Artigo publicado: Understanding White Americans’ Perceptions of Racism

Título:Understanding White Americans’ Perceptions of Racism in Hurricane Katrina-Related Events

Autores: Laurie T. O’Brien, Alison Blodorn, AnGelica Alsbrooks, Reesa Dube, Glenn Adams, and Jessica C. Nelson

Periódico: Group Processes Intergroup Relations 2009;12 431-444

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Artigo publicado: Reactions to Procedural Discrimination in an Intergroup Context

Título:Reactions to Procedural Discrimination in an Intergroup Context: The Role of Group Membership of the Authority

Autores: Grand H.-L. Cheng, Kelly S. Fielding, Michael A. Hogg, and Deborah J. Terry

Periódico: Group Processes Intergroup Relations 2009;12 463-478

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Artigo publicado: Disregard for Outsiders: A Cultural Comparison

Título:Disregard for Outsiders: A Cultural Comparison

Autores: Romin W. Tafarodi, Sarah C. Shaughnessy, Wincy W. S. Lee, Doris Y. P. Leung, Yuka Ozaki, Hiroaki Morio, and Susumu Yamaguchi

Periódico: Journal of Cross-Cultural Psychology 2009;40 567-583

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Resenha: Crenças de senso comum sobre medicamentos genéricos vs. medicamentos de marca: um estudo piloto sobre diferenças de gênero.

Marinês Oliveira

O presente artigo faz um estudo pautado nas crenças do senso comum sobre Medicamentos Genéricos vs. Medicamentos de Marca na perspectiva de Gêneros. Segundo Figueiras, Marcelino & Cortes (2007), em termos da população em geral, existem crenças de senso comum acerca da eficácia e segurança dos genéricos, que poderão condicionar a escolha do medicamento no momento da compra, na medida em que esta é influenciada pelas características individuais, crenças subjetivas sobre o tratamento e representações da doença do consumidor. Tal fato se concretiza, quando as pesquisas percebem que o uso do genérico está associado a percepção do individuo a respeito da gravidade de sua doença, ou seja, a percepção de doença e não a percepção acerca do medicamento que determina o seu uso. Assim, quando a percepção acerca da doença não é tão grave o uso dos genéricos dispõe a aumentar. Os autores também atribuem esta crença ao fato de que nos últimos anos, embora a população tenha recebido grandes informações sobre medicamentos genéricos, os indivíduos estão mais habituados a receberem uma prescrição de um medicamento de marca, cujo nome é mais conhecido, ou por experiências anteriores, ou por indicação de terceiros. Acrescenta ainda que, um estudo recente mostrou a importância do nome do fármaco em termos dos significados implícitos e explícitos dos nomes de marca.
Tal fato tem subsídio nas abordagens dos sistemas de crenças de Bem (1973) e Rockeach (1981), quando colocam que as origens das crenças podem advir de experiências, vivencias, meios de comunicações, autoridades, e outros. Percebe-se o bombardeio da mídia farmacêutica no que diz respeito às medicações, tornando estas mensagens de maneira tão organizadas e imperativas que, ao passar, do tempo, elas vão adquirindo a forma de doutrinas, verdades absolutas e sistema de opiniões e pensamentos.
O presente estudo avaliou em que medida o nome da doença pode influenciar a crença sobre o uso de medicamentos (genéricos e de marca) em indivíduos saudáveis, e (2) a existência de eventuais diferenças de gênero associadas às crenças sobre a medicação. Os resultados indicam que existem efeitos de interação entre tipo de medicamento e doença. Os participantes concordam com a prescrição do medicamento genérico para todas as doenças, no entanto esta concordância diminui significativamente à medida que a gravidade da doença aumenta. Verificaram-se ainda diferenças de gênero em relação à crença na eficácia dos medicamentos genéricos para as diferentes doenças. Os homens associam o uso do medicamento genérico a doenças que consideram menos graves, enquanto as mulheres associam a utilização do medicamento de marca a doenças percepcionadas como mais graves. Sendo importante salientar que a gravidade de cada doença dentro da percepção masculina/feminina é o que diferenciou este resultado. Ou seja, para a doença gripe, os resultados foram diferentes, pois homens e mulheres tiveram percepções de gravidade distintas. Este estudo levanta questões importantes no que se refere a aspectos subjetivos relacionados com a escolha e uso de medicamentos, o que pode ter implicações para a saúde em geral e para a adesão a regimes terapêuticos.
Neste caso, é visível o quanto as crenças manifestam os seus efeitos nos processos cognitivos de uma forma importante que são capazes de influenciar a maneira através da qual as pessoas percebem e interpretam os fatos. No artigo, elas não só delimitam as proposições que os indivíduos tem a respeito do objeto, como foram capazes de ditar suas escolhas e comportamentos.
Referência: Figueiras, Marcelin, Cortes, Horne & Weinman (2004), Crenças de senso comum sobre medicamentos genéricos vs. medicamentos de marca: Um estudo piloto sobre diferenças de gênero.

Resenha: Flutuações e diferenças de gênero no desenvolvimento da orientação sexual: Perspectivas teóricas

André Oliveira de Assis Núñez

No desenvolvimento das identidades individuais e relacionais, as relações dos sexos e dos gêneros com a diversidade de comportamentos humanos – e com a linguagem disponível socialmente – levou a que encontrássemos e nos definíssemos segundo conceitos e expressões como: mulher/homem, feminino/masculino, heterossexuais, homossexuais ou bissexuais (lésbicas, gays, bissexuais – LGB), transexuais. É válido ressaltar também à importância da proporção do espaço de reflexão social e de investigação que estuda os mundos relacionais e as relações entre as pessoas, com os muitos significados que os discursos sociais criam sobre tal, que abrange desde à sociologia até algumas áreas da medicina, contribuindo assim para a compreensão do que leva às pessoas a escolherem relacionar-se entre si. Tornando assim, o tema sobre orientação sexual atual e complexo.
O termo sexo se relaciona com a estrutura anatômica e o termo gênero aos aspectos psicossociais do sexo, impostos ou adaptados socialmente – devendo os construtos ser mantidos separados e claramente definidos na sua especificidade, para a melhor compreensão psicológica da identidade. Sendo de extrema importância para a análise das características distintas que ocorrem nas relações entre as pessoas, existindo assim diferenças importantes entre o ser – anatomicamente – , e o pensar, não necessariamente se relacionando.
O desenvolvimento da identidade sexual pode ser encarado em três dimensões: a identidade de gênero, os papéis sexuais e a orientação sexual.
A identidade de gênero – o primeiro componente da identidade sexual – desenvolve-se entre o nascimento e os três anos de idade, sendo definida como “a convicção básica do indivíduo acerca do seu sexo biológico”.
O segundo componente a desenvolver-se são os papéis sexuais, ou seja, as características culturalmente associadas com ser homem ou mulher – que através dos estereótipos são percebidas como as características masculinas ou femininas. Os papéis sexuais associam-se por sua vez, ao que se espera de uma “menina-menino”, evoluindo ao longo da vida, consoante as circunstâncias sociais. É importante notar, que esse processo ocorre nas pessoas entre três a sete anos, sendo que não são processos estáveis e definitivos, dependendo muito do contexto social onde a criança está inserida. E por fim, O terceiro componente da identidade sexual é a orientação sexual – a preferência por parceiros do sexo oposto, do mesmo sexo ou por ambos os sexos.
Através da relação entre a identidade de gênero, os papéis sexuais e a orientação sexual, faz com que possamos entender a identidade sexual das pessoas, porém é válido notar que ter comportamentos ou atrações pelo mesmo gênero, por exemplo, não significará necessariamente ter uma identidade homossexual, não ocorrendo necessariamente uma correlação positiva entre esses fatores da identidade sexual.
Tem-se vivenciado na realidade e na pesquisa, a idéia de que a sexualidade da mulher é relativamente fluida, termo ainda não consensual, mas que se utiliza para referir mudanças longitudinais na identidade sexual, nas atrações e nos comportamentos das mesmas, como afirma Lisa Diamond. Por conseguinte, podemos afirmar que as mulheres tem uma tendência para mudar suas atrações sexuais ao longo do tempo. È importante ressaltar que Lisa Diamond explora este conceito da fluidez na identidade sexual citando quatro estudos longitudinais sobre a orientação sexual, enquanto enfatiza a necessidade paralela de estudos prospectivos, pois os que estão disponíveis, por não serem feitas avaliações que permitam uma comparação de dados de evolução nas dimensões da orientação sexual, tem pouca evidência empírica.
A criação dos modelos de desenvolvimento do coming-out levou à idéia de uma sequência linear de estágios que presumem que uma vez desenvolvidos determinadas atitudes, assumindo-se para si e para os outros como homossexuais, não há mais alterações – o que não está em concordância com alguns estudos do desenvolvimento da orientação sexual da mulher, em que a primeira identidade sexual não é a última e definitiva. Podemos inserir então, os estudos de Diamond sobre a fluidez da sexualidade da mulher, sendo um campo ainda muito vasto para a investigação e questionamentos.
Dentro dos estudos com amostras de mulheres, a autora a afirma que embora as atrações sexuais pareçam bastante estáveis, as identidades e os comportamentos são bem mais fluidos e diversificados.
Outro aspecto importante que devemos abordar é que num processo de desenvolvimento multidimensional como é a orientação sexual, temos evidências de existirem diferenças de gênero em alguns estudos, mas não é consenso. Para exemplificar tais estudos, podemos citar Herdt e Boxer (2000), com uma amostra de 202 jovens (27% do sexo feminino). Os rapazes demonstraram um início mais precoce dos comportamentos homossexuais, cerca de dois anos mais cedo que as moças, apresentando portanto diferenças estatisticamente significativas. As mulheres têm uma maior probabilidade de ter experiências sexuais heterossexuais antes de ter experiências com o mesmo sexo. Estes autores concluíram sobre a existência de diferenças de gênero na sequência desenvolvimental, mas limitaram tal afirmação aos comportamentos sexuais heterossexual ou homossexual a ocorrer em primeiro lugar. Esse estudo é importante, pois aborda um assunto relacionado à sexualidade que gera discórdia entre alguns pesquisadores, favorecendo assim, mas um estudo para incrementar tais discussões. Além do mais, instigar à saber o porquê – se for comprovado essa teoria -do amadurecimento de comportamentos homossexual dos rapazes em comparação ao moças.
As relações das pessoas consigo e os seus amores são certamente determinadas por muitas dimensões, influenciadas pelo meio, mas predispostas biologicamente, assim, na sua subjetividade individual, não serão separadas de um contexto social de inserção. Portanto, a tolerância em relação à opção sexual dos outros deve ser uma característica marcante na sociedade como um todo, pois formas estereotipadas e preconceituosas só proporcionam o afastamento e a desunião das pessoas.

Referência: Almeida, J. e Cavalheira, A (2007). Flutuações e diferenças de gênero no desenvolvimento da orientação sexual: Perspectivas teóricas. Análise Psicológica

Resenha: O saber e a prevenção no trabalho e na vida: Representações de profissionais de saúde que trabalham com HIV/Aids

Clara Vasconcelos

O presente artigo busca investigar e compreender as representações dos profissionais de saúde que trabalham com HIV/Aids sobre as suas práticas profissionais, sobre os riscos no trabalho e na vida pessoal.

Smith(1998) afirma que o conhecimento sobre a Aids leva atitudes favoráveis à adoção do sexo seguro, porém tais atitudes não são necessariamente expressas em comportamentos compatíveis. Tal afirmação corresponde a realidade não só do Brasil, como das mais diversas localidades do mundo.

O artigo então traz que os profissionais que trabalham com esta doença são muito mais capacitados e detêm muito mais conhecimentos acerca da mesma do que a população em geral. Retomando então a afirmação de Smith supracitada, os autores trazem a constatação de que os esforços no sentido de manter a população informada não tem gerado mudanças comportamentais significativas, incluindo-se inclusive os próprios profissionais que trabalham na área.

O artigo então traz o objetivo da pesquisa que foi o de conhecer as representações dos profissionais de saúde, que trabalham com o HIV/Aids ,sobre a sua prática profissional, investigando como e em que medida o saber sobre a Aids influenciam nas suas práticas sexuais.

Método: A pesquisa foi realizada nos Serviços Ambulatórios Especializados HIV/Aids (SAE), em três cidades do Mato Grosso do Sul. Este local atente apenas pacientes portadores da doença e pode ser considerado como uma referência no tratamento do HIV/Aids. A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas individuais semi estruturadas que continham dois blocos: A história profissional em relação a Aids e as relações entra o saber e a prática na vida pessoal. Foram 12 sujeitos: 3 psicólogos e 3 assistentes sociais ( que não mantinham contato com os fluidos dos pacientes) e 3 médicos e 3 enfermeiros ( que mantinham contato com os fluidos dos pacientes) .

Foi feita uma leitura fluente de todas as entrevistas, o que permitiu o registro de anotações livres e depois foram construídos dois “corpus” comunicacionais ( um para os que mantinham contato com os fluidos e outros para os que tinham apenas contato verbal). Houve depois um agrupamento por sexo. Por fim reconstruiu-se o discurso dos sujeitos numa síntese do que significava para eles as questões levantadas nos objetivos da pesquisa.

A questão da inserção profissional demonstrou que o ingresso ao SAE ocorreu por meio de convite ou por oferta do cargo para profissionais que já desenvolviam trabalhos com DSTs. Vale destacar que não houve diferenças nas respostas dos dois blocos comunicacionais.

Para estes profissionais, trabalhar no SAE constitui-se como um desafio, devido a questão da incurabilidade da doença. Outro aspecto que surgiu foi a questão do trabalho em equipe, realizado neste ambiente, que despontou como uma das causas de satisfação dos profissionais entrevistados. A proposta diferenciada de atendimento também foi trazida, bem como a qualidade do serviço prestado.

Para estes profissionais trabalhar no SAE é aprender a lidar com a morte o tempo todo, bem como estabelecer limites no próprio vínculo, lidar com a perda da onipotência e ver aspectos negativos de uma forma diferente. Segundo eles, este tipo de serviço coloca a questão da imparcialidade em cheque. Há inúmeras citações referentes a paixão de trabalhar lá. “gratificante” e “lição de vida” são algumas das palavras chave. De acordo com os profissionais as coisas negativas tornam-se insignificantes diante de tudo que foi citado acima.

No outro pólo estudado, buscou-se compreender onde estes profissionais corriam mais riscos. Se era no contato com o vírus no desempenhar de sua profissão ou se era na vida pessoal. Os profissionais foram unânimes afirmando que na vida pessoal eles corriam mais riscos. De acordo com os entrevistados, os riscos no trabalho eram conhecidos e existiam diversas medidas preventivas, enquanto na vida pessoal tais comportamentos não faziam-se presentes.

Todos os profissionais, portanto, relataram não utilizar o preservativo com seus parceiros. Foram relatadas mudanças na representação dos infectados com o vírus, porém não foi relatada uma mudança no comportamento de risco dos profissionais. O que ocorreu após eles iniciarem o trabalho nesta área foi na verdade uma maior identificação com a história do paciente, tendo em vista inclusive a ausência de preservativos nas práticas sexuais.

Parker(1994) diz que não há surpresa nos pequenos impactos promovidos pelos esforços iniciais de educação sobre a Aids. Pois apesar de haver uma preocupação com a informação, pouco se apresenta no sentido de ter formas mais concretas de mudança comportamental. Tem-se acreditado que ao receberem informações objetivas os indivíduos vão responder através de escolhas racionais, reduzindo o comportamento de risco. Tal crença porém não corresponde a realidade até então averiguada.Madeira(1998) trouxe a importância de analisar este fenômeno de maneira menos linear, dando conta de mais dimensões e níveis que certamente estão envolvidos nesta equação.

No que tange aos profissionais da área, pareceu aos autores do texto que a regra era: o conhecimento é para o trabalho e não para a vida. O discurso em torno de explicações para este tipo de comportamento foi redundante e com explicações muito superficiais. Observou-se também um certo incomodo por parte dos entrevistados em responder estas perguntas. Muitos profissionais trazem o discurso de que antes de terem uma profissão são seres humanos, suscetíveis a erros, pressões e inseguranças. Alguns chegam, inclusive a dizer que na vida pessoal são exatamente como seus pacientes. Afirmam também que preferem não pensar sobre o assunto.

As questões culturais e históricas, referentes a confiança no parceiro são bastante presentes, bem como o medo de trazer para o relacionamento a discussão sobre desconfiança e infidelidade. Esta última questão ficou presente de forma acentuada nos discursos das mulheres. Mesmo as que consideram a possibilidade do parceiro ser infiel, preferem delegar a responsabilidade de utilizar preservativo com as amantes para este parceiro, ao invés de tomarem para si mesmas a responsabilidade de cuidar da própria saúde.

As mulheres trouxeram também que a ameaça da destruição do relacionamento parece muito mais eminente e real do que a ameaça da Aids. As verbalizações demonstram simbolicamente a existência de um poder dos homens de fazer escolhas pela sua parceira. Todos os profissionais perceberam a fragilidade do argumento, porém insistiram em afirmar que o componente cultural da fidelidade tem mais poder sobre suas ações do que o conhecimento dos riscos.

De acordo com Madeira(1998) esta lógica pode ser considerada como racional, por ser uma construção que articula no nível do sujeito o psíquico, o social e o histórico, no concreto das relações que articulam as diversas partes do todo. É porém uma lógica diferente das lógicas lineares construídas pelas campanhas.

Para concluir os autores apontam que de fato a prática profissional não interfere de forma positiva na utilização de preservativos na vida pessoal dos profissionais de saúde.

Referência: Andrade, S. e Tanaka, O. O saber e a prevenção no trabalho e na vida: representações de profissionais de saúde que trabalham com HIV/ Aids. Psicologia Ciência e Profissão, 2002, 22, 2, 60-69

Resenha: Flutuações e diferenças de gênero no desenvolvimento da orientação sexual: Perspectivas teóricas

Clara Vasconcelos

O trabalho busca fazer uma revisão teórica das principais investigações sobre as flutuações e transições na orientação sexual. De maneira geral, destaca a obra de Lisa Diamond, que apresenta investigações sobre transições na identidade, no comportamento e na atração.

O texto de Almeida e Carvalheira(2007) começa afirmando que muitas áreas têm feito investigações acerca do que representa e de como ocorre a escolha da orientação sexual. Dentre estes campos destacam-se a religião, as leis, as ciências sociais e biológicas e até mesmo algumas áreas da medicina. De acordo com as autoras, nossas identidades individuais e relacionais, bem como toda a diversidade de comportamento humano faz com que os indivíduos, se encontrem e se relacionem com conceitos e categorias, como homem/mulher; homossexual/bissexual/heterossexual, dentre diversas outras.

O texto traz também a diferenciação de Sexo e Gênero, de acordo com Diamond(2002). De acordo com ele, o sexo refere-se a estrutura anatômica, enquanto o gênero refere-se aos aspectos psicossociais do sexo. O texto traz também, que a identidade sexual tem três dimensões: A identidade de gênero, os papéis sexuais e a orientação sexual.

A identidade de gênero: É o primeiro comportamento, desenvolve-se entre o nascimento e o terceiro aniversário. De acordo com Green é “ a convicção básica acerca do seu sexo biológico”. Está identidade nem sempre é equivalente ao órgão reprodutor visível. Depois, desenvolvem-se os papéis sociais, que são características associadas ao ser homem e ser mulher através da cultura e da história. Estes papéis têm muita ligação com a aparência, com os comportamentos esperados daquela pessoa e da sua personalidade. Estes papéis não necessariamente são fixos, devido a fluidez propiciada pela cultura vigente. Só após esta segunda fase, que dura em média dos três aos sete anos, é que começaríamos a discutir a orientação sexual: A escolha pelo sexo oposto, pelo mesmo sexo ou pelos dois. A orientação sexual pode ser dividida em dois aspectos: A preferência física sexual e a afetiva.

Para Diamond, a orientação sexual engloba várias dimensões da identidade sexual, da de gênero e dos papéis sociais. Para ele as categorias bissexual, heterossexual, dentre outras, são mais adjetivos do que nomes propriamente ditos. Lisa Diamond tem tentado mudar a forma de estudar a orientação sexual, em especial a feminina.

O texto a partir deste ponto traz estudos que corroboram hipóteses opostas entre si. Algumas correntes que trazem que a orientação sexual é mais fluida e inconstante do que costuma-se estabelecer e outras que dizem justamente o oposto. Os estudos feitos, foram em sua maioria longitudinais. As investigações mais recentes demonstram a desvalorização das mudanças provenientes do passar do tempo. Diamond, traz que é como se ocorresse a descoberta de um self verdadeiro, ponto a partir do qual, as mudanças na orientação sexual não ocorreriam mais. Diamond porém não concorda com esta afirmação, dizendo que há evidências destas mudanças ao longo do tempo, em especial nas mulheres.É importante salientar que existe também opiniões controversas a esta no que tange a diferenciação dos gêneros e as diferenças na orientação sexual. Ao longo do texto, fica bastante claro que há uma grande necessidade de novos estudos, mais completos na área.

O texto além de trazer estudos que corroboram esta idéia de que as mulheres têm modificado sua orientação sexual ao longo do tempo, afirma também que os movimentos de defesa dos direitos gays podem influenciar na escolha dos indivíduos para serem lésbicas e gays, uma vez que há um preconceito, por parte de destes movimentos acerca da possibilidade do bissexualismo.

Os estudos de Diamond e Rust demonstram ainda que há uma diferença clara nos resultados das mulheres que se consideravam lésbicas ou bissexuais. As que se consideravam lésbicas responderam em sua maioria sentir mais atrações sexuais por mulheres, enquanto as bissexuais afirmaram justamente o contrário.

É importante salientar também, que estes estudos realizados e que têm corroborado tanto a hipótese de fluidez como a hipótese de permanência forma realizados em ambientes muito restritos, tendo como participantes apenas membros da LGBT americana, e estudantes universitários. Desta forma, não existem dados que se relacionem a pessoas desvinculadas destes espaços, em especial pessoas que residem em ambientes mais rurais, de etnias minoritárias e com condição sócio-econômica mais baixa.

Weinberg ET AL(1994) traz a hipótese de que talvez os bissexuais, sejam eles homens ou mulheres, tenham uma maior capacidade de experimentar atrações por ambos os sexos, o que permite que seus sentimentos estejam mais suscetíveis a mudanças externas, no ambiente.

Herdt e Boxer ( 1993) fizeram estudos que demonstraram que os homens têm experiências com pessoas do mesmo sexo antes do que as mulheres. Bem como as mulheres demonstraram ter uma maior probabilidade de se relacionar primeiro com o sexo oposto e só depois com pessoas do mesmo sexo. As mulheres também apareceram como tento uma certeza mais tardia das suas orientações sexuais do que os homens. Mais mulheres também se consideraram como bissexuais do que os homens. No que tange os contextos das orientações sexuais dividiu-se os sujeitos em dois grupos: Os que eram atraídos por pessoas do mesmo sexo a partir de questões emocionais e os que tinham pensamentos explícitos com o mesmo sexo, envolvendo atividades sexuais. Os resultados encontrados demonstram que mais mulheres se encontram no primeiro grupo e mais homens no segundo.
Para concluir, as autoras trazem que a diversidade sexual tem encontrado um ambiente muito mais favorável e que a flexibilização das atrações tem permitido uma maior liberdade de escolha para mulheres. No caso dos homens, há uma maior rigidez na escolha sexual, o que pode estar refletindo uma maior rigidez social com tal, ou de tal categoria. As autoras finalizam afirmando que a orientação sexual surge a parir de uma interação do ambiente com a biologia.

Referência: Almeida, J. e Carvalheira, A. A. Flutuações e diferenças de género no desenvolvimento da orientação sexual: Perspectivas teóricas. Análise Psicológica, 25, 3, 343-350, 2007

Artigo publicado: Death and the Dynamics of Group Life

Título: Death and the Dynamics of Group Life

Autores: Fiona McDermott, Christine Hill, and Anne Morgan

Periódico: Group Analysis 2009;42 143-155

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Resenha: Flutuações e diferenças de género no desenvolvimento da orientação sexual – Perspectivas teóricas.

Aílton Alves de Araújo

Em busca de uma definição no sentido de uma orientação sexual, partindo da premissa relacional, a visão sobre a perspectiva das identidades individuais e relacionais, fatalmente nos levará aos conceitos de gênero e sexo que dentro dos comportamentos encontraram-se expressões como: homem/mulher, masculino/feminino, heterossexual/homossexual dentre outros.

Convém atentar para as diferenças, que segundo Milton Diamond (2002), diz que sexo se refere a estrutura anatômica e gênero traduz os aspectos psicossociais do sexo e estes conceitos devem ficar claramente mantidos para se proporcionar uma melhor identidade psicológica.

Dentro de uma perspectiva teórica, a identidade sexual pode ser entendida do ponto de vista do desenvolvimento em três dimensões: a identidade de gênero, os papéis sexuais e a orientação sexual.
Nestes aspectos, encontramos a definição biológica do sexo propriamente dita e que aliado a isso, a configuração de gênero que será formatado pela sociedade quanto aos papeis sexuais e sociais que vai está intimamente ligado às características de ser homem ou ser mulher e que neste caso, estará assim vinculado ao que se espera diante do gênero, entretanto, ao longo do desenvolvimento, esta categoria irá se consolidar ou mimetizar de acordo com a interação do indivíduo.

A identidade de gênero na dimensão dos papeis sexuais e sociais poderá ser formatado entre masculinidade e a feminilidade. Na orientação sexual é onde se pode dizer que surge a inclinação pelos parceiros do sexo oposto, do mesmo sexo ou de ambos, onde segundo os teóricos, se configuram duas situações: uma é a preferência física sexual e a outra é a preferência afetiva.
De acordo Fausto Starling (1999), explicações táteis a respeito da bidirecionalidade da identidade sexual, pode se encontrar numa escala explicativa entre a biologia e a cultura.

Baseado no parecer de Lisa Diamond há controvérsia quanto ao estudo da sexualidade, sobretudo a feminina, onde se vê a orientação sexual como uma predisposição para atração com pessoas do mesmo sexo, sexo oposto ou ambos. Sua contestação reside no fato de que a identidade de gênero e os papeis sexuais passam por períodos de desenvolvimento ao longo do tempo que vão de uma fase precoce ao início da idade adulta do indivíduo, onde se deve considerar o contexto social, histórico e cultural também como fatores de influência.

A identidade sexual pode variar baseado numa observação longitudinal onde se perceba que as atrações e comportamentos se alterem por influência das mudanças freqüentes, sem isso, não se pode inferir que pelo fato de uma situação tópica, o indivíduo por adotar comportamento ou atração homossexual ele tenha uma identidade homossexual. Analisando tal situação de forma crítica, isso se configura no campo de sua subjetividade, uma vez que a identidade se relaciona com o sentir-se e ver-se como homossexual (Davies & Neal, 1999).
Partindo da premissa da criação da subjetividade do indivíduo, os processos de categorização social e as representações sociais criados dentro da idiossincrasia de um povo, onde os indivíduos de forma incongruente descrevem a sua sexualidade ocultando comportamentos e fantasias sexuais, a utilização do termo “homossexual”, seria inadequado uma vez que a orientação sexual, deverá ser estável e duradoura (Albuquerque, 2006).

Quanto à fluidez na orientação do desenvolvimento sexual, ainda existem pontos divergentes entre os teóricos, ao passo que uns acreditam na desvalorização dos processos longitudinais pela pseudo existência de um self verdadeiro diante de uma transição de uma identidade heterossexual à identidade homossexual ou bissexual, o qual adquire característica invariável na identidade sexual (Diamond, 2000). Por outro lado, outros teóricos atestam bastante fluidez na orientação sexual da mulher onde elas demonstram muitas mudanças nas atrações sexuais ao longo do tempo.
Muito embora seja um aspecto de caráter não consensual entre os teóricos, mas, toma-se essa fluidez na orientação sexual da mulher como ponto de partida, para referir mudanças longitudinais na identidade sexual, nas atrações e nos comportamentos (Diamond, 2000).

Apesar das alterações sexuais não se apresentarem com mudanças relevantes sobre a bissexualidade, mesmo assim, dá margem a alguns autores (Weinberg e colaboradores, 1994, Diamond, 2004) a interpretar como um potencial para as experiências íntimas sem a predominância de um único sexo, o que para eles pode-se traduzir numa instabilidade exercendo reflexos sobre a identidade sexual. No tocante à bissexualidade sendo em homens ou mulheres, deduz-se daí que há maior possibilidade pela via das experiências ambíguas sexuais de que se crie uma subjetividade pautada nas influências ambientais.

No que tange à perspectiva ambiental, o indivíduo busca uma congruência dentro de uma estimulação caótica do meio e diante da tensão psicológica deste meio, com intuito de se atingir a homeostase comportamental, o indivíduo pode declinar para uma identidade homossexual congruente e vice-versa.

Apesar de alguns estudos não encontrarem alterações significativas no que concerne à diferença de gênero no desenvolvimento da orientação sexual, alguns autores atestam e mostram as evidências de tal existência. Segundo Herdt e Boxer (1993) através de suas pesquisas indicaram que os jovens do sexo masculino iniciam precocemente suas experiências homossexuais do que os indivíduos do sexo feminino cujas diferenças são significativas. Quanto ao indivíduo feminino, incide grande probabilidade de que suas primeiras experiências sexuais sejam de caráter heterossexual antes de experienciar ações homossexuais.

Nestas circunstâncias onde parece prevalecer mais relevância sobre gênero do que na orientação sexual, neste sentido, pesquisadores indicam que a análise deverá ser feita sob a perspectiva individual de cada gênero, bem como as descrições fenomenológicas associadas e as experiências subjetivas no que tange aos sentimentos e comportamentos sexuais como mantenedores de valores à identidade sexual.

Assim, se pode concluir que na consolidação da identidade sexual, a diferença de gênero que atrelada a comportamentos sexuais, a quantidade de parceiros e a idade de iniciação, se configuram como aspectos mais relevantes da diferenciação do que a própria orientação sexual.

Considerações
Diante da complexidade do tema, concita-nos a uma reflexão profunda sobre como se constrói uma identidade sexual e os aspectos relevantes que de forma epistemológica devem ser considerados.
Ao serem analisados os processos longitudinais em busca de consolidação das identidades, isso deverá ser feito de forma criteriosa e buscar sempre dados representativos que possam fidedignamente asseverar.

Como vimos, a construção da subjetividade e da individualidade, passa pelo crivo de uma interação social onde o processo cultural e histórico é parte integrante deste contexto. Assim, não se pode conceber a construção da identidade sexual partindo de uma análise isolada e abstendo-se da compreensão da dicotomia biologia X ambiente ou até mesmo desconsiderar a temporalidade e as observações longitudinais com suas respectivas transformações.

Ficou claro que para a formação da identidade sexual, torna-se necessário levar em consideração os seus três fatores (identidade de gênero, os papeis sexuais e a orientação sexual), onde, baseado nos investigadores, dentro de uma visão criteriosa, é sabido que os indicadores que dão consistência à identidade bissexual, se constituem como um ponto de transição para uma possível eclosão da homossexualidade.

Uma das primeiras teorias formuladas para compreender a homossexualidade, intitulou-a como caráter perverso, entretanto, nos tempos atuais, ainda se busca compreender dentro de um campo fisiológico, genético, comportamental, psicológico, físico, metafísico de leigos e cientistas a sua verdadeira gênese.

Bibliografia: Almeida, J. e Carvalheira, A. A. Flutuações e diferenças de género no desenvolvimento da orientação sexual: Perspectivas teóricas. Análise Psicológica, 25, 3, 343-350, 2007

Artigo publicado: The Experience of Discrimination and Black-White Health Disparities in Medical Care

Título: The Experience of Discrimination and Black-White Health Disparities in Medical Care

Autores: Louis A. Penner, John F. Dovidio, Donald Edmondson, Rhonda K. Dailey, Tsveti Markova, Terrance L. Albrecht, and Samuel L. Gaertner

Periódico: Journal of Black Psychology 2009;35 180-203

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