Salvador, Bahia, segunda-feira, oito horas da noite. Peguei um táxi para ir ao supermercado. O motorista, claro, com o rádio ligado. Um radialista , famoso por sua alacridade, passou a desancar, ao vivo e sem subterfúgios, a (falta) de educação do povo baiano. Não ficou pedra sobre pedra. Mijar em qualquer canto, parar o carro no meio da rua e atrapalhar o trânsito na maior desfaçatez, tratar qualquer um, independente de idade, sexo ou religião, de forma descortês, enfim, uma série de mazelas que quem vive na cidade de todos os santos conhece bem e de tão acostumado nem leva mais a sério. Claro que os comentários demandariam uma reflexão mais aprofundada a respeito dos muitos anos de desgoverno de um certo partido que tinha vergonha do próprio nome, da herança maldita deixada pelo império despótico do “senador do povo”, assim como da completa ausência de valores que parece imperar na nossa terra de ninguém. Não foi bem isto que se viu em seguida. Imediatamente o radialista mudou de assunto e passou a fazer troça, junto a um colega, de um habitual comentarista da rádio, que felizmente para o radialista e os seus colegas de batente, e infelizmente, ou não, para o alvo das gracinhas, não se encontrava presente. O teor dos comentários do radialista, assim como os termos e as expressões utilizadas, foram absolutamente impróprios para menores, e constrangedores, para não dizer outra coisa, para um ouvinte que não comunga com a esculhambação que se apossou da terra de Gregório de Matos. Longe deste que escreve ironizar ou mesmo desancar o radialista. Ele apenas reproduziu o que anteriormente criticara. Isto apenas demonstra quão fácil é ver os defeitos dos outros e como estes mesmos predicados podem ser interpretados como uma coisa positiva, a depender do alvo, da boa vontade e do estado de espírito de quem está julgando.
Categoria: Locais
Anedotas: o alvo como avarento
Origem: França
Grupo Alvo: Escoceses:
“É terrível”, comentou um escocês, “mas eu nunca consigo tomar uma xícara de café do jeito que eu gosto. Lá em casa, como a ordem é economizar, eu só coloco uma colher de açúcar. Na caso dos outros, como não sou eu que estou pagando, sirvo-me de três colheres. O que eu gostaria mesmo seria de tomar café com duas colheres de açúcar.”
Anedotas: o alvo como estúpido
Origem: Nova Zelândia
Grupo alvo: os Maoris
A biblioteca de um Maori pegou fogo em um incêndio. Não só o fogo destruiu ambos os livros, mas o que é pior, ele ainda não havia acabado de colorir o segundo deles.
Os italianos e os europeus
Divertida animação de Bruno Bozzetto, cujo objetivo central é conduzir uma reflexão sistemática e aprofundada sobre a verdadeira natureza européia dos italianos.
Os estereótipos ainda vivem.. na América Latina
Durante a Copa América de Futebol, disputada em 1995 no Uruguai, o jornalista Calvin Sims sugeriu que os estereótipos estão presentes de uma forma muito mais acentuada na América Latina que nos Estados Unidos. Ele observou que os argentinos rotulavam um dos seus adversários de ´filhos de Pinochet´, enquanto motivavam a sua equipe na partida disputada contra o Brasil aos gritos de ´abaixo os negros sujos do Brasil´. Os torcedores chilenos, no prélio contra a Bolívia, vociferavam que nenhum país com o nível igual ao de Uganda poderia derrotar a sua equipe. Os bolivianos, por sua vez, também insistiam no repúdio ao militarismo dos chilenos. Em 2005, tivemos a oportunidade de assistir a uma partida semifinal da Copa Libertadores da América, disputada em Buenos Aires, entre o River Plate e o São Paulo. Antes do início da partida, torcedores do time argentino, que por caminhos certamente tortuosos conseguiram contrabandear uma carga de bananas para o interior do Estádio Monumental de Nuñez, se aproximavam do local onde estava concentrada a torcida tricolor e enquanto dancavam e faziam piruetas e outras macaquices, lançavam a carga de bananas por cima do alambrado em direção aos brasileiros. Penso que passados um pouco mais de dez anos, o senhor Sims deve ter reavaliado os seus conceitos. Claro que os estereótipos ainda vivem na América Latina. Da mesma forma que ainda sobrevivem nos quatro cantos desse mundo redondo.