Conceitos fundamentais: o ser humano taticamente motivado

Em contraposição à noção de que o ser humano é regido por mecanismos psicológicos preparados prioritariamente para tratar a informação com  menor dispêndio possível de recursos cognitivos, uma outra perspectiva, a do ser humano taticamente motivado enfatiza, em especial, as circunstâncias nas quais esta regra é quebrada e privilegia, como direção de análise, as situações nas quais as pessoas se dedicam a pensar de forma cuidadosa e aprofundada sobre cada uma das peças de informação disponíveis, procurando tratá-las de forma individualizada e não como membros de uma categoria mais geral. Isto não ocorre, evidentemente, em todas as circunstâncias, sendo característico das situações em que o agente cognitivo se encontra motivado ou envolvido afetivamente com alguma particularidade da situação.

Notícia do dia: preconceitos contra os gays em Sri Lanka

Matéria publicada no website pinknews registra protesta contra a forma estereotipada pela qual os gays são frequentemente retratados pela revista The Island, especialmente  o artigo Treating alternative forms of sexual expression, no qual a homossexualidade é considerada uma doença. Clique aqui para ler a matéria,  aqui para ler o artigo e aqui para ler a réplica ao artigo, por parte da ONG Equal Ground.

Conceitos fundamentais: avaro cognitivo

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Uma metáfora, correspondente a uma determinada concepção a respeito de ser humano, a do avaro cognitivo, expressa inicialmente pelas psicólogas Suzan Fiske e Shelley Taylor (1984), depende da aceitação da premissa que os seres humanos procuram dotar de sentido o mundo e fundamenta uma certa maneira de interpretar a interação entre o ser humano e a realidade social.
A esta metáfora corresponde o entendimento de que o ser humano dispõe de uma maquinaria mental de processamento de informação que está sujeita a determinados limites, tanto na velocidade, quanto na quantidade de informações que é capaz de tratar simultaneamente. Uma análise mais cuidadosa do ambiente exige a avaliação paulatina de cada um dos eventos ocorrido no entorno e de cada uma das unidades de informação encontradas no ambiente social. Como este é essencialmente complexo e multifacetário, seria uma operação extremamente onerosa para o sistema cognitivo atender a cada um dos estímulos presentes no ambiente, donde a estratégia de selecionar uma pequena parcela destes estímulos que podem ser atendidos e desconsiderar a imensa maioria dos elementos presentes no ambiente. Além de desconsiderar uma parcela substancial da informação, o avaro cognitivo trataria de forma bastante superficial a informação a que se dedica, elaborando muito rapidamente inferências a respeito dos estímulos e reduzindo o constante fluxo da informação a unidades discretas, o que favorece a adoção do pensamento categórico e a utilização de atalhos mentais durante as operações de processamento da informação.

Fonte: Marcos E. Pereira. Introdução à Cognição Social. Manuscrito não publicado.
Conceitos fundamentais: teorias implícitas
Teoria realista do conflito
Heurísticas e vieses
Heurística da acessibilidade
Heurística da representatividade
Heurística da ancoragem e ajustamento
Esquemas de grupo
Gerenciamento de impressões
Protótipos e exemplares
Correlação ilusória

Artigo publicado: Development of Child Abuse Scale

Título: Development of Child Abuse Scale: Reliability and Validity Analyses

Autores: Farah D. Malik e Ashiq A. Shah

Periódico: Psychology & Developing Societies, 19,161-178, 2007

Resumo: clique aqui para obter

Notícia do dia: protestos em frente ao Daily Express

O website rinf.com, Progressive Media Activism, informa que cerca de cinquenta ativistas porotestaram em frente ao prédio do tablóide sensasionalista inglês Daily Express, acusando o tablóide de publicar diariamente manchetes que promovem estereótipos e incitam o ódio racial. Clique aqui para ler a matéria

Conceitos fundamentais: atribuição da causalidade

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A teoria da atribuição da causalidade, cujos princípios foram postulados inicialmente por Fritz Heider (1970) nos anos 60, sugere que o ser humano envida todos os esforços necessários para explicar os acontecimentos aos quais presencia e para tal estabelece uma diferenciação entre as causas que podem ser atribuídas à pessoa, as chamadas causas disposicionais, como por exemplo, aos fatores de personalidade, a motivação para realizar alguma coisa, os esforço despendido em uma tarefa, e aquelas que podem ser imputadas à situação, como, por exemplo, o impacto de normas e das expectativas sociais.
A teoria da atribuição da causalidade sustenta-se no entendimento de que as pessoas usam os objetos e eventos presentes no seu universo psicológico para construírem modelos causais, indutivos ou dedutivos, nos quais são estabelecidos relacionamentos entre causas e efeitos.

Fontes:
Marcos E. Pereira. Introdução à Cognição social. Manuscrito não publicado.
Heider, Fritz (1970). Psicologia das relações interpessoais. São Paulo: Pioneira

Artigo publicado: Attribution of Blame for Riots

Título: Ingroup Bias, Intergroup Contact and the Attribution of Blame for Riots

Autores: R. Barry Ruback e Purnima Singh

Periódico: Psychology & Developing Societies , 19, 249-265, 2007

Resumo: clique aqui para obter

Artigo publicado: The Negative Consequences of Threat

Título: The Negative Consequences of Threat: A Functional Magnetic Resonance Imaging Investigation of the Neural Mechanisms Underlying Women’s Underperformance in Math

Autores: Anne C. Krendl, Jennifer A. Richeson, William M. Kelley e Todd F. Heatherton

Periódico: Psychological Science, 19, 2, 168-175, 2008

Resumo: clique aqui para obter

Conceitos fundamentais: protótipos e exemplares

A teoria dos protótipos representa uma tentativa de superar as dificuldades apresentadas pela teoria clássica. Ela parte do entendimento que alguns exemplares se ajustam perfeitamente aos fatores definidores da categoria, sendo facilmente rotulados, enquanto outros só podem incorporados à categoria após um esforço considerável. Pode-se falar, portanto, em exemplares mais típicos de uma categoria. Um protótipo representa uma tendência central ou um conjunto de objetos relativamente variáveis representativos de uma categoria. Os membros são percebidos como mais prototípicos quando ostentam um grande número dos fatores característicos daquela categoria, de forma que um protótipo deve ser entendido como uma representação abstrata dos componentes típicos e não de todos os fatores de uma categoria.

A teoria dos exemplares, ao contrário, sugere que quando solicitadas a refletir sobre os membros de um grupo, as pessoas tendem a evocar membros específicos de uma categoria. A categoria instrumentista muito rapidamente faz com que, a depender do caso, sejam evocados nomes como os de Hermeto Paschoal, Frank Zappa ou o Mestre Vieira de Barcarena e não uma representação prototípica de um músico. Isto ocorre porque a representação dos exemplares é mais concreta e como tal, mais vívida e facilmente acessível. Como o número de exemplares está sujeito a uma maior variação, a teoria permite a inclusão com mais facilidade de objetos com os quais a pessoa possui menos familiaridade, pois os limites da categoria são bem mais fluídos que no caso da teoria dos protótipos.
A teoria dos exemplares, no entanto, enfrenta dificuldades distintas. A principal delas reside na incompatibilidade entre a crença de que os seres humanos sejam capazes de tratar com fluidez a enorme quantidade de exemplares armazenados na memória e que estão presentes no mundo social e ainda que sejam capazes de realizar todos os cálculos mentais necessários para a inclusão ou exclusão dos membros em uma ou várias categorias, sem que estas operações sejam exaustivas segundo a perspectiva da economia cognitiva. A teoria dos exemplares guarda, portanto, uma forte incompatibilidade com a metáfora do avaro cognitivo, assim como não se beneficia das exceções proporcionadas pelo modelo do ser humano taticamente motivado.

Fonte: Marcos Emanoel Pereira. Psicologia Social dos Estereótipos. São Paulo: EPU, 2002
Conceitos fundamentais: teorias implícitas
Teoria realista do conflito
Heurísticas e vieses
Heurística da acessibilidade
Heurística da representatividade
Heurística da ancoragem e ajustamento
Esquemas de grupo
Gerenciamento de impressões
Correlação ilusória
Avaro cognitivo

Artigo publicado: The Best Men Are (Not Always) Already Taken

Título: The Best Men Are (Not Always) Already Taken: Female Preference for Single Versus Attached Males Depends on Conception Risk

Autores: Paola Bressan e Debora Stranieri

Periódico: Psychological Science, 19, 2, 145-151, 2008

Resumo: clique aqui para obter