Resenha: The Role of Threat, Evolutionary Psychology, and the Will to Power

Jamyle Reis

No artigo em questão investigou uma serie de mecanismos psicológicos evolutivo, com base na literatura anterior, que é consistente com a forma como o individuo reage à ameaça autoritária. Estabeleceu-se uma ligação teórica entre a conceitualização de Nietzsche em “desejo de poder” (1901/1967) e a operação de autoritarismo num contexto evolucionário e societal. O resultado é uma conceitualização de autoritarismo mais enraizada teoricamente na ciência filosófica, psicológica, sociológica e biológica.
O texto abarca conceitualizações iniciais como a de Adorno, From entre outros e mais recentes como a de Altemeyer acerca de autoritarismo e ameaça. Adorno et al. (1950) defende que autoritarismo foi resultado de ambiente de infância ameaçado e práticas de criação da criança inconsistente. Erich From (1941) sugere que a ameaça de insegurança, manifestação de uma sociedade capitalista, leva a níveis de autoritarismo ainda mais alto. Altemeyer (1988, 1996) integrou teoricamente o papel da ameaça definindo autoritarismo como um “complexo mundo perigoso” e sugeriu que esse complexo é a causa principal da xenofobia e etnocentrismo manifestada na personalidade autoritária.
Para a psicologia evolucionária todos os seres humanos possuem mecanismos psicológicos que são o resultado naturalmente adaptativo de nossa historia evolutiva. Nesse sentido, o autoritarismo como processo evolutivo opera a nível grupal durante períodos muito longo de tempo, enquanto processos psicológicos manifestam a nível individual durante pontos específicos no tempo. De modo que mecanismos psicológicos específicos quando utilizado por indivíduos sob condições de ameaça, ilustra como autoritarismo opera de uma perspectiva evolucionária.
A teoria da seleção parental e formação de coligação defendem que as pessoas normalmente formam grupos cooperativos a fim de obter os benefícios de uma ação coletiva. Ela prediz que os indivíduos são mais propensos a favorecer parentes do que não parentes. Para a teoria seleção parental e formação de coligação autoritarismo pode ser visto como um subproduto da necessidade de sobrevivência do ancestral anterior. Para Altermeyer (1988), a personalidade autoritária representa um aglomerado de três componentes principais: a submissão a autoridade, convencionalismo e agressão a grupos externos. Então, esses indivíduos autoritários buscam um grupo de identificação formando uma parentela “fictícia”. Assim, em termos de ameaça, o individuo utiliza o grupo autoritário como um “refugio” fora do perigo onde os recursos são agrupados em um esforço coletivo contra os perigos colocados por outros.
Na mesma linha da psicologia evolucionária o texto apresenta a teoria do intercambio social e altruísmo recíproco que sugere assim como os seres humanos procuram maximizar os lucros e minimizar perdas, o mesmo é valido para as relações sociais. A premissa fundamental é que o relacionamento com outra pessoa é avaliado de acordo com nossas percepções sobre o equilíbrio entre o que colocamos na relação e o que ganhamos com isso, o tipo de relação que pretendemos atingir e as chances de ter um relacionamento mais produtivo com outra pessoa.  De modo que a teoria do altruísmo recíproco prediz que comportamento altruísta será também uma função da probabilidade de reciprocidade do beneficio.
Um novo modelo de autoritarismo sugere três facetas sobre a conceitualização de autoritarismo. Explica porque a ameaça é fundamental para o entendimento do autoritarismo, através da abordagem evolucionária mostrando como a ameaça elicia características comportamentais da personalidade autoritária. A segunda faceta refere-se ao autoritarismo conceitualizado como uma variável continua que interage com a ameaça ambiental. Finalmente, esse modelo contribui para a conceitualização teórica do autoritarismo como uma resposta ao ambiente ameaçador. Para o presente modelo variáveis como orientação de dominação social, dogmatismo e outras podem ser vistas como adaptativas sob condições de ameaça. Para uma fundamentação filosófica da teoria recorreu-se aos escritos de Friedrich Nietzsche que sugere que para a direção para auto-preservação é abarcada pelo mais fundamental “desejo de poder”.
O artigo apresentado oferece uma perspectiva do autoritarismo como um subproduto de um passado evolucionário sugerindo que ameaça é importante porque o autoritarismo geralmente é uma função adaptativa. Conclui que pesquisas futuras deveriam examinar não apenas conseqüências negativas do autoritarismo, mas também as vantagens de manter uma visão de mundo autoritária.
Fonte: Hastings, B. M. and Shaffer, B. The Role of Threat, Evolutionary Psychology, and the Will to Power. Theory & Psychology, 18, 423-440, 2008.

Artigo publicado: Alcohol Consumption Decisions

Título: Alcohol Consumption Decisions Among Nonabusing Drinkers Diagnosed with Hepatitis C: An Exploratory Sequential Mixed Methods Study

Autores: Eleanor Palo Stoller, Noah J. Webster, Carol E. Blixen, Richard A. McCormick, Andrew J. Hund, Adam T. Perzynski, Stephanie W. Kanuch, Charles L. Thomas, Kyle Kercher, and Neal V. Dawson

Periódico: Journal of Mixed Methods Research 2009;3 65-86

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Artigo publicado: Social Network Influence in Mate Selection

Título: Can I Make my Own Decision? A Cross-Cultural Study of Perceived Social Network Influence in Mate Selection

Autores: Shuangyue Zhang and Susan L. Kline

Periódico: Journal of Cross-Cultural Psychology 2009;40 3-23

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Artigo publicado: The Effects of Multiple Identities on Psychological Well-Being

Título: The Effects of Multiple Identities on Psychological Well-Being

Autores: Amara T. Brook, Julie Garcia, and Monique Fleming

Periódico: Personality and Social Psychology Bulletin 2008;34 1588-1600

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Resenha: Sexismo hostil e benevolente: inter-relações e diferenças de gênero

Aline Campos

A autora investiga a teoria do sexismo hostil e benevolente desenvolvida por Glick e Fiske (1996), e de que modo os homens e mulheres endossam esta ideologia. Ela pesquisou como o sexismo ambivalente se manifesta em uma amostra brasileira, submetendo 540 estudantes universitários brasileiros ao Inventário de Sexismo Ambivalente, criado pelos mesmos autores.
A autora apresenta o tema do preconceito, em suas manifestações declaradas ou sutis. Inicia com a definição de preconceito lançada por Allport em 1954: o preconceito é uma hostilidade ou antipatia dirigida a grupos ou membros destes grupos, devido a generalizações incorretas.
Afirma que atualmente o preconceito é visto como uma atitude negativa dirigida a membros de determinados grupos sociais, devido à sua pertença a estes grupos (Smith e Mackie, 1995). Como atitude, o preconceito tem três componentes: o cognitivo, manifestado pela presença dos estereótipos; o afetivo, que é o preconceito em si; e o comportamental, resultando em atos discriminatórios (Fiske, 1998).
O sexismo, preconceito relativo às diferenças entre os sexos, desfavorece as mulheres, em função de sua condição de gênero (Lips, 1993). Este pode ser institucional (por exemplo, através de uma política salarial que prejudica as mulheres) ou interpessoal (por exemplo, a presença de atitudes negativas dirigidas às mulheres).
As teorias feministas explicam o sexismo como derivado da cultura patriarcal, na qual os homens têm a primazia do grupo dominante e controlam o espaço público, enquanto as mulheres são responsáveis pelo privado, e pela reprodução dos valores patriarcais na família.
O sexismo é um instrumento para garantir as desigualdades de gênero, e promove atitudes de desvalorização da mulher através da socialização. Cria representações das mulheres como dóceis, passivas e submissas, e dos homens como fortes e responsáveis.
Mais recentemente, atitudes sexistas tradicionais vêm sendo substituídas por novas formas, indiretas ou simbólicas. O sexismo antigo sugere, por exemplo, estereótipos sobre menor competência feminina; já o moderno nega que ainda exista a discriminação contra as mulheres, e antagoniza sua luta por uma maior inserção social e apoio governamental. O sexismo moderno também incentiva sentimentos negativos em relação às mulheres, só que de forma mais encoberta.
Glick e Fiske (1996) contribuíram ao estudo das novas formas de sexismo, desenvolvendo a teoria do sexismo ambivalente, segundo a qual o sexismo se manifesta através de duas atitudes: hostil e benevolente. O sexismo hostil apresenta uma antipatia explícita contra as mulheres, enquanto o sexismo benevolente exalta um combinado de sentimentos e condutas positivas em relação à mulher – tais como, “o homem não pode viver sem as mulheres”.
A visão benevolente, apesar de atestar aspectos positivos do feminino, reforça o preconceito, pois mantém a visão de que a mulher é frágil, dependente do homem, e naturalmente talentosa para o cuidado. A mulher é vista de forma romântica, e isto discrimina contra mulheres que não cabem neste padrão idealizado, como as feministas.
O sexismo hostil e o benevolente incluem de três componentes, estes também sujeitos à ambivalência. O primeiro componente é o paternalismo, que se manifesta de forma hostil através da dominação, e de forma benevolente através da proteção às mulheres. O segundo é a diferenciação entre os sexos, que se manifesta de forma hostil pela competitividade, e de forma benevolente pela noção de complementaridade. O terceiro é a heterossexualidade, que se manifesta negativamente pela hostilidade entre os sexos, e positivamente pela intimidade (Fiske e Glick, 1995).
No presente estudo, a autora investigava a aplicação do Inventário de Glick e Fiske em uma amostra brasileira. Este inventário consiste em 22 afirmativas, com opções de resposta Likert de seis pontos, e é considerado como fidedigno e válido. Para medir o sexismo hostil, aparecem frases como “quando uma mulher conquista um homem ela costuma mantê-lo sobre rédea curta”; “muitas mulheres, com a desculpa de buscarem igualdade, estão é querendo favores especiais”; e “as mulheres querem obter poder para exercer controle sobre os homens”. Na avaliação do sexismo benevolente, aparecem itens como: “as mulheres devem ser amadas e protegidas pelos homens”; “num desastre, as mulheres devem ser salvas antes dos homens”; e “uma boa mulher deve ser colocada num pedestal pelo seu homem”.
Os resultados do estudo brasileiro confirmaram aqueles apresentados em outros países: o sexismo hostil e o benevolente são construtos independentes, porém correlacionados positivamente. Homens apresentaram escores significantemente mais altos do que as mulheres na escala de sexismo hostil, e na escala de sexismo benevolente não se diferenciam das mesmas. Ou seja, as mulheres tendem a refutar o sexismo hostil e endossar o sexismo benevolente.
As mulheres provavelmente dão suporte ao sexismo benevolente por se sentirem protegidas e recompensadas por este. Porém, o sexismo benevolente é subsidiado pela mesma ideologia que sustenta o sexismo hostil, o patriarcalismo, um sistema que fomenta a desigualdade entre os sexos e a supremacia masculina. Numa proposta aparentemente benevolente, as mulheres são apresentadas como frágeis e necessitadas da proteção, admiração e afeto masculinos.
Sendo assim, endossar o sexismo benevolente preserva os valores patriarcais que limitam as oportunidades das mulheres, e acaba validando o sexismo hostil.

Fonte: Ferreira, M. C. (2004). Sexismo hostil e benevolente: inter-relações e diferenças de gênero. Temas em Psicologia da SBP, Vol.12, no 21, 119-126.

Artigo publicado: Team Negotiation

Título: Team Negotiation: Social, Epistemic, Economic, and Psychological Consequences of Subgroup Conflict

Autor: Nir Halevy

Periódico: Personality and Social Psychology Bulletin 2008;34 1687-1702

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Artigo publicado: Undocumented bodies, burned identities

Título: Undocumented bodies, burned identities: refugees, sans papiers, harraga — when things fall apart

Autor: Roberto Beneduce

Periódico: Social Science Information 2008;47 505-527

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Artigo publicado: Beliefs about self-esteem

Título: American and Japanese beliefs about self-esteem

Autor: Robert A. Brown

Periódico: Asian Journal of Social Psychology,11, 45, 2008, 293-299

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Artigo publicado: Sexual Abuse and Adult Sexual Problems

Título: Childhood Sexual Abuse and Adult Sexual Problems: A New View of Assessment and Treatment

Autores: Kathryn Hall

Periódico: Feminism Psychology 2008;18 546-556

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Notícia do dia: nada como um vestidinho vermelho

Contribuição: André Faro

Matéria da BBC Brasil divulga o resultado de uma pesquisa conduzida nos Estados Unidos na qual se evidencia quão generoso pode ser um homem quando está ao lado de numa mulher que veste vermelho. Clique aqui para ler.