Resenha: You are what you listen To: Young People’s Stereotypes about Music Fans

Marcus Vinicius C. Alves

A música é um dos meios de expressão mais utilizados por pessoas em qualquer lugar do mundo. O presente artigo sugere ainda que para os jovens, essa intensidade é ainda mais visível, a música – ou o estilo musical – serviria como uma insígnia que a priori revelaria para outrem em qual grupo social este jovem estaria incluso e qual o estilo de vida que ele possui. As palavras cantadas displicentemente no meio da rua, a camiseta preta de sua banda favorita ou mesmo o adesivo do Camaleão colado no carro seriam instrumentos cruciais para a identificação grupal. Os autores lembram que nos últimos anos houve uma proliferação de recursos virtuais – blogs, fóruns e comunidades virtuais – onde demonstrar seu estilo musical era peça-chave para ser bem ou mal visto por outros, o que você ouve teria se transformado ainda mais em um estandarte do que você é. Os jovens teriam se apegado aos clãs de identidade musical parecida, expondo quem são, quem querem ser e como querem ser percebidos. É compreensível então o argumento científico de que para adolescentes a música seria um cartaz melhor do que a pessoa é do que as roupas que ela veste, os filmes que vê ou os hobbies que possui. Tendo então a compreensão de que revelar o estilo musical encaixa o indivíduo em um grupo, o artigo propõe o estudo sobre como tais pessoas e seus grupos são percebidos. Qual informação é comunicada pela preferência musical.

Pessoas preferem estilos musicais que reforcem e reflitam aspectos da sua identidade e personalidade (e.g. indivíduos procurando sensações intensas ouviriam punk, enquanto que rebeldes ouviriam rock ou rap, e indivíduos que se percebem como criativos ouviriam músicas sofisticadas como jazz ou clássica), então, somando ao grupo em que a pessoa é encaixada, o gosto musical também revelaria seus valores e personalidade. Os autores argumentam que estudos revelaram que, primeiramente, todos teriam crenças sobre os estilos musicais e as pessoas que os ouvem, além disso, ouvintes de certos gêneros musicais já teriam em si estereótipos de conduta e personalidade definidos. Ademais, o artigo sugere que os estereótipos encontrados para cada gênero musical tenham um núcleo de realidade quando relacionados com os ouvintes destes gêneros, ou seja, os estereótipos formados não estariam de todo errados (Seriam os baianos percebidos como um povo alegre por causa do axé? Ou o axé percebido como um estilo alegre por causa dos baianos?).

Apesar dos estudos revelarem que as pessoas possuem de algum modo uma visão sortida de características psicológicas dos integrantes de certos gêneros musicais, os autores argumentam que ao serem relacionados os resultados dos estudos realizados por cientistas anteriores são encontradas certas limitações. Primeiramente, os estudos só observaram os fatores psicológicos, esquecendo os culturais e sociais. Por pesquisas, já é sabido que o estilo musical que se adere também está relacionado à classe social em que se encontra (e.g. fãs de jazz e música clássica comumente estão relacionados com a classe alta e com maior grau de instrução, enquanto que a classe trabalhadora ou menos instruída costuma ouvir músicas como gospel, rap e, no Brasil, poderíamos citar o pagode). Há ainda pesquisas que revelaram que a etnia também está diretamente ligada ao que se ouve, nos EUA, negros tendem a ouvir jazz e rap, enquanto que brancos ouviriam mais o rock, a música clássica e o country. Logo, os estereótipos musicais poderiam estar diretamente relacionados aos étnicos. Outro limite é o desconhecimento sobre como os estereótipos funcionariam em diferentes estados ou países, pois cada estudo tem sido realizado em locais geográficos pontuais. Sem dúvidas, este fator não pode ser negligenciado, pois pessoas em diferentes países são expostos a diferentes estilos musicais e são estimulados positiva ou negativamente de formas também diferentes ao entrarem em contato com esses estilos (e.g. no Pará o estilo “arrocha” foi menos ouvido do que na Bahia e assim é menos valorizado que o “tecnobrega”, equanto que na Bahia o superpopular não fez sucesso algum. Assim temos dois estilos parecidos qualitativamente, mas que possuem valores diferentes para cada estado.)

A pesquisa realizada se ateve a gêneros musicais, pois em um teste foi revelado que os diferentes subgêneros musicais são pouco conhecidos, o que dificultaria consideravelmente a obtenção de resultados verossímeis devido a pouca familiaridade do grupo experimental com as vertentes de cada gênero. A pesquisa foi realizada na Inglaterra e propôs comparar os dados com estudos semelhantes nos Estados Unidos visando fazer com que os dados fossem passíveis de generalização. Os autores afirmam que o estudo teve como perguntas principais (1) O quanto as pessoas concordam sobre aspectos psicológicos e sociais ligados a estereótipos de estilos musicais; (2) seriam os estereótipos entre os gêneros distintos?; E (3) o quanto há de generalização nos estereótipos? Utilizando de pesquisas anteriores, os autores tiveram como hipótese a concordância entre os indivíduos com a existência de estereótipos únicos por gêneros, especialmente no rap, rock e clássicos, e que o conteúdo dos estereótipos seria similar tanto nos Estados Unidos, quanto na Inglaterra.

O grupo experimental da pesquisa foi formado em grande parte por Brancos (87,5%) e pertencentes à classe média (61,3%), os autores não citam, mas tais fatores podem ter influenciado os resultados, pois homogeneízam a amostra, podendo revelar a percepção e os estereótipos contidos em um pequeno grupo e não em nível global. Esse grupo experimental ainda limita a generalização desse estudo para o Brasil, sendo esses dados exageradamente divergentes à população nacional. O estudo fez com que o grupo experimental julgasse protótipos de fãs dos gêneros musicais específicos e associasse a esses estereótipos certas características em uma escala tipo Lickert. A pesquisa avaliou a percepção das características psicológicas, sociais, de religiosidade, de personalidade, sociais e étnicos.

Os resultados da pesquisa foram condizentes com as expectativas dos autores, somado a isso, tem-se que os jovens têm os padrões dos estereótipos dos fãs de certos grupos musicais altamente estruturados cognitivamente. Os resultados revelaram que alguns estereótipos foram similares em certos construtos (e.g. a personalidade dos fãs de rock e música eletrônica), todavia as particularidades dos estereótipos foram diferenciadas em um nível macro de entendimento. Houve ainda a confirmação do potencial de categorização social acima da psicológica, pois os resultados acerca da classe e da etnia de cada gênero foram mais consistentes que os de personalidade. O grupo experimental americano e o inglês obtiveram resultados semelhantes, entretanto, os países são também semelhantes em diversas características, tais resultados poderiam ser diferentes em um país em desenvolvimento, tendo como idioma o português e a maioria da sua população pouco alfabetizada.

Entretanto, a pouca adaptabilidade do estudo para âmbitos nacionais não desmerece a sua compreensão de que os resultados de fato demonstraram a importância dos estilos musicais nas relações intergrupais, propondo para outros cientistas, a reflexão e experimentação posterior na área.

Referência: Rentfrow, P. J., McDonald, J. A., Oldmeadow J. A. (2009). You are what you listen To: Young People’s Stereotypes about Music Fans. Group Processes & Intergroup Relations, 12, 329-344.

Artigo publicado: Musical Taste and Ingroup Favouritism

Título: Musical Taste and Ingroup Favouritism

Autores: Adam J. Lonsdale e Adrian C. North

Periódico: Group Processes & Intergroup Relations 2009 12: 319-327

Resumo: clique aqui para obter

Estereótipos e música: rappers

Contribuição: Aílton Santos e Lucas Carneiro

Esta relação de discrepância que rege o estereotipo acerca do rapper nacional e americano. Um visto como negro, pobre e marginalizado que reveidincam seu espaço na sociedade, enquanto o outro, é visto como cheio da grana , com status, mulheres e fama . Neste contextos , ambos são regidos pelo sentimento reativo.

A gripe suína e a cumbia de la influenza

Qual o limite da criativade artística? Mal surgiram os primeiros casos da gripe suína no México e um grupo musical lança a cumbia da gripe.

Estereótipos e música: com o capeta na encruzilhada

Contribuição: Gilcimar Dantas e Milena Magalhães

Robert Jonhson, um músico de blues estadunidense, costuma ser lembrado, entre outras coisas, por histórias pitorescas. Uma delas se refere a um pacto feito com demônio, em uma encruzilhada, no qual ele ofereceria a sua alma em troca de se tornar um exímio violonista. Uma outra história diz respeito à sua morte, que na verdade foi decorrente de uma garrafa de uísque envenenada que ele havia bebido, mas que costumam dizer que foi demônio que havia ido buscá-lo num quarto de hotel.

Estereótipos e música: o padre galã

Contribuição: Ailton Araujo e Lucas Carneiro.

Esse é o perfeito estereotipo do galã e conquistador: pose sedutora, corpo erotizado e olhar 43. Porem, esta foto é do padre Fábio de Melo, o maior recordista de venda de cds mesmo sendo um cantor de música gospel. Este é um perfeito contra-estereotipo de um padre católico.

Estereótipos e música: we are carnaval

Contribuição: Júlia Lobo e Patrícia Carvalho

Ah, que bom você chegou
Bem-vindo a Salvador
Coração do Brasil (do Brasil)
Vem, você vai conhecer
A cidade de luz e prazer
Correndo atrás do trio
Vai compreender que a baiano é:
Um povo a mais de mil
Ele tem Deus no seu coração
E o Diabo no quadril
We are Carnaval
We are folia
We are the world of Carnaval
We are Bahia

Estereótipos e música: bad and fat

Contribuição: Patrícia Carvalho & Julia Lobo

Essa é uma paródia do clipe de “I’m bad”, de Michael Jackson. Weird Al Yankovic tem vários clips fazendo paródias de artistas famosos…

Estereótipos e música: trash metal

Contribuição: Gilcimar Dantas e Milena Magalhães

O trash metal, um estilo criado na década de setenta, caracteriza-se por batidas rápidas e pela agressividade tanto das letras quanto da sonoridade. Este vídeo apresenta alguns dos atributos relacionados a este estilo, no qual a música é considerada, até hoje, um dos hinos da comunidade headbanger.

We are scanning the scene
in the city tonight
We are looking for you
to start up a fight
There is an evil feeling
in our brains
But it is nothing new
you know it drives us insane
Running,
On our way
Hiding,
You will pay
Dying,
One thousand deaths
Running,
On our way
Hiding,
You will pay
Dying,
One thousand deaths
Searching,
Seek and Destroy
Searching,
Seek and Destroy
Searching,
Seek and Destroy
Searching,
Seek and Destroy
There is no escape
and that is for sure
This is the end we won’t take any more
Say goodbye
to the world you live in
You’ve always been taking
but now you’re giving
Running,
On our way
Hiding,
You will pay
Dying,
One thousand deaths
Running,
On our way
Hiding,
You will pay
Dying,
One thousand deaths
Searching,
Seek and Destroy
Searching,
Seek and Destroy
Searching,
Seek and Destroy
Searching,
Seek and Destroy
Our brains are on fire
with the feeling to kill
And it will not go away
until our dreams are fulfilled
There is only one thing
on our minds
Don’t try running away
`cause you’re the one we will find
Running,
On our way
Hiding,
You will pay
Dying,
One thousand deaths
Running,
On our way
Hiding,
You will pay
Dying,
One thousand deaths
Searching,
Seek and Destroy
Searching,
Seek and Destroy
Searching,
Seek and Destroy
Searching,
Seek and Destroy

Estereótipos e rock’n’roll: No alto do castelo há uma linda princesa…

Contribuição: Marcus Vinicius Alves

Há algum tempo um texto vem sendo passado por e-mails e cooperativamente sendo construido por fãs do rock em suas mais variadas vertentes; no texto uma história como em um conto de fadas é iniciada e o seguimento até o desfecho se dá diferente em cada estilo do rock e do metal, ajudando a entender a forma estereotipada com que cada um é visto no meio do rock’n roll.

“No alto do castelo, há uma linda princesa – muito carente – que foi ali trancada, e é guardada por um grande e terrível dragão”…

HEAVY METAL:

O protagonista chega no castelo numa Harley Davidson, mata o dragão, enche a cara de cerveja com a princesa e depois transa com ela. Posteriormente se separam quando ela descobre que ele transou com uma groupie.

METAL MELÓDICO:

O protagonista chega no castelo num cavalo alado branco, escapa do dragão, salva a princesa, fogem para longe e fazem amor.

POWER METAL:

O protagonista chega brandindo sua espada e trava uma batalha gloriosa contra o dragão. O dragão sucumbe enquanto ele permanece em pé, banhado pelo sangue de seu inimigo, sinal de seu triunfo. Resgata a princesa. Esgota a paciência dela com auto-elogios e, caso ainda esteja acordada, transa com ela.

FOLK METAL:

O protagonista chega acompanhado de vários amigos e duendes tocando acordeon, alaúde, viola e outros instrumentos estranhos. Fazem o dragão dormir depois de tanto dançar, e vão embora, sem a princesa, pois a floresta está cheia de ninfas, elfas e fadas.

VIKING METAL:

O protagonista chega em um navio, mata o dragão com um machado, assa e come. Estupra a princesa, pilha o castelo e toca fogo em tudo antes de ir embora.

DEATH METAL:

O protagonista chega, mata o dragão, transa com a princesa, mata a princesa e vai embora.

BLACK METAL:

Chega de madrugada, dentro da neblina. Mata o dragão e empala em frente ao castelo. Sodomiza a princesa, a corta com uma faca e bebe o seu sangue em um ritual até matá-la. Depois descobre que ela não era mais virgem e a empala junto com o dragão.

WHITE METAL:

Chega no castelo, exorciza o dragão, converte a princesa e usa o castelo para sediar mais uma “Igreja Universal do Reino de Deus”.

NEW METAL:

Chega no castelo se achando o melhor de todos, dizendo o quanto é bom de briga. Quer provar para todos que também é o cara e é capaz de salvar a princesa. Acha que é capaz de vencer o dragão; perde feio e leva o maior cacete. O protagonista New Metal toma um prozak e vai gravar um disco “The Best Of”.

GRUNGE:

Chega drogado, escapa do dragão e encontra a princesa. Conta para ela sobre a sua infância triste. A princesa revela ser a sua mãe que o abandonou às drogas anos antes. O protagonista grunge sofre uma overdose de heroína.

ROCK N’ROLL CLÁSSICO:

Chega de moto fumando um baseado e oferece para o dragão, que logo fica seu amigo. Depois acampa com a princesa numa parte mais afastada do jardim – o dragão pede para não o ver mais por divergências musicais – e depois de muito sexo, drogas e rock n roll (com a princesa e o dragão, se ele aparecer), tem uma overdose de LSD, morrendo sufocado no próprio vômito.

PUNK ROCK:

Cospe no dragão, joga uma pedra nele e depois foge. Pixa o muro do castelo com um “A” de anarquia. Faz um moicano na princesa e depois abre uma barraquinha de fanzines no saguão do castelo.

EMOCORE:

Chega ao castelo e conta ao dragão o quanto gosta da princesa. O dragão fica com pena e o deixa passar. Após entrar no castelo ele descobre que a princesa fugiu com um outro protagonista qualquer. Escreve uma música de letra piegas contando como foi abandonado pela sua amada, como o mundo é injusto e como é melhor se matar.

PROGRESSIVO:

Chega, toca um solo virtuoso de guitarra de 26 minutos. O dragão se mata de tanto tédio. Chega até a princesa e toca outro solo que explora todas as técnicas de atonalismo em compassos ternários compostos aprendidas no último ano de conservatório.

HARD ROCK:

Chega em um conversível vermelho, com duas loiras e tomando Jack Daniel’s. Mata o dragão com uma faca e faz uma orgia com a princesa e as loiras.

HARDCORE

Chega de skate, organiza um protesto em frente ao castelo contra a ditadura dos dragões. Sobe na torre, transa com a princesa e grava um álbum com 25 faixas de 2 minutos cada descendo o pau no governo, finaliza com um mosh da torre mais alta.

GLAM ROCK:

Chega no castelo. O dragão rí tanto quando o vê que o deixa passar. Ele entra no castelo, rouba o hair dresser e o batom da princesa. Depois a convence a pintar o castelo de rosa e a fazer luzes nos cabelos.

GOTHIC METAL

Chega no castelo e monta uma banda com a princesa e o dragão fazendo vocais líricos e guturais respectivamente.

INDIE ROCK:

Entra pelos fundos do castelo. O dragão fica com pena de bater em um nerd franzino de óculos e deixa ele passar. A princesa não aguenta ouvir ele falando de moda e cinema, e foge com outro protagonista qualquer (ou um protagonista de axé).

NEW WAVE

Ao chegar no castelo mata o dragão e doa toda a sua carne às familias pobres da África. Canta “Age of Aquerious” de mãos dadas com a princesa.