Artigo publicado: “I’m not gay. . . . I’m a real man!

Título: “I’m not gay. . . . I’m a real man!”: Heterosexual Men’s Gender Self-Esteem and Sexual Prejudice

Autores: Juan Manuel Falomir-Pichastor and Gabriel Mugny

Periódico: Personality and Social Psychology Bulletin 2009;35 1233-1243

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Artigo publicado: Low-income LGBT People

Título: Naming Our Reality: Low-income LGBT People Documenting Violence, Discrimination and Assertions of Justice

Autores: Michelle Billies, Juliet Johnson, Kagendo Murungi, and Rachel Pugh

Periódico: Feminism Psychology 2009;19 375-380

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Artigo publicado: Social Identity Complexity

Título: Antecedents and Consequences of Social Identity Complexity: Intergroup Contact, Distinctiveness Threat, and Outgroup Attitudes

Autores: Katharina Schmid, Miles Hewstone, Nicole Tausch, Ed Cairns, and Joanne Hughes

Periódico: Personlity and Social Psychology Bulletin 2009;35 1085-1098

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Artigo publicado: Altering Category-Level Beliefs

Título: Altering Category-Level Beliefs: The Impact of Level of Representation at Belief Formation and Belief Disconfirmation

Autores: Russell Spears, Naomi Ellemers, and Bertjan Doosje

Periódico: Personality and Social Psychology Bulletin 2009, 35, 1099-1111

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Artigo publicado: Cyborg Athletes

Título: Traversing the Matrix: Cyborg Athletes, Technology, and the Environment

Autores: Ted M. Butryn and Matthew A. Masucci

Periódico: Journal of Sport and Social Issues, 2009, 33,285-307

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Artigo publicado: Is Love Colorblind?

Título: Is Love Colorblind? Political Orientation and Interracial Romantic Desire

Autores: Paul W. Eastwick, Jennifer A. Richeson, Deborah Son, and Eli J. Finkel

Periódico: Personality and Social Psychology Bulletin 2009;35 1258-1268

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Artigo publicado: When Race Matters

Título: When Race Matters: Racially Stigmatized Others and Perceiving Race as a Biological Construction Affect Biracial People’s Daily Well-Being

Autores: Diana T. Sanchez and Julie A. Garcia

Periódico: Personality and Social Psychology Bulletin 2009;35 1154-1164

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Resenha: Imagens e estereótipos do Brasil em reportagens de correspondentes internacionais

Yasmin Oliveira

Ivan Paganotti é jornalista freelancer formado pela Universidade de São Paulo e professor de Jornalismo no Colégio Stockler. O artigo “Imagens e estereótipos do Brasil em reportagens de correspondentes internacionais” baseia-se nas pesquisas para o seu Trabalho de Conclusão de Curso de Comunicação Social “Uma certa libertinagem, muito carnaval e um pouco de pecado O Brasil dos correspondentes internacionais”.

A partir da revisão de literatura, o autor explica que as impressões estrangeiras são fontes da identidade pessoal de um país. É evidente que os meios de comunicação de massa se encarregam de transmitir, difundir e criar estereótipos a respeito das mais diversas categorias sociais, sobretudo através dos jornais, da rádio, da televisão e do cinema.

A pesquisa de Paganotti propõe que, através das produções dos correspondentes internacionais, entre o período de 2002 e 2005, é possível identificar as imagens coletivas referentes ao Brasil, e os estereótipos freqüentemente utilizados para representar a identidade brasileira. O artigo aborda as estratégias de construção, reprodução e transformação destes estereótipos.

O material divulgado, pelo meio jornalístico, no caso, correspondentes internacionais, é um fator que influencia a própria construção do imaginário coletivo estrangeiro sobre o país. Esse processo implica uma categorização e uma conseqüente simplificação sobre os temas e os locais que tratam.

Essa simplicidade é, em certo nível, vantajosa, para os correspondentes, pois não é possível um aprofundamento temático devido ao curto tempo e espaço que dispõem. Ainda mais ao se pensar em notícias internacionais que se encontram mais distantes da realidade dos espectadores.

Além de fazer parte desse processo de criação dos estereótipos, o material publicado através dos correspondentes internacionais, freqüentemente, reproduz os estereótipos existentes.

Levando em consideração os processos de estereotipia, o autor do artigo separou os textos em quatro grupos de “Brasis”: o “de sangue”; o “de lama”; o “verde”; e o “de plástico”.

O Brasil sangrento foi o grupo de notícias mais encontrado nos jornais, tem como foco a violência, o tráfico de drogas, a insegurança generalizada e a impunidade. É importante ressaltar que costumam vir atrelados a justificativas estruturais, como omissão governamental, pobreza e exclusão social.

Em segundo lugar quanto ao aparecimento, está o Brasil de lama. Comumente associado a idéia da violência, mas tendo como foco os textos que acusam a corrupção política, o subdesenvolvimento e a pobreza.

O Brasil verde apesar de ser o mais antigo grupo de representação do país foi ao longo da história sendo remodelado e além de trazer a já conhecida exótica Amazônia com sua importância ecológica, a apresenta como uma “terra sem lei” e da depredação ambiental.

O Brasil de plástico é o mais otimista, com caráter propagandístico de exportação, neste grupo encontram-se as notícias das festas, liberdade sexual, dos negócios e da alta sociedade. Um caráter interessante dos estereótipos é que, muitas vezes, sua amplitude alcança os próprios alvos, no caso os brasileiros, que, além de assimilarem o Brasil das festas e a esperança do futuro passam a agir de acordo com essas informações.

Em sua pesquisa, Paganotti, se preocupou em identificar os textos que procuravam reproduzir os estereótipos, assim como, os que buscavam transformá-los. Segundo o autor, o jornal é um local adequado para a valorização dessas modificações. Mas o observado por ele foi um nível de repetição incrivelmente superior às transformações dos estereótipos.

O artigo termina com uma espécie de alerta para os interesses particulares que regem essas perpetuações, e inclusive algumas das transformações que são feitas. Estes interesses são, normalmente, de fins mercantis. Mas como o autor deixa claro, os estereótipos não são criados e reproduzidos unicamente para este fim, mas, também, não é possível negá-los.

Os resultados da pesquisa apontam para uma predominância dos estereótipos de cunho negativo. Uma possibilidade para a insistência na perpetuação destes estereótipos descritos é o interesse dos que transmitem as notícias (sejam a própria instituição jornalística, o público alvo – os leitores, ou interessados dos mais diversos) em de alguma forma minimizarem a importância do país. O Brasil verde não tem competência para administrar seu patrimônio ecológico, o Brasil de lama vive uma situação de omissão do poder e incapacidade dos pobres, e o Brasil sangrento em estado de insegurança constante. E por outro lado existe o interesse em vender outro Brasil, o de plástico, pais do futuro e das festas carnavalescas e da sexualidade a flor da pele.

Todos esses “Brasis” e estatísticas trazidas pela pesquisa são interessantes para se refletir sobre o porquê dessas representações da identidade brasileira. Discussão esta compatível com o trazido por Paganotti na sua revisão de literatura: os estereótipos baseiam-se em relações afetivas, dizem, portanto, menos sobre a realidade e mais sobre como é tratado.

Corroborando com Paganotti, Gomes (2007) afirma que “o jornalismo é uma construção social que se desenvolve numa formação econômica, social, cultural particular e cumpre funções fundamentais nessa formação”. Para a mesma, a notícia é uma construção e jamais uma representação precisa da realidade. Dessa forma, conclui-se que o processo de produção da notícia inclui o conhecimento das áreas temáticas de cobertura noticiosa; o conhecimento das expectativas dos receptores; e os interesses vigentes na sociedade de publicação.

Referências:
Paganotti, I. Imagens e estereótipos do Brasil em reportagens de correspondentes internacionais. RUMORES – Revista Online de Comunicação, Linguagem e Mídias 1, 1, 2007.
Gomes, I. M. Questões de método na análise do telejornalismo: premissas, conceitos, operadores de análise. ECOMPOS – Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, 4-31, 2007.

Resenha: Aparência física e amizade íntima na adolescência: estudo num contexto pré-universitário

Aruanã Fontes

A adolescência é uma fase da vida marcada tipicamente por intensas transformações fisiológica, anatômicas, psicológicas e sociais caracterizando a passagem da infância para a fase adulta. No que tange às mudanças psicossociais, o conhecimento de si e o fortalecimento das amizades estão em vigência para o adolescente, e se torna alvo de vários estudiosos. Para Cordeiro (2006) estes aspectos são os mais importantes deste período por isso ele elabora um estudo, relatado no seu artigo “A aparência física e amizade íntima na adolescência: Estudo num contexto pré-universitário”.

Inicialmente o autor conceitua a intimidade/ amizade íntima como uma relação emocional onde há um bem-estar mútuo, revelação de assuntos particulares, envolvendo ou não os sentidos, e presença de interesses e atividades em comum.

Contudo, segundo o autor, para que haja a expressão de assuntos íntimos é preciso um exercício de auto-conhecimento. Apesar de ser um exercício particular, a percepção do próprio corpo e da aparência física vai sendo construída com influência do que os outros nos atribuem e dos padrões estéticos. Por outro lado a construção da identidade e o conhecimento de si vão ser importantes para o desenvolvimento da amizade baseada na intimidade.

Cordeiro levanta a possibilidade de que, o fato da amizade mais íntima se tornar comum na fase estudada ocorre devido à segurança que os adolescentes encontram, mais em seus pares do que nos adultos, para revelar seus assuntos individuais, compartilhar valores, objetivos e idéias.

O autor considera determinantes para essas mudanças nas relações alguns aspectos como: a puberdade, o desenvolvimento da capacidade de pensamento – principalmente no domínio do conhecimento social. Essas transformações, porém, ocorrem de maneiras distintas entre o sexo feminino e o masculino. Considerando que a as meninas já têm recursos que lhes permitem expressar sua intimidade, não descrevendo que recursos são esses. Os rapazes se equiparam a elas quando chega à fase adulta.

Com base no seu conhecimento e uma breve literatura sobre o tema, Cordeiro elege, em seu estudo, um objetivo geral de investigar a relação entre a percepção sobre a aparência física e a amizade íntima na adolescência. Ele elabora também três objetivos específicos: avaliar a percepção da aparência e o nível de desenvolvimento da relação de amizade íntima em cada sexo e identificar a diferença entre eles. Desta forma, tem como hipótese que haveria esta diferença entre as moças e rapazes, bem como seria distinta a forma que a percepção sobre si exerce influência no estabelecimento de relações íntimas.

Para realização deste estudo, participaram 309 alunos e alunas pré-universitárias com idade média de 18 anos. Com o objetivo de avaliar a amizade íntima foi escolhida a escala “Intimate Friendship Scale” (Sharabany, 1994, 2000) sob duas formas, O Meu Melhor Amigo e A Minha Melhor Amiga, com oito dimensões: sinceridade e espontaneidade; sensibilidade e conhecimento mútuo; comportamentos de vinculação; exclusividade relacional; dádiva e partilha; imposição; atividades comuns e confiança e lealdade. Já para avaliação do auto-conceito foi aplicada a escala “The self-perception profile for college students” (Neemann & Harter, 1986), com sete dimensões: aparência física, amizades íntimas, aceitação social, relação com os pais, relações amorosas, humor, moralidade, apreciação global.

A partir dos resultados, constatou-se que com relação à Amizade Íntima o sexo feminino tem um grau mais elevado que o masculino. Para o autor isto acontece devido à afirmação precoce da identidade nas meninas, o que faz com que já tenham formado suas posturas nas relações. Ainda na escala de Amizade Íntima a dimensão Confiança e Lealdade obteve maior valor médio, o que para o autor, indica que os jovens primam por amizades que possam partilhar segredos e que não haja traição.

Quanto a Amizade Íntima com o Melhor Amigo, a dimensão Atividades em Comum foi a única que pouco difere entre os sexos. O autor acredita que os rapazes consideram estas atividades o componente mais importante para a amizade, enquanto que as meninas valorizam este e outros pontos. Com relação à Melhor Amiga houve consenso, entre os sexos, nas dimensões Amizade Íntima, Vinculação, Confiança e Lealdade. Os resultados semelhantes quando se trata das relações com o sexo feminino foi explicado como resultante da identificação por parte das meninas e, para os rapazes seria uma necessidade de afirmação da sua masculinidade perante o sexo

Contatou-se que a Percepção do Auto-conceito foi elevada no geral, sendo os valores maiores no sexo masculino do que no feminino, bem como a dimensão Percepção sobre Aparência Física. Apenas esta sub-escala e a Apreciação Global obteve diferenças estatisticamente significativas entre os sexos.

Acerca das relações entre a Percepção sobre Aparência Física e a Amizade Íntima não houve correlações significativas. Apesar disso, notou-se que todas as correlações são negativas no sexo masculino e no total, porém no sexo feminino isto ocorreu apenas em Percepção sobre Aparência Física e Amizade Íntima com a Melhor Amiga. Os valores, apesar de não significativos, indicam uma tendência para quanto maior a auto-percepção menor a amizade íntima.

O autor é mestre na área de Saúde, formado em enfermagem, e aparenta ter apenas um breve conhecimento quanto às questões psicológicas que envolvem o assunto. Assim o artigo, apesar de publicado na revista Análise Psicológica, não traz discussões profundas. Entretanto o estudo abre espaço para reflexões sobre os dados e posteriores estudos para obter convicção da relação proposta.

O artigo nos remete a idéia de que talvez, entre a percepção de si e as relações de amizade na adolescência, haja uma relação recíproca onde uma influencia a outra, ao contrário da relação unidirecional proposta pelo autor – apesar de os dados não serem estatisticamente significativos e, portanto não asseguram nenhuma correlação. Como afirmam alguns psicólogos sociais, há a existência da vida social anterior a consciência de si que a influencia. Por outro lado, os adolescentes têm seu papel ativo na formação de sua auto-percepção que vai interferir, por sua vez, nas suas relações.

Referência: Cordeiro, R. Aparência física e amizade íntima na adolescência: Estudo num contexto pré-universitário Análise Psicológica, 4, 509-517, 2006.

Resenha: a expressão das formas indiretas de racismo na infância

Contribuição: Gilcimar Dantas

Estudos que analisam preconceitos em crianças afirmam que estas se tornam menos preconceituosas após os sete anos de idade a partir do amadurecimento de estruturas cognitivas já existentes. Entretanto, há uma contradição entre a diminuição do preconceito a partir do sete anos de idade e atitude preconceituosas dessas mesmas pessoas quando adultas. Sendo assim, em contraposição à abordagem cognitiva do desenvolvimento, França e Monteiro buscam demonstrar, por meio de uma pesquisa realizada em escolas públicas e privadas do Brasil, que a expressão do preconceito não diminui, mas apenas modifica a sua forma de se manifestar tornando-se menos direta. Para tanto, foram realizados três estudos no intuito de avaliar o efeito da saliência nas formas de expressão de racismo na infância e o processo de socialização da norma anti-racista em dois grupos de idade – crianças entre cinco e sete nãos e entre oito e dez anos. No primeiro estudo procurou-se investigar as formas indiretas de racismo em contextos aonde a discriminação poderia ser justificável e em outro no qual a discriminação não poderia ser justificável nos dois grupos de idade. As crianças foram entrevistadas individualmente, tendo como estímulo fotografias de crianças negras e brancas, e ainda quatro pequenos tijolos e seis doces de brinquedo. Durante a entrevista, era contada à criança uma história a qual ela estava querendo construir uma casa (para as meninas) ou uma garagem de brinquedo (para os meninos) e que seria necessária a ajuda de crianças que ganhariam doces como recompensas. Os tijolos eram usados para representar o quanto cada criança da fotografia, branca ou negra, havia carregado. Numa situação o alvo branco carregava mais que o alvo negro e numa outra o alvo negro carregava mais que o alvo branco, sendo que após o somatório final, ambos tinham carregado a mesma quantidade de tijolos. Os resultados indicaram que no contexto em que se justificava a discriminação as crianças mais novas recompensavam mais o branco, ao passo que as mais velhas eram igualitárias. Já no contexto em que a discriminação não era justificada ambos os grupos recompensavam mais o branco. No segundo estudo foi utilizada uma entrevistadora negra a fim de manipular um contexto onde uma norma anti-racista estivesse muito ou pouco saliente. Este estudo teve como objetivo verificar se a presença da entrevistadora negra influenciaria na expressão do racismo entre os dois grupos de idade. As crianças foram abordadas em sala de aula tendo sido entrevistadas individualmente. A entrevistadora contava uma história de duas crianças, uma negra e uma branca, que precisavam de contribuições para comprar bicicletas. Havia diante dos entrevistados dois mealheiros, trancados com cadeado, um com a foto da criança negra e outro com a da criança branca, aonde os entrevistados colocariam as suas contribuições (cédulas de brinquedo de um real) na quantia que desejassem. Os resultados desse estudo indicaram que houve discriminação do alvo negro por parte das crianças, sendo que quando a entrevistadora estava presente as crianças entre dez e oito anos contribuíam de maneira igualitária ao contrário do que faziam quando a entrevistadora não estava. Por outro lado, as crianças entre cinco e sete anos contribuíam menos à criança negra estando a entrevistadora na sala de aula ou não. Partindo do pressuposto de que a prática do racismo sutil está ligada às pressões da norma anti-racista, o terceiro estudo teve como objetivo verificar a partir de que idade as crianças interiorizavam essa norma através dos adultos. Participaram dessa pesquisa quinze crianças brancas e quinze mães também brancas. Neste trabalho foi utilizada uma lista com onze grupos (negros, pessoas racistas, homossexuais, índios, portadores do vírus da AIDS, motoristas barbeiros, cegos, pessoas feias, racistas, gordas, sujas e políticos) sobre os quais as crianças eram solicitadas a dizerem através de uma escala, que variava entre 1 (muito), 2 (talvez) e 3 (nada) o quanto gostavam de cada pessoa pertencente aos grupos listados. Lembrando que as escalas só foram aplicadas em crianças que foi verificado o seu conhecimento sobre o significado de cada um dos grupos listados. As mães, por sua vez, respondiam a uma escala que se referiam a esses mesmos onze grupos, que variava entre 1 (não está certo ter sentimentos negativos em relação a esse grupo), 2 (talvez esteja certo) e 3 (está certo ter sentimentos negativos em relação a esse grupo). Os resultados deste estudo demonstraram que os grupos alvo de preconceito por parte das mães foram políticos, pessoas racistas e homossexuais. As crianças entre cinco e sete anos se diferenciaram de suas mães apresentando preconceito relativo ao grupo dos negros enquanto que entre as crianças de dez a oito anos não houve essa diferenciação. Ou seja, elas não apresentaram preconceito contra negros, assim como fizeram as suas mães. Os resultados dessa pesquisa põem em questão a afirmação meramente cognitivista de que as crianças, ao se tornarem mais velhas, por já terem atingido a fase da descentração, seriam capazes de perceber a diferenciação no interior de cada categoria levando-as a agirem de maneira menos estereotipada. Para as autoras, a grande causa para esse tipo de comportamento seria a interiorização das normas sociais do racismo sutil e a capacidade de geri-las de acordo com o contexto. Não se pode esquecer também, que como se trata de uma pesquisa realizada em escolas brasileiras, não se deve perder de vista, também, os efeitos da democracia racial na qual a expressão do racismo se dá de maneira velada e cordial indo para além da interiorização de normas sociais anti-racistas por questões politicamente corretas. No Brasil, a expressão do racismo se torna sutil no intuito de “demonstrar” que todos os brasileiros são iguais racialmente e de que não há necessidade de se buscar mudanças sociais nesse campo. Referência França, D. X. e Monteiro, M. B. (2004). A expressão das formas indiretas de racismo na infância. Análise Psicológica. Vol. 4 (22): 705-720.