Grupo jovem de um cursinho pré-vestibular

Autoras: Agda Mariana Andrande, Ana Carolina de Oliveira, Carolina Sulz, Olga Amazonas e Rosilene Silva

Sabendo-se que as principais atividades cotidianas são feitas em grupos, e ressaltando-se a percepção do grupo como uma entidade e não como um conjunto de indivíduos, tem-se a idéia da importância destes na vida dos indivíduos e da sociedade. Deste modo, os grupos se mostram de extrema relevância na formação da identidade psicossocial dos indivíduos à medida que são responsáveis pela concretização das idéias e valores de justiça; bem como proporcionam um espaço para a comparação do comportamento da própria pessoa em relação ao comportamento de um outro membro, possibilitando, assim, um julgamento das suas condutas.

Há uma dificuldade em definir o que é grupo, pois existe ausência de uma posição conceitual no mínimo heterogênica. Todavia a fator que mais caracteriza os grupos é que, em todos eles, duas ou mais pessoas se relacionam para uma finalidade e estas consideram essa relação significativa.

Esta dificuldade encontrada na formulação de uma definição para o conceito de grupo reflete, de certo modo, as distintas acepções que se tem acerca desse termo. Desta forma, o conceito de grupo não deve ser entendido de forma genérica, uma vez que o termo engloba diversos tipos de grupos específicos, percebidos e compreendidos de divergentes formas.

O grupo selecionado para a realização do estudo em questão mantém uma interação diária desde que as aulas do cursinho pré-vestibular começaram. Ao decorrer do convívio em sala, os integrantes foram aos poucos descobrindo os interesses e pontos de vista de seus colegas e, dessa maneira, criando laços e afinidades uns com os outros, consequentemente formando grupos.

Através do convívio diário no cursinho, os integrantes vão se expondo ao contato maior uns com os outros, já que eles não interagem apenas durante as aulas, mas também durante os intervalos, durante o horário do lanche e assim vão conhecendo melhor uns aos outros, seus objetivos pessoais e suas características próprias.

Considerando a estrutura do grupo em questão, quanto ao tamanho, grau de intimidade e função, pode-se inferir que se trata de uma galera: grupo pequeno, primário e com função sócio-emocional.

O grupo constitui-se pequeno, pois é formado com menos de 30 integrantes. O grupo também possui a característica de ser sócio-emocional, pois a maioria de suas atividades ocorre, por parte dos membros, em busca de um afeto, de interação social e afiliação e não para a realização de tarefas.

O referido grupo é composto por 6 pessoas e possui um alto grau de interação, com contato face à face entre os membros (característica de grupos primários); havendo aceitação e colaboração íntima, sendo fundamental para a formação da natureza e os ideais sociais dos indivíduos. Apesar de ser predominantemente sócio-emocional, em algumas situações são orientados pela tarefa, já que muitas vezes os integrantes se reúnem com o objetivo de formar grupos de estudo.

As fotos revelam um local de descontração durante o intervalo entre as aulas do cursinho. Trata-se da ala de alimentação de um shoping certer que se localiza ao lado do cursinho, onde o grupo lancha, conversa e interage.

De acordo com o que relata uma das integrantes do grupo, as duas fotos parecem ter sido escolhidas porque revelam um momento e um ambiente de descontração, que possibilita aos membros descansar e, sobretudo aliviarem a pressão causada pelo vestibular. Desta forma o grupo da importância a esse ambiente a medida que nele os membros encontram-se relaxados, podendo aliviar o stresse da sala de aula, e conversar sobre outros assuntos que não os referentes ao cursinho ou as provas de vestibulares.

Os significados atribuídos a esse contexto aparecem como os opostos aos atribuídos a sala de aula. “O horário do lanche no intervalo é o horário em que a gente conversa sobre nossos objetivos, sobre a vida pessoal, sobre os relacionamentos, o que é muito diferente do que a gente vê dentro da sala de aula ou dentro do ambiente de cursinho”, “As meninas ao saírem da sala… vão ter uma vida social”.

Os significados atribuídos refletem desta forma, a descontração proporcionada pelo ambiente menos tenso que a sala e a possibilidade de se trocar experiências pessoais.

O local onde a foto foi tirada é o shopping ao lado do cursinho. Desta vez o grupo procurou focar a relação deles com integrantes de outros grupos (exogrupo). A importância dada ao contexto reside justamente no fato de este possibilitar o gesto de amizade. Vemos assim o significado positivo que o grupo atribui ao contexto que permite a aproximação entre pessoas de distintos grupos.

As fotos  revelam ambientes distintos, mas que guardam importância e significados muito próximos. A primeira foto  foi tirada no corredor do cursinho, enquanto o grupo aguardava o professor. Os integrantes que contem a prova de vestibular na mão estão discutindo sobre alguma questão entre si, ou tirando alguma dúvida. Só na segunda foto  observamos a interação entre os integrantes na sala de aula. As importâncias dadas aos contextos são semelhantes à medida que revelam a interação, a troca de idéias e a possibilidade de se aumentar o aprendizado do grupo. Neste caso observamos no grupo uma função mais orientada para uma tarefa, apesar da sua função ser predominantemente sócio-emocional. Os significados atribuídos perpassam não apenas pela questão do rumo do grupo para um objetivo específico, a possibilidade de interação com outros grupos ressalta nestes contextos objetivo de um grupo maior (todo o cursinho), que é ser aprovado no vestibular.

Nesta foto os membros do grupo estão na sala esperando o professor dar início a aula. A importância e o significado dessa fotos estão atrelados a questão das conversas curtas, pois o foco principal no momento é a aula – neste momento pode-se inferir que estão voltados pra tarefa .

Espiritismo, Juventude e Amizade: uma tarde com um grupo de jovens espíritas.

Autores: Fabiana Bispo, Felipe Guedes, Guilherme Paim e Pedro Henrique

São inúmeros os grupos dos quais participamos durante a nossa vida e cada um deles contribui de maneiras e em graus diferentes para o nosso processo de socialização. Por isso, principalmente durante a juventude – fase reconhecidamente marcada pela adesão a diferentes tipos de grupos – a nossa vida encontra-se estreitamente ligada às formações grupais a que participamos, sendo fundamental para a formação da nossa identidade.

Para que uma unidade social seja definida como um grupo em sua totalidade, ela deve ser constituída por duas ou mais pessoas, que se reconheçam e sejam reconhecidas como parte desse grupo (filiação), que se comuniquem e se influenciem, que tenham objetivos compartilhados e que compartilhem normas ou regras referentes aos limites dos seus comportamentos e aos modelos de ação.

Apesar da diversidade das formações grupais, todas elas admitem na sua estruturação a formação de um dilema entre a tentativa de que os seus participantes possuam características em comum e a necessidade de não sufocar a liberdade individual deles o que poderia levar à estagnação. Por isso, para que um grupo se mantenha “saudável”, deve aprender a conciliar a homogeneidade e a heterogeneidade dos seus membros. No caso do grupo em análise, nota-se que há uma pressão no sentido da homogeneidade de seus integrantes. Ora essa pressão aparece explicitamente quando, por exemplo, eles se utilizam da educação para propagação de um conhecimento que deve ser compartilhado por todos:

“O principal objetivo é passar a mensagem pro grupo“ ou “Os princípios da educação espírita no sentido de formação de um ser integral.”

Ora ela aparece de forma implícita quando fazem referência ao comportamento da fundadora da casa espírita que deve ser seguido.

“Um exemplo a ser seguido.”

Ainda levando em consideração a diversidade, utilizamos alguns critérios para categorizar e diferenciar os vários tipos de grupo, são eles: tamanho, grau de intimidade  (ou tipo de contato entre os membros) e função.

Baseado nos elementos apresentados anteriormente sobre as formações grupais, podemos caracterizar o grupo em questão como pequeno, pois possui uma média de dez participantes e cada indivíduo tem contato com os outros membros. Com relação ao grau de intimidade, seria caracterizado como primário, por apresentar laços estreitos e comunicação direta entre os membros (isso permite uma formação de valores e atitudes comuns e o compartilhamento dos mesmos). Enquanto à função, o grupo possui um caráter duplo: em certas situações se apresenta como “orientado para tarefa”, quando, por exemplo, desempenha atitudes relacionadas a caridade, grupos de estudo com o objetivo de aumentarem o conhecimento sobre a própria doutrina e quando exercem o papel de evangelizadores, propagando esse conhecimento; em outros momentos fica evidente o caráter sócio-emocional existente na relação entre os membros, quando, por exemplo, estes enfocam a amizade que os une e também quando compartilham outros espaços para se confraternizarem.

“Cumprir um compromisso que foi feito no mundo espiritual de estar trabalhando junto…e a gente tá cumprindo esse compromisso, e, além disso, estreitando laços”

Todas essas características fazem com que o grupo apresente um certo grau de entitatividade, ou seja, não seria apenas um conjunto de indivíduos, mas sim um “elemento” que teria características e atributos próprios; um ente propriamente dito.

Na saúde e na doença: grupo unido, da escola à bolsa de valores

Autores: Amanda Baptista, Carolina Abreu, Eliana Almeida, Rebeca Martins e Rodrigo Rodrigues.

Definição de Grupo
São nos grupos que as relações entre os indivíduos são estruturadas e padronizadas, eles são de extrema importância porque dão apoio social, um modelo cultural em que se pode guiar o desempenho além de todos os tipos de recompensas e recursos adicionais.
O termo grupo refere-se a uma unidade social que envolve duas ou mais pessoas e que possui todos os seguintes atributos:
1.Filiação: As pessoas que constituem o grupo são “integrantes” do mesmo. Para tal, é necessário que haja um sentimento de pertença por parte de cada um dos integrantes, de modo a se reconhecer e ser reconhecido, pelos demais membros, como parte dele.
2.Interação entre os integrantes: Indica que os membros do grupo interagem entre si, em outras palavras, se comunicam e influenciam.
3.Objetivos compartilhados pelos integrantes: Aponta para a interdependência dos integrantes em relação a realização de um objetivo.
4.Normas mantidas pelos grupos: As normas estabelecem limites ao comportamento e fornecem um modelo de ação comum ao grupo.
Grupo Selecionado
O grupo selecionado exemplifica um grupo de intimidade cuja relação é baseada em vínculos de amizade. O grupo é pequeno, formado apenas por quatro integrantes, cujo maior interesse funcional são as relações sócio-emocionais. Contudo, em momentos específicos, quando os membros se reúnem para falar de negócios, o grupo assume uma função orientadora para uma tarefa.
O grau de intimidade existente entre seus integrantes os classifica em um grupo primário, esse tipo de grupo é considerado básico para o desenvolvimento de valores e atitudes. As pessoas que estabelecem vínculos nesse tipo de grupo, freqüentemente compartilham valores e atitudes semelhantes. A interação entre os integrantes se dá tipicamente de forma espontânea, informal e pessoal de modo a ser comum a existência de fortes vínculos emocionais entre os envolvidos, em geral, seus integrantes se conhecem muito bem e se admiram, entre eles dá-se vital importância à amizade mútua.
Historia do Grupo
Os quatro integrantes do grupo em questão se conheceram no CPM (Colégio da Polícia Militar). Dois deles foram colegas ainda na alfabetização, nessa época eles eram “inimigos” chegando até a brigar em sala; os outros dois integrantes vieram estudar na mesma escola tempos depois, um deles, na primeira série e o outro apenas na oitava. Foi somente em 1998, quando cursavam a oitava série que o grupo se constituiu e solidificou. Eles começaram a encontrar afinidades e se associar com mais freqüência. Essa situação pode ser confirmada diante de teorias sobre coesão grupal:
A similaridade aumenta a afeição; portanto, grupos cujos integrantes têm escolaridade, etnia e status similares e tomam atitudes semelhantes têm coesão social maior.
A coesão de tarefas é outra forma importante de coesão grupal, geralmente, eles mantêm a união por estarem muitos envolvidos nas atividades do grupo. Os membros do grupo se caracterizam por ser brincalhões, gostarem de se divertir e de jogos que aticem a competição intragrupal, o que confirma as palavras de Raven e Rietsema (1957) “a coesão de tarefas é maior se os integrantes consideram as tarefas do grupo intrinsecamente valiosas, interessantes e desafiadoras.”
O grupo permaneceu mesmo após o término da escola “um dos méritos do nosso grupo foi não ter perdido essa essência, essa amizade”, disse um dos membros. O vínculo foi mantido e fortalecido devido ao interesse dos integrantes do grupo de sempre estar se comunicando e saindo juntos. Com o passar do tempo, outros objetivos foram agregados aos interesses do grupo, o que é muito importante para o funcionamento do mesmo.
A maior parte dos grupos funciona melhor quando há semelhança ou isomorfismo entre os objetivos de grupo e os objetivos individuais de seus integrantes. A expressão isomorfismo dos objetivos refere-se a um estado em que os objetivos de grupo e os objetivos individuais são semelhantes no sentido de que as ações que levam à realização dos objetivos do grupo também beneficiam o grupo, pois os integrantes são motivados a buscar atingir os objetivos do grupo e a contribuir com recursos e esforços (Sniezek e May, 1990)
Além da mudança de interesses, observamos que continua a haver convergência entre objetivos individuais e coletivos, isso pode ser exemplificado com a seguinte fala: “pra você ver como as brincadeiras evoluíram, hoje a gente brinca de bolsa de valores”.

Foto 1: pose para o clique

A primeira foto retrata o hobby do grupo: boliche. Por ser uma atividade que todos os integrantes gostam desde o tempo de faculdade e ser o local onde costumavam se encontrar para se divertir, o contexto passou a ter um significado na história do grupo assumindo um papel importante na solidificação dos laços de amizade. Além disso, o jogo estimula o lado competitivo dos integrantes do grupo, característica essa que sempre moveu muito a equipe; segundo eles, ‘sempre tiveram essa questão de concorrer, de apostar’.

Foto 2: Cores diferentes para pesos diferentes

Nessa foto, os integrantes do grupo pensaram em deixar a foto proporcional, por colocar duas pessoas de cada lado, e mostrar, ao fundo, os pinos do boliche. Segundo eles, mostrar os pinos foi uma forma de representar o local que quiseram retratar. O grupo também citou o motivo de cada bola que seguravam ser de uma cor diferente: “cada bola tem um peso diferente, e ai cada pessoa se adéqua mais a determinado peso… a gente escolheu as bolas que a gente costuma jogar de acordo com o peso”.

Foto 3: Pagando as contas

A pessoa que tirou a foto fez um registro espontâneo de um dos momentos da reunião social: pagar a conta. Os gestos, segundo os membros, representam um desconforto em relação ao pagamento ao mesmo tempo em que se torna mais uma oportunidade de descontração, característica marcante do grupo.

Foto 4: Tudo legal?

A configuração da foto (a ordem e a pose) não foi previamente determinada, não havia nenhum motivo específico. Contudo, o momento foi intencionalmente escolhido pelo grupo para representar a transição entre o jogo de boliche e os jogos de ficha.

Foto 5: Descontração na sinuca

A foto representa outro jogo praticado pelo grupo, a sinuca. A escolha dos elementos da foto indicam a intencionalidade de representar a atividade que o grupo estava desempenhando no momento. Um dos integrantes se destaca pela forma não-convencional em que posiciona o taco, segundo ele, lembrou dos tempos do colégio militar e tentou representar uma arma, o que se tornou motivo de piada e de interpretações dúbias. Ao fundo, percebe-se um quadro em branco, que anteriormente havia sido preenchido com os apelidos dos integrantes do grupo e que por motivos internos à sua dinâmica, foram ocultados. Para eles, os apelidos são uma forma divertida de identificação – geralmente se referem à características físicas e de personalidade – ao mesmo tempo em que se tornam moeda de troca frente à ameaça de revelá-los, momentos estes que geram descontração e diversão.

Foto 6: Momento da resenha

A situação retratada nessa foto é muito comum nas atividades do grupo. “Essa foto foi representando o grupo conversando, como normalmente fazemos. Sentamos no bar e começamos a falar besteira” – diz um dos integrantes do grupo. Eles decidiram que a foto deveria parecer espontânea, mas um dos integrantes olhou para a câmera no momento da foto. Diante da situação descrita, os demais aproveitaram para expressar o contexto lúdico do grupo “A gente estava tentando fazer com que parecesse que o que a gente estava conversando ali fosse a respeito de Marcus (o único que olhou para a foto)”.

Psicografia: estudo sobre um grupo de médiuns

Autores: Fernanda Abud, Flavia Leal, Gabriela Silva, Ive Daiha e Laís Mendes.

O seguinte trabalho teve como objetivo registrar o ambiente no qual os grupos humanos transitam e realizam suas atividades cotidianas. Identificamos um grupo social, entramos em contato com seus membros e foi solicitado a um informante tirar  fotos representativas dos espaços ou contextos que eles consideram como mais representativos do grupo.

As nossas principais atividades são desenvolvidas em grupos; existem bilhões de grupos no nosso planeta e diariamente novos grupos se formam, enquanto outros se dissolvem. De modo geral, o grupo humano envolve duas ou mais pessoas que se relacionam para uma finalidade específica, mantêm entre si uma relação de interdependência, estabelecem laços afetivos, constituem papéis, hierarquias de poder e status, interagem e se comunicam regularmente, compartilham uma estrutura comum de referências e consideram esta relação significativa (Levine e Moreland, 1994, 1998;Lindesmith, Strauss e Denzin, 2006 apud Pereira, 2010).

Grupo no momento da psicografia através da pintura

O grupo social escolhido para este estudo realiza um trabalho religioso voluntário num centro espírita da cidade de Salvador-BA. Segundo uma integrante, “o trabalho consiste em psicografar manifestações espirituais através de pinturas mediúnicas, com a finalidade de ajudar aos irmãos espirituais através da pintura, na qual estes expressam seus sentimentos”. O grupo se reúne pelo menos uma vez por semana, onde todos os 24 participantes estão presentes, sem exceção. Percebe-se, a partir da imagem, que este grupo constitui um grupo de trabalho, o que o classifica, segundo à função, como um grupo orientado para a tarefa que foca, como objetivo principal de suas reuniões, na produção das pinturas. No entanto, essa característica não exclui que exista entre os membros também uma relação socio-emocional , de afinidade.

Local dos encontros

Este local, classificado pelo grupo como “calmo” e “tranqüilo”, foi considerado apropriado para a realização dos trabalhos por ser um local de paz e de contato com a natureza.

Resultados da psicografia

Psicografia, segundo o vocabulário espírita, é a capacidade atribuída a certos médiuns de escrever mensagens ditadas por Espíritos. Segundo os integrantes desse grupo, os espíritos utilizam deles como instrumentos e, dessa forma, eles podem se comunicar com seus entes queridos encarnados, que contam suas experiências de vida e de morte.

Momento de concentração do grupo

Podemos perceber, a partir dessa imagem, que trata-se de um grupo considerado pequeno, de acordo com a definição quantitativa, em que são definidos como pequenos os grupos formados por até 30 membros. Por outro lado, no que concerne o aspecto qualitativo dessas relações, pode-se observar que existe a formação de sub-grupos, já que os 24 membros são divididos em mesas de 6 pessoas para a realização do trabalho, o que dificulta que cada membro mantenha contato com todos os outros participantes, o que é uma qualidade dos grandes grupos onde há maior possibilidade de surgimento de alguma estrutura formal, assim como certa divisão social do trabalho.

Reunião dos integrantes

O grupo ainda pode ser classificado, em relação ao grau de intimidade, como primário, já que a relação que predomina entre os membros é face-a-face e voltada para o desenvolvimento de valores e atitudes. Os grupos primários são constituídos, sobretudo por familiares, parentes e amigos mais próximos e, portanto, são considerados básicos para o desenvolvimento pessoal. Já nos grupos secundários, observa-se a presença de contatos mais formais e menos pessoais entre os membros, o que se evidencia nas relações baseadas em papéis e expectativas claramente definidas.

Referências:
Pereira, Marcos e cols. (2010) Grupos humanos, valência e entitatividade. Manuscrito não publicado.

Um dia na Broadway

Autores: Leilane Gama, Manuela Sá, Marília Carneiro, Ueslei Solaterrar

Por que as pessoas filiam-se às outras? Que fatores são levados em consideração na escolha de um grupo já que cada um possui a sua dinâmica própria numa diversidade tão marcante? E mais ainda, o que mantém esse mesmo grupo coeso e bem estruturado? É com base nessas indagações que fomos levados a selecionar um grupo no qual pudéssemos esclarecer melhor algumas dessas questões e explorar de forma mais direta o universo das significações grupais. Como bem sabemos não há como vivermos em sociedade sem estarmos inseridos em alguns grupos, sem estarmos em contato constante com outras pessoas, o que se traduz numa infinidade de grupos existentes inviabilizando assim um consenso acerca de uma definição para o mesmo. Entretanto, diariamente as pessoas elaboram teorias implícitas sobre o significado das ações dos diferentes tipos de grupos no meio social, estes que são entes autônomos e não se confundem com os indivíduos que os constitui. Dentre as acepções mais comumente estudadas merece destaque: equipe, turma, galera, patota, gangue, bando, corja, etc. A nossa análise será direcionado para uma equipe, já que o grupo que escolhemos faz parte dessa categoria.

A Equipe

Acima está a foto da equipe que escolhemos: um grupo de dança e canto profissional entitulado On Broadway que apresentam musicais na cidade de Salvador-Ba. Trata-se de uma equipe com objetivos bem definidos e tarefas bem delimitadas pelo fato de exercerem uma atividade profissional e com fins lucrativos, o que o reveste de uma maior responsabilidade e organização na execução das tarefas. Por esse motivo o grau de entitatividade do mesmo é um pouco menor, se comparado com um grupo de intimidade, no qual a família representa o valor mais alto, ainda que apresente um alto nível de interação entre os seus membros. O grupo completo é de pequeno porte inclusive se comparado com outros grupos de dança, e na realidade a equipe se divide frequentemente para se adequar ao porte das coreografias e apresentações requisitadas pelos clientes. Ou seja, é natural que nem todos os componentes se apresentem em todos os shows, e isso varia com a disponibilidade dos artistas e com o pedido dos contratantes. Diferentemente de outros grupos em que afinidade com os integrantes já estabelecidos são suficientes para se inserir como um novo membro, para pertencer a Cia On Broadway, é preciso “arrasar” na audição. A equipe inicial de oito anos atrás não é a mesma que se tem atualmente, notando-se aqui um certo grau de permeabilidade, já que o acesso ao mesmo é permitido em épocas estabelecidas pela direção do grupo, quando há necessidade de acréscimo de componentes para, por exemplo, a preparação de determinado evento ou festival de porte maior que o usual. Na prática, este ingresso se dá pela realização de uma audição coordenada pela mentora da equipe, Juliana De-Vecchi. Nessa seleção a também diretora avaliará as habilidades de dança e canto do candidato, verificando se o seu rendimento é suficiente e satisfatório para o nível e proposta do grupo e ainda se há encaixe de perfil do candidato com o perfil procurado para determinado papel, se for o caso. Nessa foto em específico, Juliana marca sua presença rodeada pelo grupo. Segundo os membros da equipe, o papel dela é fundamental não só na orientação e no ensino, mas também no apoio dado a equipe. Por ser a idealizadora desse projeto, ela desempenha um papel fundamental na construção da identidade real e simbólica do próprio grupo, já que montou uma equipe pioneira em reprodução de coreografias musicais famosas da companhia americana Broadway como Cats, Hairspray, O Rei Leão e Chicago. Esse trabalho é feito com originalidade, ainda que seja eventualmente alvo de algumas críticas por parte daqueles que não aceitam essa “cultura americana dos musicais”. Mas, na verdade, a responsabilidade de Juliana parece ter passado a mensagem clara a sua equipe de que toda arte é passível de ser criticada, de forma que esse tipo de comentário não os desestrutura, mas lhes dá mais um estímulo para a busca da perfeição, tão sonhada numa apresentação.

Não basta sonhar

Não basta sonhar com a inatingível perfeição, é preciso muita dedicação e esforço para se obter um resultado satisfatório. A equipe comparece a aulas de duas a três vezes por semana – depender da proximidade de um show ou da quantidade de ajustes a serem feitos -, em sede fixa no bairro da Pituba, as quais se dividem em basicamente duas partes: na primeira são aprendidas e exercitadas técnicas de dança de jazz americanizado ou ainda contam com aulas de canto; na segunda parte, os repasses e ensaios de coreografias são realizados com afinco. Foi justamente por esse motivo, que a equipe não hesitou em escolher uma foto de ensaio enquanto representativa do grupo, devido a importância que os sucessivos têm para a construção de um trabalho integrado que será ilustrado pela coreografia final. A foto em questão é na verdade de um ensaio geral da apresentação mais recente do grupo até a presente data em um eco resort no Litoral Norte. O ensaio geral é um ritual comum nas companhias de dança e representa a última oportunidade de se rever e consertar aquilo que porventura ainda não esteja muito bem amarrado. É nesse momento que se repassa a sequência de passos, se ouve os últimos comentários da diretora do espetáculo e fazer os últimos ajustes é de fundamental importância para um desempenho satisfatório. Nota-se nesse momento a uniformização proposital da cor da vestimenta dos bailarinos de forma que fique possível destacá-los, dando importância a impressão visual do grupo, para que se mostrem uma equipe organizada, comprometida e coesa. Aqui ficou evidente a autopercepção que o grupo tem de si mesmo e a inevitável comparação com grupos externos, numa relação em que se busca sempre a valorização máxima do endogrupo em detrimento do exogrupo.

Entrando na personagem

Medo de errar, de esquecer, de cair uma peça do figurino, de esbarrar no colega, de tropeçar. Nada disso é empecilho suficiente para paralisar artistas de verdade. Na realidade, toda essa tensão é necessária para o bom desempenho da equipe e pode ser direcionada para dar confiança ao grupo. Essa foto registra momentos antes da apresentação, no qual se tenta criar situações de descontração, seja durante o alongamento, seja nas brincadeiras e nas fotos tiradas para registro pessoal. Para cada apresentação existe um tema pré-estabelecido e que precisa ser posto em movimento através da incorporação de diferentes personagens e papéis, o que exige muita sincronia da equipe para que o objetivo final seja alcançado. Nesse momento espera-se que os artistas se apropriem de gestos e formas de se comportar completamente novos e, muitas vezes, diferentes do repertório comportamental a que estão acostumados. Essa capacidade mutacional é essencial no artista, já que a expressão momentânea da identidade de uma personagem pode não ser compatível com a personalidade do intérprete. Esse processo se dá de forma gradual, ao longo dos ensaios e mais intensamente no dia da apresentação, representando um momento de muito simbolismo para cada integrante.

Aplausos

O artista não se sustenta meramente de remuneração econômica, a ele se faz necessário o tradicional aplauso como legitimação de seu esforço e ainda como parabenização pela realização de um trabalho bem feito. Nessa foto em questão, os aplausos vieram imprimidos no jornal da empresa que contratou o grupo e por isso representou o reconhecimento do trabalho realizado por eles, na medida em que veiculou uma imagem positiva do grupo, exaltando a satisfação do contratante. Na fala dos próprios integrantes do grupo podemos perceber que a foto teve um significado especial para eles por representar a possibilidade de uma maior visibilidade dentro da cidade, buscando um espaço para este tipo de arte que não faz parte da cultura soteropolitana, mas que tem a sua beleza e valor. O relato dos membros do grupo demonstra não só a satisfação deles enquanto pertencentes a uma entidade, mas também enquanto indivíduos que agiram sozinhos na teia grupal e puderam ter esse esforço individual legitimado. A nota exibida nesse jornal mostra-se como fonte de estímulo para o prosseguimento do trabalho, tendo em vista que não se trata de um grupo muito reconhecido na cidade de Salvador, fortalecendo assim a sua identidade social, com o acolhimento ideal e merecido das suas paixões e sustento: a arte, o canto, a dança.

O Palco ?

O palco representa um ambiente fundamental para qualquer bailarino e não seria diferente para essa equipe, contudo o palco retratado na seguinte foto tem um simbolismo especial, pois não era convencional, trata-se de um circuito de hipismo com todas as suas singularidades e contratempos. É nesse local onde todo o trabalho do artista vai culminar, é onde os ensaios farão sentido, onde os desentendimentos usualmente se dissolverão, por funcionar como elemento agregador e, através do qual, o conhecimento e o reconhecimento do público têm possibilidade de emergir. É nele onde, enfim, “tudo acontece”. Assim como os personagens e os diferentes papéis que são assumidos a cada novo espetáculo pelo grupo, o palco também passa por esse processo de modificação constante, em que a cada nova realidade impressa é necessária uma nova adaptação, tanto dos membros da equipe ao novo espaço físico, quanto da estrutura e formato das coreografias que precisam ser adequadas ao ambiente novo. Fato este que é tido como positivo para a equipe por possibilitar uma heterogeneidade muito grande de experiências e situações, as quais servem para enriquecê-los e amadurecê-los.

A União

O bom relacionamento do grupo é latente, como fica claro pela foto, que demonstra que mesmo com todas as adversidades inerentes a cada local de apresentação, como as que ocorreram nessa apresentação em específico: sol forte, um longo tempo de espera para o começo do espetáculo, as dificuldades de marcação de passos num “palco” tão aberto tendo que ser utilizados objetos não usuais como pilastras, refletores, etc., os integrantes da equipe ainda assim se mantém unidos e com um sentimento de grupo que transpassa, muitas vezes, os incômodos individuais momentâneos. Essa união serve como sustentação para os dilemas inerentes a todo grupo voltado para uma tarefa, como os de dificuldade com o espaço físico, com a adaptação a novos ambientes e, principalmente, a conciliação entre a necessidade de que os seus membros compartilhem um conjunto de atributos comuns e, por outro lado, o respeito à liberdade individual de cada membro, numa díade que precisa ser muito bem balanceada para que os eventuais conflitos não venham a prejudicar o andamento das tarefas. No caso do grupo de musicais On Broadway esse balanceamento parece se dar de forma muito bem acertada, o que tem contribuído para o crescimento e o reconhecimento do grupo.

Palavras Finais

Em se tratando de um grupo profissional foi possível visualizar papeis bem definidos, com a figura da diretora enquanto líder criativa, organizadora e que encabeça ideias para realização e reestruturação de coreografias. A mesma ainda impõe regras de comprometimento para os integrantes desde o início, já que tiveram que se submeter a audição enquanto processo seletivo para aceitação grupal através da aprovação primeira do líder. Percebe-se o desejo de inserção e reconhecimento dessa equipe para ser pertencente a um grupo macro que engloba as questões artísticas culturais de uma cidade que já tem certas tradições arraigadas. Ao mesmo tempo nota-se também o esforço individual que se faz para ser bem conceituado e bem quisto no grupo micro, a fim de garantir a sua permanência no mesmo, fazendo-se ver na sociedade artística visando a manutenção da quantidade de trabalho, necessária para a renda da maioria dos integrantes. O caráter maleável e mutacional dos integrantes é percebido como característica fundamental nos integrantes desse grupo já que se tem que conviver com críticas constantes, ainda que construtivas, e ainda deve-se vestir-se de tantas máscaras, quantas personagens diferentes surgirem como tema. Sorrir diante de tudo isso não é sempre fácil, inclusive com lugares adversos para se apresentarem como acontece diversas vezes, mas o grupo vale-se da afetividade e do apoio ao próximo para se sustentar e seguir buscando o lugar de valorização que querem conquistar em cada espetáculo. Apesar dessa diversidade de espaços sociais ocupados pela equipe, percebe-se que o significado que dão a esses espaços é bem homogêneo, traduzindo-se em espaços sociais nos quais poderão exercer a sua arte e poderão alcançar os tão esperados aplausos. É nesse sentido que ficou um pouco mais claro para nós o motivo dos membros terem se filiado a essa equipe em específico e não a outra qualquer, devido justamente a atratividade e originalidade que a mesma apresenta motivo este que serve de base para manter companhia coesa e muito bem estruturada.

Aurora da rua: um estudo empírico sobre um jornal publicado pela Comunidade de Trindade

Autoras: Ana Maria Rodrigues, Andréa Costa, Graça Santiago, Heloneida Costa e Mariana Laert

Clique aqui para ler o trabalho sobre o jornal Aurora da Rua

Artigo publicado: roots of dehumanization

Título:Exploring the roots of dehumanization: The role of animal — human similarity in promoting immigrant humanization

Autores: Kimberly Costello and Gordon Hodson

Periódico: Group Processes Intergroup Relations 2010;13 3-22

Resumo: clique aqui para obter

Artigo publicado: conceptualizing Legitimacy, Measuring Legitimating Beliefs

Título: Conceptualizing Legitimacy, Measuring Legitimating Beliefs

Autores: Karen A. Hegtvedt and Cathryn Johnson

Periódico: American Behavioral Scientist 2009;53 376-399

Resumo: clique aqui para obter

Artigo publicado: retrospective and Prospective Thoughts About Infrahumanization

Título:Retrospective and Prospective Thoughts About Infrahumanization

Autor: Jacques-Philippe Leyens

Periódico: Group Processes Intergroup Relations 2009;12 807-817

Resumo: clique aqui para obter

Artigo publicado: Self-disclosure in Teaching Sexuality Courses

Título: Self-disclosure in Teaching Sexuality Courses

Autores: Meg Barker and Paula Reavey

Periódico: Feminism Psychology 2009;19 194-198

Resumo: clique aqui para obter

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