Notícia do dia: conheça seus limites

Editorial do The Scotsman, da Escócia, discute os impactos negativos da ingestão exagerada de bebida alcoólica entre os escoceses e, pedindo desculpas pelos uso dos estereótipos, indica os limites de tolerância de homens e mulheres. Clique aqui para ler.

Notícia do dia: uniformes colegiais na Malásia

Matéria publicada pelo jornal The Star, da Malásia, relata as reações à condenação ao uso de uniformes “provocantes” por colegiais da Malásia. De acordo com a Associação Nacional dos Estudantes Islâmicos da Malásia os uniformes encorajam o sexo antes do casamento e as agressões sexuais. Clique aqui para ler a matéria

Resenha: Os Flintstones e o preconceito na escola

Aline Costa

Intolerância ao diferente. Em suma, essa frase traduz todas as páginas do artigo de Tânia Maria Baibich sobre o preconceito na escola. Tomando como exemplo o nefasto 11 de setembro, dia em que ocorreu uma tragédia representativa – que tinha como pano de fundo o horror ao diferente – Baibich utiliza a atitude de um personagem de desenho animado, o Fred Flintstone, que “varre a sujeira para debaixo do tapete” para fazer analogias às práticas adotadas contra o preconceito no ambiente escolar. Nesse sentido, ela aponta uma característica peculiar do nosso país que é a manutenção de práticas preconceituosas por meio do agravamento do silêncio que pesa em favor do preconceito.
Diante dessa perspectiva o presente artigo nos leva a considerar que o contexto de discriminação e preconceito no cenário nacional revela questões extremamente delicadas e de difícil solução. Se se procura determinar as causas que levam a manifestação do preconceito e as estratégias que podem ser utilizadas para sua posterior diluição no intuito de construir uma sociedade cujas relações sejam mais saudáveis, é lamentável afirmar que tais atitudes não devem ser consideradas pertinentes, quiçá eficazes quando se busca minimizar as imagens negativas vinculada aos grupos-alvo.
Essa impossibilidade se deve ao fato de que, no Brasil, intolerância ao diferente é pautada na crença de que não há intolerância e o que ocorre comumente é um aparente tratamento cordial para com os membros discriminados. Ora, como estabelecer as bases para a dissolução de comportamentos discriminatórios e crenças preconceituosas se essa postura é, invariavelmente, atribuída ao outro. Deve-se concluir então que a falsa ideologia de que vivemos num país em que as diferenças são aceitas e valorizadas só problematiza a questão, pois nenhuma regra, nenhuma lei, nenhuma intervenção fará sentido enquanto for direcionada para o inexistente.
Apesar das evidências cotidianas, das pesquisas acadêmicas e dos notórios dados estatísticos, o país considera-se livre de preconceitos e trata a situação como se ela não se constituísse um problema. Ao acreditar no mito da mestiçagem, a escola – condição privilegiada de transmissão de cultura – funciona como um laboratório para o crescimento e manutenção do processo de exclusão do diferente.
Nesse sentido, Tânia Maria esclarece que as diferenças culturais constituem a maior parte dos motivos da alteridade. A relação claramente hierarquizada entre os grupos se pauta nos pressupostos de identidade, cujo termo expressa tudo aquilo que se é, e de diferença que encerra tudo aquilo que o outro é. A disputa pela identidade reflete uma disputa por recursos simbólicos e materiais da sociedade. Deste modo, há de se constatar que identidade e diferença mantêm estreita conexão com as relações de poder, pois o grupo que detém o poder exibe marcas de sua presença, tais como, incluir/excluir, demarcar fronteiras, classificar, normalizar.
Nessa perspectiva, a busca pela aquisição dos recursos simbólicos tão fundamentais, faz com que o outro, o diferente, o anormal, aja no sentido de negar a si mesmo e governar suas vidas a partir das imposições dos grupos detentores do poder. Essa dinâmica perpetua-se a partir do momento em que o grupo dominante impõe as crenças e valores que deverão ser considerados como normais, saudáveis, aceitos, incluindo no raio do diferente todas as posturas, comportamentos e valores distintivos do seu próprio grupo.
Depois de uma breve explicação sobre as conseqüências do processo de estereotipização, que traz em seu bojo comportamentos preconceituosos e discriminatórios, o artigo expõe seu propósito prioritário: o preconceito na escola. Não sei se proposital, mas o fato é que, antes de falar do ambiente escolar Baibich traz algumas considerações psicanalíticas que atribui a origem do preconceito aos processos estritamente individuais da psique humana.
Nesses termos, a escola não seria protagonista da barbárie, na pior das hipóteses ela seria talvez responsável por manter ou até maximizar práticas preconceituosas, nunca as produzir. Visto assim pela ordem das influências, o ambiente escolar aparece como peça fundamental, pois ajudaria a minimizar ou diluir as atitudes negativas inerentes aos processos intergrupais.
O que corroborou esse meu ponto de vista de que a ordem dos argumentos tenha sido proposital foi o fato de Baibich colocar, logo após as considerações psicanalíticas, o processo educacional com um “salvador da pátria”. Em seu estudo, ela procurou investigar práticas acadêmicas que impediam a construção de uma escola ideal. As análises desse estudo enfatizam uma urgente reflexão pelo corpo docente sobre seus métodos de ensino e arcabouço teórico até então construído além de uma reavaliação sobre a interação professor-aluno, onde o aprendizado ideal se daria reciprocamente. Num tempo no qual a família já não cumpre mais papéis até então de sua responsabilidade, a escola toma para si o dever de cuidar de questões relevantes como alteridade e autonomia.
O estudo feito em uma escola publica do Paraná, reconhecida pela comunidade como claramente politizada que estimulava o pensamento crítico e a construção de uma identidade autônoma, revelou que grande parte dos membros do corpo docente da escola, apesar de detectar a existência de atitudes preconceituosas em sua comunidade, não conseguia enxergar esse comportamento no ambiente escolar em que trabalhavam, responsabilizando a existência do preconceito ao outro.
Para aqueles que acreditavam existir comportamentos preconceituosos no ambiente escolar foi pedido que eles revelassem algumas medidas que eram tomadas no intuito de diluir essas práticas. As respostas indicaram que eles preferiam agir de maneira indireta, pois ao falar diretamente “o problema aparecia”. Vê-se então que não só o preconceito é velado, mas também as formas de intervenção. Mesmo existindo uma clara noção de que a escola tem a intenção de trabalhar a questão do preconceito, há também a concepção de que o que ocorre é mais no sentido de apaziguamento do conflito do que de modificação.
Enfim, o que o artigo de Tânia Maria Baibich propõe é uma transformação a partir de outra transformação: a do ambiente escolar. Em síntese, o que ela declara em alto e bom som é que, ao contrário de manter o histórico de perversidade que reproduz práticas pedagógicas inválidas, a escola deveria subverter a ordem consolidada secularmente em prol de relações intergrupais cada vez mais saudáveis.

Referência: Baibich, T. Os Flintstones e o preconceito na escola. Educar, 19, 2, 111-129, 2002

Foto do dia: Stop discrimination

Contribuição: Ivanilde Souza

Notícia do dia: a idade passa a ser a principal causa de discriminação no trabalho

Notícia publicada no Belfast Telegraph,Reino Unido, indica que a discriminação contra os idosos se tornou, com 27% das queixas, a principal forma de tratamento injusto no ambiente de trabalho na Irlanda. Clique aqui para a matéria

Preconceitos contra hiv-positivos: um teste

Contribuição: Fernanda Brito

I Colóquio Internacional Etnicidade, Religião e Saúde: questões identitárias e políticas em saúde da população negra no Brasil

É com grande satisfação que anunciamos a realização do I Colóquio Internacional Etnicidade, Religião e Saúde: questões identitárias e políticas em saúde da população negra no Brasil que ocorrerá entre os dias 13 e 15 de julho de 2008 em Salvador e dirige-se a pesquisadores, estudantes, gestores públicos, profissionais de saúde, instituições não governamentais, servidores públicos e privados, lideranças religiosas e representantes de movimentos sociais. O evento é uma iniciativa do Programa Integrado de Pesquisa e Cooperação Técnica Comunidade Família e Saúde – FASA do ISC-UFBA e conta com o apoio da Assessoria de Promoção da Equidade Racial Em Saúde – SMS, do INFANS – Unidade de Atendimento ao Bebê, do Centro de Estudos Afro-orientais – CEAO e da Pró-Reitoria de Extensão da UFBA.
O colóquio constitui um desdobramento dos debates e parcerias produzidos no interior da pesquisa Itinerários Terapêuticos de Famílias afrobaianas em um Bairro popular de Salvador: o papel das redes sociais e da experiência religiosa (Edital MCT- CNPq / MS-SCTIE-DECIT, 26/2006) coordenado pelo grupo FA-SA, bem como, das interfaces estabelecidas neste projeto com o estudo “Usages du passe et constructions identitaires au Brésil” coordenado pela Université Pierre Mendes (Grenoble) que analisa o lugar e a representação do negro na sociedade brasileira, incluindo o campo da saúde. Convidamos a todos a visitar a página do colóquio na web http://www.coloquiofasa.isc.ufba.br onde constam informações detalhadas sobre o evento e os procedimentos necessários para inscrição. A data limite para envio de trabalhos será 13 de junho de 2008. Divulguem o evento nas suas respectivas instituições.
Contamos com a sua presença!!!
FA-SA: Grupo de Pesquisa e Cooperação Técnica em Comunidade, Família e Saúde – ISC/UFBA

Artigo publicado: e-Sciences as research technologies

Título: e-Sciences as research technologies: reconfiguring disciplines, globalizing knowledge

Autor: Ralph Schroeder

Periódico: Social Science Information, 47, 131-157, 2008

Resumo: clique aqui para obter

Notícia do dia: estratégias para a redução dos estereótipos

Matéria publicada no jornal Khallej Times, de Dubai, nos Emirados Árabes, relata um programa para redução dos estereótipos, o Connecting Cultures, baseado no Principado de Omã e direcionado para jovens árabes e ocidentais. Clique aqui para ler.

Artigo publicado: Changing psychologies

Título: Changing psychologies in the transition from industrial society to consumer society

Autor: Svend Brinkmann

Periódico: History of the Human Sciences, 85-110, 2008

Resumo: clique aqui para obter