Resenha: Representação Social e Estereótipo: A Zona Muda das Representações Sociais.

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Poliana Neres Costa

O texto apresentado é um artigo científico que aborda a temática das representações sociais e estereótipos em um contexto específico que é a universidade de Aix-en-Provence, localizada em Provence na França.
A autora inicia o artigo apontando uma dificuldade nos dados encontrados em pesquisas sobre representações sociais. Este problema é questionado, também, por outros investigadores, como Abric e outros. Assim a autora insere o termo de “zona muda” que surgem das representações disfarçadas por certos elementos em determinadas situações, ou seja, em determinados contextos e momentos existe uma “zona muda” composta por certos elementos da representação que não são verbalizados pelos indivíduos. Estes elementos relacionam-se com os valores, normas e crenças sociais que acabam influenciando na expressão das representações. E mesmo que estes elementos façam parte de representações centrais eles são omitidos para evitar conflitos morais ou que desviem da norma social.
Desta forma, objetivando-se conseguir revelar os elementos da “zona muda” de representação Menin (2006) destaca que é necessário elaborar métodos específicos de verificação. E para tal é preciso amenizar a pressão normativa sobre o sujeito que representa. Para alcançar este propósito a autora expõe duas técnicas: uma de substituição que “visa reduzir a pressão normativa, reduzindo o nível de implicação pessoal do sujeito com relação à representação do objeto”, ou seja, o participante responde como se estivesse falando por outra pessoa que seja de seu grupo de referência; e a outra técnica é a de descontextualização normativa que “visa reduzir a pressão normativa colocando o sujeito num contexto mais distante de seu próprio grupo de referência”.
Menin (2006) apresenta algumas pesquisas realizadas pela Escola de Aix sobre as “zonas mudas” das representações. E ressalta, apoiando em alguns outros pesquisadores, aspectos sobre o núcleo central das representações e sua estabilidade. Além disso, realiza um ensaio ao trabalhar com os estudos de diversos autores sobre a temática da “zona muda das representações”.
Das pesquisas realizadas concluiu-se que os dados obtidos eram quase, totalmente, reflexos complexos dos modelos normativos pertinentes para o objeto de representação. Diante disso, a autora coloca que as técnicas de substituição e descontextualização já tinham sido utilizadas em outros contextos externos aos da representação, no entanto foi usada pela primeira vez na pesquisa em representações sociais por Deschamps e Guimelli (2000).
A autora apresenta também pesquisas relacionadas com outros temas como estereótipos e preconceito, visando compreender se a ativação de estereótipos e o preconceito em situações distintas de investigação (usando a técnica de substituição e a técnica de descontextualização normativa) influenciam na “zona muda” de representação. Para tal desígnio foram usados grupos considerados alvos do racismo e estereótipos como os maghrebinos, os ciganos e os muçulmanos. Destas pesquisas ultimou-se que as representações sociais apresentam certa plasticidade e variabilidade a depender de que posição da qual se fala e para quem se fala.
Menin (2006) expõe as hipóteses da “zona muda”, destacada por outros autores como, por exemplo, Guimelli e Deschamps (2000), Abric (2003), Deschamps e Guimelli (2004), em que as respostas dos sujeitos se adequariam as normas sociais ao temerem ser “mal vistos” pelos seus grupos de referência, outra hipótese seria a da “transparência das representações” em que um sujeito falaria de um grupo por meio de conhecimentos, de um mesmo objeto, adquiridos através das representações e estereótipos dos membros do outro grupo. Uma outra hipótese é a da influência social efetivada por meio de relações de interdependência e de trocas de informações (a partir de crenças, opiniões, atitudes e guias de comportamento) entre diversas entidades sociais.
Finalizando a autora traz um questionamento, considerado um problema de investigação no campo da psicologia, associado com as “zonas muda das representações” que consisti em “até que ponto o que as pessoas respondem nos questionários correspondem ao que realmente pensam?” sendo que os discursos se alteram a depender de para quem os sujeitos falam e a partir de quem fala, se por si ou por outros.
Desta forma, Menin (2006) destaca a relevância e presença das normas sociais frequente nas representações podendo surtir alterações ao orientar que representação seria mais adequada, produzindo até mesmo modificações centrais.
Assim o modo como a coleta de dados é feita interfere nas representações obtidas. Diante disso a autora sugere o uso de técnicas mais qualitativas de investigação como entrevistas e observação de práticas, fundamentadas na concepção de Jodelet (2003). Desta forma, Schulze e Camargo (2000) em um artigo sobre psicologia social, representações sociais e seus métodos afirmam que “deve-se considerar o nível de complexidade dos fenômenos investigados pela teoria das representações sociais” de modo que, conforme exposto por Jodelet (1989) (citada em Schulze & Camargo, 2000) as escolhas metodológicas deve apresentar-se em consonância com as situações em que as representações surgem e funcionam.

 

Referência: Menin, M. S. S.; (2006). Representação Social e Estereótipo: A Zona Muda das Representações Sociais. Psicologia: Teoria e PesquisaJan-Abr 2006, Vol. 22 n. 1, pp. 043-052.

 

Resenha: Representação social de crianças acerca do velho e do envelhecimento

Milena Magalhães

As representações sociais do idoso e da velhice se refletem no modo como são tratados, e são fruto das circunstâncias materiais e dos sistemas de valores e crenças de cada sociedade, e sofreu mudanças com o passar do tempo. Nesse estudo as autoras colocam como essa representação mudou ao longo do tempo, e como existem diferentes imagens sobre os idosos na sociedade contemporânea, por vezes considerados sábios, e em outras considerados velhos decrépitos.

Essas autoras apontam ainda a proposta de Park de trocar o termo velho por idoso, o que seria favorável a manutenção dessa classe etária. Colocam ainda que os estudos que investigam crenças, atitudes, percepções e representações sociais do idoso predominam os aspectos negativos.

Isso pode ser facilmente percebido, como por exemplo a idéia que se tem de que os idosos não fazem sexo, não podem frequentar determinados lugares e que eles têm que ficar em casa, fazendo tricô ou jogando baralho.

As crianças estão inseridas desde a primeira infância em um mundo estruturado pelas representações sociais, e o modo como ela percebe e se posiciona e no mundo é por influência destas.

O estudo foi feito com dois grupos de crianças de baixa renda da zona rural. A estratégia metodológica utilizada foi a utilização do desenho aliado à entrevista semi-estruturada e da brincadeira tematizada como instrumentos de investigação.

As autoras optaram por apresentar os resultados e a discussão em dois tópicos: O envelhecer: porque uma pessoa é velha e Como é uma pessoa velha.

As crianças dão uma ampla importância às características físicas, rugas e cabelos brancos, como forma de reconhecer os idosos. O que é justificável já que são características visíveis e palpáveis, além do mais os seres humanos se utilizam da aparência física para se reconhecerem, e essa observação é base para os julgamentos sobre o status e o valor dos outro. Mas essas características não são os únicos métodos que as crianças utilizam para fazer a distinção do idoso. Uma das crianças aponta o uso da bengala como um indicativo da idade, o que faz com que percebamos que a associação do idoso a limitações físicas já é algo feito desde a infância, e isso normalmente não é modificado ao longo de sua vida. Outras ainda apontam as limitações, a fragilidade e a morte como outros indicativos.

Muitas crianças fazem uma associação do idoso como avós – se é idoso é avô, se é avô é idoso –, porém isso não é feito por crianças que moram com os avós, estas não classificam seus avós como idosos. Isso nos mostra como o grupo que está se relacionando com a criança é importante para a construção das representações sociais.

Na questão que se refere à condição do idoso vale ressaltar que quanto mais velhas as crianças eram, mais a doença era associada a eles, colocando ainda a idéia de que os idosos são desagradáveis e indesejados. Isso é fruto do que lhes rodeia, o idoso, infelizmente, é visto assim pela sociedade, e essa ideéa tão errada é passada para as crianças, que inicialmente apenas reproduzem o que vêem e ouvem, mas que depois admitem como verdade, passando para as pessoas a sua volta.

Mesmo acreditando que o idoso é doente algumas crianças os colocaram com sendo ativos, que trabalham, que viajam e circulam pela cidade, mas as crianças que já tinham visitado cidades maiores ou tido acesso a programas televisivos os colocou também como pobres e mendigos.

As crianças colocaram o envelhecimento como um processo natural relacionado com a passagem do tempo, em que todos estão sujeitos. E que elas serão idosas quando tiverem crescido, casado, tido filhos e netos. Essa representação mostra claramente a influencia da sociedade que determina um ciclo a ser cumprido desde a infância.

As contradições existentes nas falas das crianças nos mostra como elas estão atentas a tudo a sua volta, e fazendo as suas representações a partir dessas informações. Dessa forma é nessa fase que se deve apresentar as crianças as diferenças existentes entre os objetos sociais, para assim, diminuir os preconceitos e os estereótipos negativos que se relacionam com os idosos e com outros objetos sociais.

Esse estudo que buscou entender como a velhice, o idoso e o envelhecimento são percebidos e representados é bastante importante pois dá a oportunidade de compreender os comportamentos e sentimentos para com estes. Porém, possui algumas limitações como o número de participantes que é muito baixo, além da amostra conter apenas representantes de uma mesma classe e de um mesmo local, mas, ainda assim, o estudo nos possibilita uma visão acerca dessa temática.

Artigo publicado: The Secret Lives of Liberals and Conservatives

Título: The Secret Lives of Liberals and Conservatives: Personality Profiles, Interaction Styles, and the Things They Leave Behind

Autores: Dana R. Carney, John T. Jost, Samuel D. Gosling, Jeff Potter

Periódico: Political Psychology, 29, 6, 807-840, 2008.

Resumo: clique aqui para obter

Artigo publicado: Learning Social Attitudes

Título: Learning Social Attitudes: Children’s Sensitivity to the Nonverbal Behaviors of Adult Models During Interracial Interactions

Autores: Luigi Castelli, Cristina De Dea, and Drew Nesdale

Periódico: Personality and Social Psychology Bulletin 2008;34 1504-1513

Resumo: clique aqui para obter

Notícia do dia: traficantes jogavam corpo de rivais para jacarés

Qual o limite da insensibilidade? É possível acreditar? Clique aqui e leia a notícia publicada no Estadão.

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