de culpa, e percepção de crime e castigo.
Para ele, essas idéias têm de estar fortemente ligadas e se suceder sem intervalo (…) Quando tiverdes conseguido formar assim a cadeia das idéias na cabeça de vossos cidadãos, podereis então vos gabar de conduzi-los e de ser seus senhores. Um déspota imbecil pode coagir escravos com correntes de ferro; mas um verdadeiro político os amarra bem mais fortemente com a corrente de suas próprias idéias; é no plano fixo da razão que ele ata a primeira ponta; laço tanto mais forte quanto ignoramos sua tessitura e pensamos que é obra nossa; o desespero e o tempo roem os laços de ferro e de aço, mas são impotentes contra a união habitual das idéias, apenas conseguem estreitá-la ainda mais; e sobre as fibras moles do cérebro, funda-se a base inabalável dos mais sólidos impérios.
Nesse sentido, a arte de vigiar e punir deve repousar sobre uma tecnologia da representação. Encontrar para um desvio as proposições que convêm é encontrar a desvantagem cuja idéia seja tal, que torne definitivamente sem importância a idéia de se tornar um desviante. Importa, então, à ordem, estabelecer pares de representação de valores opostos, instaurando diferenças quantitativas entre o normal e o anormal, submetendo estas normas categoriais a uma relação de poder. Contudo, essa relação deve parecer a mais natural possível, o que representa estar cada vez mais distante da arbitrariedade. Devem fazer com que pensemos que nossos pensamentos são realmente nossos através de idéias essencialistas para que não reflitamos e apenas repitamos os comportamentos que foram socialmente programados.
Esse trecho é de extrema importância para que reflitamos sobre nossos automatismos julgamentos estereotipados que muitas vezes são feitos sem certa reflexão histórica prévia. E para que antes que saímos brigando e vociferando preconceitos feito os macacos da parábola que brigavam sem saber o porquê; sem saber do condicionamento passado com o jato de água; proponho esta análise histórica da construção social dos conceitos sobre homossexualidade.
O primeiro registro sobre a homossexualidade data 12.000 mil anos antes de cristo. É um registro arqueológico da Era Paleolítica onde algumas pinturas de caverna e centenas de “batons” fálicos foram encontrados na caverna de Gorge d’Enfer em Dordonha na França. Entre os exemplares encontrados destaca-se um dildo duplo supostamente utilizado para em relações sexuais entre mulheres.
Outros registros arqueológicos apontam para 5000 AC na Era Mesolítica onde o homo erotismo está representado em uma rocha encontrada em Addara na Sicília. Nessa inscrição em rocha, homens e mulheres dançam ao redor de duas figuras masculinas com ereção. Supõe-se que esse registro represente uma relação homo erótica.
No século XXVI a.C. (2600 a.C.) na Tumba do faraó Niuserré na 5ª dinastia do império egípcio, os cabeleireiros e manicures da grande casa, Nyankh Khnom e Khom Hotep, foram retratados numa pintura onde insinua-se um beijo homossexual entre homens. Segundo estudiosos da história do Egito há de se considerar que o beijo entre homens não têm, necessariamente, uma conotação homoerótica, sendo muitas vezes manifestados como uma relação de amizade em várias civilizações até os dias atuais
No século XXVI a.C. (2600 a.C.) na Tumba do faraó Niuserré na 5ª dinastia do império egípcio, os cabeleireiros e manicures da grande casa, Nyankh Khnom e Khom Hotep, foram retratados numa pintura onde insinua-se um beijo homossexual entre homens. Segundo estudiosos da história do Egito há de se considerar que o beijo entre homens não têm, necessariamente, uma conotação homoerótica, sendo muitas vezes manifestados como uma relação de amizade em várias civilizações até os dias atuais
sec. XX a.C.A civilização Mochica da região dos Andes na América do Sul retratava a penetração per annum em 3% da coleção das cerâmicas coletadas pela Família Larco com datação estimada em 1000 a.C. Há informações também de que várias esculturas em Ouro das civilizações pré-coloniais dos Andes que representavam a prática do homoerotismo foram derretidas com a chegada dos espanhóis no continente.
630 A.c. – Aristocratas Dorianos da Grécia antiga assumem relações pederástas formais entre adultos nobres e homens adolescentes com o objetivo de educar a população e conter o crescimento populacional. Os registros mais conhecidos da homossexualidade foram resgatados da história da Grécia e Esparta. Durante os séculos VII a.C. a VI a.C. a grécia antiga vivenciou grandes fatos históricos, representados através de sua arte onde a homossexualidade é abordada. Nesse período o poeta Álcman escreveu um coro às virgens onde muitos historiadores acreditam haver uma simbologia de homo erotismo entre mulheres; a poetisa Safo da Ilha de Lesbos, que alguns historiadores consideram como bissexual, escreve vários poemas que alcançam tanto homens como mulheres. Segundo o historiador grego Plutarco, Sólon, homem de estado, legislador e poeta lírico de Atenas mantinha relações homossexuais com Pisístrato. A homossexualidade também teve registos históricos reconhecidos de afeição e convivência nesse período.As relações pederastas se espalharam pela Grécia antiga, influenciando os esportes, a literatura, a política, a filosofia, as artes e a comunidade causando, segundo alguns estudiosos, um grande florescimento cultural; também é considerara e valorização dabeleza muscular e a nudez atlética nesse período.
Depois desse breve histórico o que podemos dizer? Podemos dizer que todos esse povos eram profanos porque não tinham Deus nos seus corações e por isso praticavam esses atos abomináveis contra a “natureza humana” ou podemos dizer que a mudança de valores eticos e morais sobre a sexualidade humana (determinando o certo do pecado) foi mudado para atender interesse politicos e militares de dos hebreus, mais especificamente a tribo de Judá que posteriormente terá o nome de judeus. Como todos conhecem os judeus foram escravos dos egipicios fugiram para Canaã chegado na “ terra prometida” foram escravidos pelos assirios , depois pelos babilônios , depois pelos Persas e por fim pelos Romanos. Então, em um dado momento de sua história os judeus perceberam que o único meio de se libertar a escravidão seria aumentando seu contingente populacional para fortalelecer seu exercito ( na época o poder de um povo era estipulado pelo força de seu exército e como antigamente não tinha bomba atômica e armas de exterminio em massa; essa força de uma exercito significava o número de pessoas que ele possuia). Então, desta forma, os Judeus para aumentar seu contigente populacional e liberta-se das escravidão para enfim dominar a “terra prometida”; fazeram uma revolução ética e moral de todos os valores vigentes a época e criaram mitos como de Onã e de Sodoma e Gomorra para recriminar qualquer forma de ato sexual que não estaria destinado a procriação; como por exemplo, sodomia , masturbação e derivados. E então, a partir deste momento passou a santificar e naturalizar o casamento, familia, o homem heterossexual e filhos; e a punir a todos que não se encaixavam nesses parâmetros.
Há algumas passagem no velho testameto que condenam a homossualidade, como por exemplo : “Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é toevah (também no grego bdelygma, ambos significam “impureza” ou “ofensa ritual”).” (Levítico 18:22) e “Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão “toevah”. (Levítico 20:13). Evidenciando, assim, dentro dessa perspectiva religiosa os preconceitos eram mais rigorosos aos homens; sobre tudo aos que eram passivos, pois, dessa, forma se igualariam e tornariam inferiores como as mulheres. Vale lembrar que as mulheres por toda historia foram consideradas inferiores moralmente e culpadas pelo pecado original (Se vocês acham isso muito, basta lembrarem se da bula emitida pelo Papa Inocêncio VIII durante 5 de dezembro de 1484, ,na qual desiginava os frades dominicanos James Sprenger e Heinrich Kramer para escreverem um manual Malleus Maleficarum -O Martelo das Feiticeiras-, escrito em 1486 ,visando ensinar os juízes a reconhecerem e punir as bruxas em seus múltiplos disfarces e atitudes. Não precisa nem dizer que milhares de mulheres foram mortas injustamente acusada de bruxarias durante a inquisição e deixando, assim, um imenso legado de repressão, medo e submissão ).
Já no novo testamento passagens como: “Não errais: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem os ladrões nem os bêbados … herdarão os reino de Deus” (I Coríntios 6:9-10). Representam o controle da sexualidade humana através do medo do inferno. Devida a queda do império romano , invansão babarbaras, feudalismo, peste , caos publico. A igreja catolica passa ser a mais poderosas instituição existente da idade media, tanto financeiramente quanto politicamete; desta forma, então passa a a ter a prerrogativa de dizer a verdade , criar e estipular normas e padrões e normas de condutas a serem seguidos. Então, és que aparece a figura de Tomás de Aquino , considerado por muitos como mais santo dos sabios e o mais sabios dos santos, criador do mecanismo mais eficiente para controlar o comportamento sexual humano na época – mecanismo de controle pelo medo do pecado.
Tomás de Aquino foi o responsável pela pecaminização da qualquer forma de sexo que não fosse destinada a procriação e estipulação de normas de condutas para a copula entre homens e mulheres como por exemplo: o sexo só seria permetido dentro do casamento heterosexual com fins procriativos, não poderia fazer sexo em pé porque não somos bichos , a mulher nunca podeia ficar por cima na relação sexual porque seria contra a natureza divina; E por acaso se as pessoas não seguissem essas normas estariam condenadas a arder no fogo do inferno ou na fogueira da inquisição.
Tal autor inclui a homossexualidade entre os pecados contra naturam- contra natureza- ( não se deve disperdiçar o sêmem em vasos profanos , somente nos vasos sagrado- vagina- para procriação), junto com a masturbação e a relação sexual com animais. Para Tomás, esses pecados sexuais são mais graves do que os pecados secundum naturam, embora estes se oponham gravemente à ordem da caridade, por exemplo: adultério, violação, sedução. Isto porque, para Aquino, a ordem natural foi fixada por Deus e sua violação constitui uma ofensa ao Criador, o que seria para ele mais grave do que uma ofensa feita ao próximo (cf. Suma Teológica, II-II, questão 154, artigo 11, corpo). Santo Tomás de Aquino chega a colocar a prática da homossexualidade no mesmo plano de pecados torpíssimos, como o de canibalismo. A partir de então, devido a enorme influência do pensamento tomista no cristianismo, a palavra “sodomia” popularmente foi-se desvinculando de seu sentido filológico original e passou a ser, em quase todo mundo, conotativa de homogenitalidade, ou então sexo anal, seja este hétero ou homossexual.
Então depois de muitas inquisições; mandando para fogueira sodomitas , hereges, feiticeiras e judeus. A igreja católica começa perder a prerrogativa de ter o poder para dizer a verdade para ciência. O saber religioso devido aos movimentos como renascimento , iluminismo , revolução francesa ( ascenção da buruesia ), revolução industrial foram se tornandos obsoletos. Então, assim,a ciência, , passar a ser o discurso mais conviniente para legitimar os interesse politicos das elites dominantes pós revolução industrial.
Surgi , assim, o cientificismo racista , com teorias como a frenologia, eugenia, darwinismo social; teóricos como Francis Gall, Francis Galton, Paul broca, Gobineau, Lavanter entre outros; Todos esse ,buscavam maneiras, meio que de maneira “inconsciente” de legitimar a superioridade racial, através dos vieses biologicos e cientificos, do homem ,heterossexual, branco, europeu sobre as mulheres, homossexuais, negros, asiaticos e africanos e latinos. Não devemos esquecer que essas teorias serviram como desculpas, fachadas essencialistas e biológicas com o intuito de legitimar “legalmente” a politicas neocolonialisas desses povos sobre os demais.Então , dessa forma, passam a afirmar que a homossexualidade é um disturbo orgânico, perversão da mesma forma que buscavam afirmar biologicmente e cientificamete qe os negros e a mulheres são inferiores aos brancos e homens respectivamente.
Com a passagem do século 18 e o enaltecimento da racionalidade em detrimento da fé; o mecanismo de controle da sexualidade passa não ser mais legitimado pela definição moral de certo ou pecado, e sim, agora, através, da “neutralidade cientifica” do biologicamente normal ou patológico.
Como prova dessa pseudo neutralidade dessa ciência que só fazia repetir valores morais introjetados seculos atrás; podemos citar fatos mirabolantes como A descoberta do espermatozóide, em 1677, motivou a Medicina a se associar à Igreja Católica para qualificar a masturbação como uma doença abominável e um mal moral, uma vez que o espermatozóide veio a ser considerado como um bebê em miniatura. Mas tarde a ciência o século 18 passou a legitimava a companha anti- masturbatoria que a enxergava a masturbação como uma doença que provocava distúrbios do estômago e da digestão, perda do apetite ou fome voraz, vómitos, náuseas, debilitação dos órgãos respiratórios, tosse, rouquidão,paralisias,tuberculose e podendo até causar loucura e enfraquecimento do órgão de procriação a ponto de causar impotência, falta de desejo sexual e ejaculações nocturnas e diurnas.
Outro exemplo é o deSamuel Auguste Tissot que em 1758, publica o “Ensaio sobre as doenças decorrentes do Onanismo”, em que diz que esta doença ataca os jovens e libidinosos e, embora comam bem, emagrecem e consomem seu vigor juvenil. E no inicio do século 19 no dicionário das ciências médicas de Serruer- descrevia o jovem masturbador como esses sintomas fisicos : “pele terrosa, lingua vacilante, olhos cavos, gengivas retraidas e cobertas de ulceraçoes que anunciavam uma degradação escorbutica”.
Então ,desta forma, ficava dificil separar , naquela época, o que era ciência , o que era politica, o que era religiao e o que era verdade. Isso é que nos leva a pensar materialmente da seguinte forma : Como os homossexuais não poderiam suprir os ideais burgueses patriarcais de familia e dar filhos ( mão de obras para o sistema) , para sustentar esta nova forma de politica capitalista ;o pensamento do pecado nevano (introjetados e condicionados ao longo dos séculos pela religião católica e judaica) verticalizou para os conceitos de patológico, doente , anormais e inerentemente pervetidos; fadados, assim, os homossexuais a marginalização e exclusão social. Em decorrência , dessa confusão ideológica de enxergar , não era de se adimirar que muitos cientistas buscassem reverter os homossexualidade na base de muita porrada e tratamento de choques e reprimi-la atravésl de leis penais que buscassem crimilaliza-las. Como por exemplo:
Em 1870, um texto de Westphal intitulado “As Sensações Sexuais Contrárias” definiu a homossexualidade em termos psiquiátricos como um desvio sexual, uma inversão do masculino e do feminino. A partir de então, no ramo da Sexologia, a homossexualidade foi descrita como uma das formas emblemáticas da degeneração. Nessa época já existiam leis que proibiam as relações entre pessoas do mesmo sexo.
Em 1890, o Codigo penal republicanos brasileiro prévia punição de práticas homossexuais entre homens. Durante o Estado Novo (1940) , o júrista Alcântara Machado redigiu o código penal e introduziu a proposta de criminalizar de maneira explicita homossexual do sexo masculino quando causarem escândalo público; impondo-se ambos os participates detenção até um ano.
Terapias de Choques Elétricos aplicadas por Ugo Cerletti a partir de 1938 para várias finalidades, incluido a tentativa de cura para a homossexualidade utilizando o pressuposto de que se a homossexualidade tem explicações neuro-bioquímicas, então ela é curável. Na mesma linha, a lobotomia, desenvolvida por Antônio Egas Moniz em 1935 também foi aplicada como tratamento da homossexualidade até 1979 na Alemanha.
Em 1968 o DSM a homossesualidade aparecia no capitulo de desvios sexuais,como um tipo de aberração na qualo interesse sexuais são dirigidos primariamente a objetos outros que não pessoas do sexo oposto.
Até a decada de 90 a maioria do spsicologos argumetavam que a homossexualdade era um disturbio psiquico. Até a penultima edição da Classificação Internacional de Doenças ( CID-9) de 1985, esa orientação era formalmente cosiderada patologica.
Então depois, desse breve histórico, fica evidenciado todo o processo de marginalização e exclusão social dos homossexuais. E por mais que estejamos com certa abertura a respeito do tema, leis humanitárias que punam e condenem a discriminação dos grupos minoritários; É ainda muito difícil transgredir anos de condicionamento mental e social. Então, desta forma, corroborando com os estudos de Alessandra Ramos Demito Fleury e Ana Raquel Rosas Torres; atesto o mesmo: os preconceitos em relação aos homossexuais não vem se acabando, e sim, tornado cada vez mais “sutil”, remanescendo ainda os mesmos vieses essencialistas e discriminatórios de séculos atrás; principalmente quando se trata da homossexualidade masculina. Isto porque a escolha de um parceiro sexual oposta ao da maioria estaria transgredindo séculos de condicionamento socias e conceitos de gênero, papéis e scripts de comportamentos “ditos naturalmente masculinos” são reforçados pela nossa sociedade e que foram alicerces da construção de todas as civilizações ocidentais. É necessário que percebamos que esses constructos depreciativos em relação a homossexualidade não vieram do nada , nem são muito menos naturais, e sim, foram criados socialmente ao longo dos séculos para atender demandas e interesse econômicos e políticos; que visavam controlar e disciplinarizar os comportamentos humanos através, principalmente, pela divisão do trabalho dentro de uma sociedade capitalista e construção de uma família “normal” para atender a demanda de darem novos “filhos” para o sistema.
Referências:
Fleury, A. e Torres, A. Análise psicossocial do preconceito contra homossexuais. Estudo de Psicologia (Campinas) 24, 4, 475-486; 2007
http://pt.wikipedia.org/wiki/Homossexuais
Foucault, Michel. A História da Sexualidade I (A Vontade de Saber). Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
Foucault, Michel, História da Sexualidade 2: O Uso dos Prazeres, Rio de Janeiro, Graal, 1984
Foucault, Michel Vigiar e punir. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987.
Resenha: Análise psicossocial do preconceito contra homossexuais
Lucas Carneiro
Estudos a respeito do preconceito e da discriminação realizados em vários países demonstram que esse fenômeno vem assumindo formas cada vez mais sutis. O trabalho das respectivas autoras Alessandra Ramos Demito Fleury e Ana Raquel Rosas Torres insere-se nesse campo de estudo e investiga os efeitos da orientação sexual no processo de infra-humanização. Dele participaram 135 estudantes de pós-graduação na área de recursos humanos. A eles era solicitado que respondessem um questionário no qual avaliavam indivíduos homossexuais ou heterossexuais, atribuindo-lhes traços naturais e culturais, objetivando verificar a presença do processo de infra-humanização no preconceito contra os homossexuais. Diferentemente de outros estudos na área, os resultados indicaram que o preconceito contra os homossexuais se expressa de forma mais sutil que flagrante, apresentando uma maior atribuição de características positivas para o grupo majoritário e não se diferenciando em termos de atribuição de características negativas para o grupo minoritário. Esses resultados são discutidos, ressaltando-se a importância de mais estudos sobre o tema, tão pouco estudados por psicólogos sociais.
Segundo Gordon Allport o preconceito seria o preconceito seria “uma atitude evitativa ou hostil contra uma pessoa que pertence a um grupo simplesmente porque ela pertence àquele grupo, e está, portanto, presumido que objetivamente ela tem as qualidades atribuídas ao grupo”. Estudos atuais têm demonstrando que a existência de transformações na sua forma de expressão; apresentando-se de maneiras mais discretas mais não menos violentas os preconceitos nas sociedades modernas. Apesar de alterações do ponto de vista sócio legal sobre a situação dos grupos minoritários; declaração dos direitos humanos que a mais de 50 anos proíbe qualquer forma de discriminação, além de diversas emendas constitucionais proibindo o preconceito e a discriminação, contribuiu para que as pessoas percebessem que a norma do igualitarismo estava fortemente presente na sociedade e que comportamentos discriminatórios não mais seriam tolerados; o preconceito contra os homossexuais continua forte; mas, agora, porém de maneiras mais “sutis”, contra-controlados pela “opinião publica”.
Diversos estudos na Europa e nos Estados Unidos demonstram que o preconceito tem mudado suas formas de expressão, buscando atender à norma do igualitarismo, mas não há evidências de que ele tenha de fato desaparecido. O preconceito racial na Europa apresenta-se sob duas formas: o flagrante e o sutil. O racismo flagrante é a forma mais tradicional de expressão do preconceito, sendo ela mais direta, quente e aberta. Já o racismo sutil é a forma mais contemporânea de discriminação, é discreta, fria, indireta e, dessa forma, além de preservar a expressão do preconceito atende à norma da não discriminação, em que as pessoas consideram inaceitável ser preconceituoso e temem ser mal vistas por apresentarem tal comportamento. Encontraram evidências de que expressões mais sutis desse fenômeno estão desenvolvendo subprodutos que atendem à necessidade de perpetuação dos comportamentos discriminatórios ao mesmo tempo em que preservam a imagem igualitária dos atores sociais. De acordo com Leyens et al. (2000), um desses subprodutos é o processo chamado de infra-humanização. Leyens et al. (2003, p.705) afirmam que “do ponto de vista etimológico, infra-humanização expressa o sentido de que alguns humanos são considerados menos humanos do que outros”.
Essa perspectiva da infra-humanização está pautada na essencialismo psicológico, na qual afirma que as pessoas têm essências e são naturalmente “boas” ou “más” e “normais” ou “divergentes”. A partir dessa concepção as pessoas dos grupos minoritários serão dotadas de características que, de alguma forma, as transformem em “menos humanas”.
Na área da Psicologia Social, o preconceito racial e étnico tem sido um dos temas mais ativamente pesquisados. No entanto o preconceito contra homossexuais não tem recebido a mesma atenção Essa falta de atenção da Psicologia Social sobre o tema opõe-se ao grande interesse que a sociedade moderna tem revelado a respeito das questões relacionadas à homossexualidade de forma geral. Esse interesse é perceptível tanto nos movimentos que lutam pelos direitos dos homossexuais, tal como a parada gay, que cresce em número de participantes todos os anos, no Brasil e no mundo, como em programas sociais que têm como objetivo diminuir o preconceito. O programa “Brasil sem Homofobia”, lançado em 2004, é uma resposta aos altos índices de discriminação contra o grupo. Ele atende a casos que vão desde a exclusão social até a atos violentos contra essa minoria.
Pesquisas no Brasil apontam que 18% de goianienses e 11,9% de porto-alegrenses acreditam que a homossexualidade é uma doença, configurando esses percentuais como os maiores índices do país. Essa pesquisa também constatou que 33% dos pais de alunos goianos não gostariam que os filhos tivessem colegas de sala homossexuais e 25% dos estudantes pesquisados não gostariam de ter um colega de classe homossexual (resposta majoritariamente emitida por estudantes do sexo masculino). As capitais que obtiveram maior índice de rejeição foram Fortaleza,Recife e Goiânia.
Os poucos trabalhos sobre o preconceito e a discriminação contra homossexuais realizados no Brasil (Falcão, 2004; Lacerda et al., 2002; Pereira, 2004) apresentam resultados que apontam a expressão flagrante do preconceito contra os homossexuais, ou seja, mais aberta e mais direta, menos preocupada em atender às normas do igualitarismo.
Spencer (1999) defende que a análise da história da sexualidade evidencia o preconceito contra os homossexuais como uma construção sócio-histórica. A instituição Igreja Católica modelou essa construção e ainda controla e direciona, de alguma forma, como os homossexuais são encarados pela sociedade. Assim, o estudo de Pereira (2004) buscou avaliar como as diferentes explicações para a homossexualidade e as características sociográficas, principalmente a religião dos participantes envolvidos em seu estudo, ancoram o preconceito contra os homossexuais. As explicações utilizadas no estudo são os cinco tipos constatados por Lacerda et al. (2002): explicações biológicas, psicológicas, religiosas, ético-morais e explicações psicossociais. Partiu-se do suposto de que as explicações da homossexualidade funcionam como um sistema de justificação normativo, que oferece aos participantes do estudo a possibilidade de discriminar e expressar atitudes hostis ao grupo de homossexuais, sem “ameaçar a percepção de que eles estariam executando ações para o bem- -estar social, pois estaria a serviço de Deus quem é ‘Bom’ por natureza” (Pereira, 2004, p.107). A análise dos dados do estudo de Pereira (2004) confirma a hipótese geral de Lacerda et al. (2002) de que as explicações sobre a homossexualidade se dividem em cinco tipos, conforme exposto anteriormente. A explicação biológica estaria baseada na idéia de que a homossexualidade seria uma doença provocada por distúrbios de natureza fisiológica, hormonal ou gestacional. A explicação ético-moral representaria a crença de que a homossexualidade está relacionada com a ausência de respeito, de caráter e de valores morais do indivíduo. Já a explicação religiosa aponta o homossexual como uma pessoa que não segue a palavra de Deus, que não tem força espiritual e religiosidade para resistir às tentações. A explicação de ordem psicossocial organiza as crenças de que a homossexualidade não é doença e deve ser compreendida na sua totalidade, pois trata da forma distinta pela qual cada um vive sua sexualidade, que é parte da identidade do sujeito. Por último, temos a explicação psicológica, constituída pela crença de que a homossexualidade é resultado de traumas experienciados na primeira infância.
A depender da posição de uma pessoa sobre as causas da homossexualidade seus preconceitos serão exprimidos de formas diferentes As pessoas que dão explicações psicossociais para a homossexualidade, e acreditam que se deva tentar compreendê-la em sua totalidade, são favoráveis à adoção de crianças por homossexuais. Já as pessoas que consideram a falta de caráter, de respeito e de valores morais como causas da homossexualidade são contrárias à adoção de crianças por homossexuais, além de terem sido classificadas como preconceituosas flagrantes, ou seja, acreditam que a explicação da condição do homossexual por si só justifica as atitudes discriminatórias dirigidas ao grupo.
A analise psicossocial da homossexualidade enxerga as pessoas que dão explicações psicossociais para a homossexualidade, e acreditam que se deva tentar compreendê-la em sua totalidade, são mais favoráveis à adoção de crianças por homossexuais. Já as pessoas que consideram a falta de caráter, de respeito e de valores morais como causas da homossexualidade são contrárias à adoção de crianças por homossexuais, além de terem sido classificadas como preconceituosas flagrantes, ou seja, acreditam que a explicação da condição do homossexual por si só justifica as atitudes discriminatórias dirigidas ao grupo estudo, no caso a infra-humanização ( incapacidade de expressar comportamentos e características humanas e valores considerados humanos, tais como compaixão, solidariedade, educação.), visto que se apresenta como uma alternativa à perpetuação do preconceito numa sociedade em que as normas anti–racistas estão presentes.
O estudo das autoras sobre diferenciação no nível de traços culturais dos heterossexuais e dos homossexuais é baseado nos estudos de Moscovici e Pérez (1999) sobre a infra-humanização como essencialização das diferenças em termos de desculturalização sejam compreendidos. Essa teoria envolve a compreensão do que são considerados “traços naturais” e “traços culturais”. Os primeiros, traços naturais, são definidos por Moscovici e Pérez (1997) como características que podem ser atribuídas tanto aos seres humanos como aos animais, tais como: intuitivo, livre, espontâneo, selvagem, impulsivo, entre outras. Já os “traços culturais” são aqueles típicos do ser humano, tais como criativo, leal, fiel, cooperativo, amigável, etc., também resultantes do processo de socialização.
Com a hipótese de que possivelmente serão atribuídos mais traços culturais para o grupo dos heterossexuais do que para o de homossexuais; – possivelmente não haverá diferença significativa na atribuição de traços naturais entre o grupo de homossexuais e o grupo de heterossexuais. Apesar de os resultados não indicarem a presença dos componentes de infra-humanização no preconceito contra os homossexuais na amostra pesquisada (muito pequena por sinal; e feita com pessoas com nível superior, ou seja, apresentam muitos recursos para controlar suas opiniões para evitar punições púbicas), eles apontaram para uma diferenciação significativa na atribuição de características positivas entre os grupos. Os resultados deste estudo apontam o preconceito dirigido ao grupo de homossexuais como sutil, diferentemente de outras pesquisas na área, que indicavam a existência de um maior percentual de preconceituosos flagrantes (Lacerda et al., 2002; Falcão, 2004; Pereira, 2004).
Depois da analise desse artigo fica clara a necessidade de investigarmos a configuração do preconceito e da discriminação contra o homossexual em nossa sociedade para que possamos compreender os mecanismos que promovem essa situação e, assim, estarmos aptos a propor intervenções que venham diminuir, ou, preferencialmente, eliminar os conflitos intergrupais, favorecendo o bem-estar social.
Referência: Fleury, A. e Torres, A. Análise psicossocial do preconceito contra homossexuais. Estudo de Psicologia (Campinas) 24,4,475-486;2007
Resenha: Flutuações e diferenças de género no desenvolvimento da orientação sexual – Perspectivas teóricas.
Aílton Alves de Araújo
Em busca de uma definição no sentido de uma orientação sexual, partindo da premissa relacional, a visão sobre a perspectiva das identidades individuais e relacionais, fatalmente nos levará aos conceitos de gênero e sexo que dentro dos comportamentos encontraram-se expressões como: homem/mulher, masculino/feminino, heterossexual/homossexual dentre outros.
Convém atentar para as diferenças, que segundo Milton Diamond (2002), diz que sexo se refere a estrutura anatômica e gênero traduz os aspectos psicossociais do sexo e estes conceitos devem ficar claramente mantidos para se proporcionar uma melhor identidade psicológica.
Dentro de uma perspectiva teórica, a identidade sexual pode ser entendida do ponto de vista do desenvolvimento em três dimensões: a identidade de gênero, os papéis sexuais e a orientação sexual.
Nestes aspectos, encontramos a definição biológica do sexo propriamente dita e que aliado a isso, a configuração de gênero que será formatado pela sociedade quanto aos papeis sexuais e sociais que vai está intimamente ligado às características de ser homem ou ser mulher e que neste caso, estará assim vinculado ao que se espera diante do gênero, entretanto, ao longo do desenvolvimento, esta categoria irá se consolidar ou mimetizar de acordo com a interação do indivíduo.
A identidade de gênero na dimensão dos papeis sexuais e sociais poderá ser formatado entre masculinidade e a feminilidade. Na orientação sexual é onde se pode dizer que surge a inclinação pelos parceiros do sexo oposto, do mesmo sexo ou de ambos, onde segundo os teóricos, se configuram duas situações: uma é a preferência física sexual e a outra é a preferência afetiva.
De acordo Fausto Starling (1999), explicações táteis a respeito da bidirecionalidade da identidade sexual, pode se encontrar numa escala explicativa entre a biologia e a cultura.
Baseado no parecer de Lisa Diamond há controvérsia quanto ao estudo da sexualidade, sobretudo a feminina, onde se vê a orientação sexual como uma predisposição para atração com pessoas do mesmo sexo, sexo oposto ou ambos. Sua contestação reside no fato de que a identidade de gênero e os papeis sexuais passam por períodos de desenvolvimento ao longo do tempo que vão de uma fase precoce ao início da idade adulta do indivíduo, onde se deve considerar o contexto social, histórico e cultural também como fatores de influência.
A identidade sexual pode variar baseado numa observação longitudinal onde se perceba que as atrações e comportamentos se alterem por influência das mudanças freqüentes, sem isso, não se pode inferir que pelo fato de uma situação tópica, o indivíduo por adotar comportamento ou atração homossexual ele tenha uma identidade homossexual. Analisando tal situação de forma crítica, isso se configura no campo de sua subjetividade, uma vez que a identidade se relaciona com o sentir-se e ver-se como homossexual (Davies & Neal, 1999).
Partindo da premissa da criação da subjetividade do indivíduo, os processos de categorização social e as representações sociais criados dentro da idiossincrasia de um povo, onde os indivíduos de forma incongruente descrevem a sua sexualidade ocultando comportamentos e fantasias sexuais, a utilização do termo “homossexual”, seria inadequado uma vez que a orientação sexual, deverá ser estável e duradoura (Albuquerque, 2006).
Quanto à fluidez na orientação do desenvolvimento sexual, ainda existem pontos divergentes entre os teóricos, ao passo que uns acreditam na desvalorização dos processos longitudinais pela pseudo existência de um self verdadeiro diante de uma transição de uma identidade heterossexual à identidade homossexual ou bissexual, o qual adquire característica invariável na identidade sexual (Diamond, 2000). Por outro lado, outros teóricos atestam bastante fluidez na orientação sexual da mulher onde elas demonstram muitas mudanças nas atrações sexuais ao longo do tempo.
Muito embora seja um aspecto de caráter não consensual entre os teóricos, mas, toma-se essa fluidez na orientação sexual da mulher como ponto de partida, para referir mudanças longitudinais na identidade sexual, nas atrações e nos comportamentos (Diamond, 2000).
Apesar das alterações sexuais não se apresentarem com mudanças relevantes sobre a bissexualidade, mesmo assim, dá margem a alguns autores (Weinberg e colaboradores, 1994, Diamond, 2004) a interpretar como um potencial para as experiências íntimas sem a predominância de um único sexo, o que para eles pode-se traduzir numa instabilidade exercendo reflexos sobre a identidade sexual. No tocante à bissexualidade sendo em homens ou mulheres, deduz-se daí que há maior possibilidade pela via das experiências ambíguas sexuais de que se crie uma subjetividade pautada nas influências ambientais.
No que tange à perspectiva ambiental, o indivíduo busca uma congruência dentro de uma estimulação caótica do meio e diante da tensão psicológica deste meio, com intuito de se atingir a homeostase comportamental, o indivíduo pode declinar para uma identidade homossexual congruente e vice-versa.
Apesar de alguns estudos não encontrarem alterações significativas no que concerne à diferença de gênero no desenvolvimento da orientação sexual, alguns autores atestam e mostram as evidências de tal existência. Segundo Herdt e Boxer (1993) através de suas pesquisas indicaram que os jovens do sexo masculino iniciam precocemente suas experiências homossexuais do que os indivíduos do sexo feminino cujas diferenças são significativas. Quanto ao indivíduo feminino, incide grande probabilidade de que suas primeiras experiências sexuais sejam de caráter heterossexual antes de experienciar ações homossexuais.
Nestas circunstâncias onde parece prevalecer mais relevância sobre gênero do que na orientação sexual, neste sentido, pesquisadores indicam que a análise deverá ser feita sob a perspectiva individual de cada gênero, bem como as descrições fenomenológicas associadas e as experiências subjetivas no que tange aos sentimentos e comportamentos sexuais como mantenedores de valores à identidade sexual.
Assim, se pode concluir que na consolidação da identidade sexual, a diferença de gênero que atrelada a comportamentos sexuais, a quantidade de parceiros e a idade de iniciação, se configuram como aspectos mais relevantes da diferenciação do que a própria orientação sexual.
Considerações
Diante da complexidade do tema, concita-nos a uma reflexão profunda sobre como se constrói uma identidade sexual e os aspectos relevantes que de forma epistemológica devem ser considerados.
Ao serem analisados os processos longitudinais em busca de consolidação das identidades, isso deverá ser feito de forma criteriosa e buscar sempre dados representativos que possam fidedignamente asseverar.
Como vimos, a construção da subjetividade e da individualidade, passa pelo crivo de uma interação social onde o processo cultural e histórico é parte integrante deste contexto. Assim, não se pode conceber a construção da identidade sexual partindo de uma análise isolada e abstendo-se da compreensão da dicotomia biologia X ambiente ou até mesmo desconsiderar a temporalidade e as observações longitudinais com suas respectivas transformações.
Ficou claro que para a formação da identidade sexual, torna-se necessário levar em consideração os seus três fatores (identidade de gênero, os papeis sexuais e a orientação sexual), onde, baseado nos investigadores, dentro de uma visão criteriosa, é sabido que os indicadores que dão consistência à identidade bissexual, se constituem como um ponto de transição para uma possível eclosão da homossexualidade.
Uma das primeiras teorias formuladas para compreender a homossexualidade, intitulou-a como caráter perverso, entretanto, nos tempos atuais, ainda se busca compreender dentro de um campo fisiológico, genético, comportamental, psicológico, físico, metafísico de leigos e cientistas a sua verdadeira gênese.
Bibliografia: Almeida, J. e Carvalheira, A. A. Flutuações e diferenças de género no desenvolvimento da orientação sexual: Perspectivas teóricas. Análise Psicológica, 25, 3, 343-350, 2007
Estereótipos e anedotas: o psicólogo e a homossexualidade
Contribuição: Daiana Nogueira e Marcus Vinicius Alves
O psicólogo para o paciente:
— Acabo de analisar o seu teste de personalidade e tenho boas e más notícias.
— Diga-me primeiro a má notícia, doutor!
— Você tem fortes tendências homossexuais.
— E a boa?
— Ai, você é uma gracinha!
Na seguinte piada observa-se a clara patologização da homossexualidade e a estereotipização do psicólogo como um remédio para os supostos “males psicossociais”, mesmo quando estes assim não são classificados. Assim a anedota explicita dois preconceitos, contra os homossexuais e o da atividade do psicólogo, trazendo o próprio profissional como um ser humano com suas particularidades, inclusive a opção sexual.
Estereótipos e publicidade: hora alegre?
Contribuição: Clara Vasconcelos
Artigo publicado: Lesbian sexual assault survivors
Título: Psychological outcomes among lesbian sexual assault survivors: an examination of the roles of internalized homophobia and experiential avoidance
Autores: Sari D. Gold, Benjamin D. Dickstein, Brian P. Marx, Jennifer M. Lexington
Periódico: Psychology of Women Quarterly, 33, 2009, 54-66
Resumo: clique aqui para obter
Artigo publicado: Well-being in same-sex versus mixed-sex romantic relationships
Título: Perceived social network support and well-being in same-sex versus mixed-sex romantic relationships
Autores: Laura K. Guerrero, Angela G. La Valley, and Lisa Farinelli
Periódico: Journal of Social and Personal Relationships 2008;25 769-791
Resumo: clique aqui para obter