Biblioteca: inclusão de conteúdo

Acrescentado à biblioteca o artigo Estilo de vida como indicador de saúde na velhice, de Vera Lygia Menezes Figueiredo.

Resenha: representação social de crianças acerca do velho e do envelhecimento

Pamela Pitágoras

As autoras começam a dialogar com as diversas concepções e os conhecimentos teóricos diversificados que se construiu sobre o envelhecimento. Elas ressaltam que as formas de se tratar a velhice possuem interferência das circunstâncias sociais, econômicas, culturais e valorativas de cada grupamento humano. É possível traçar uma linha histórica que identifique as modificações e permanências de visões acerca do envelhecimento. Esses conceitos podem ser resumidos como a identificação da velhice como decrepitude; a velhice como sinônimo de sabedoria e por fim a velhice como a conservação física devido aos avanços científicos.

Outro fator que foi apontado pelas autoras refere-se à mudança dos estereótipos de velhice, principalmente no âmbito da sociedade ocidental contemporânea. No lugar das perdas e da decrepitude do organismo, passa-se a uma supervalorização do “manter-se” jovem. Acompanhando essa tendência, a velhice torna-se comercializável, já que se passou a valorizar a busca da eterna juventude, ao conceito de envelhecer com bem estar, apontando para uma preocupação social das conseqüências dessa nova visão de envelhecimento.

O estudo utilizou como base de análise de sua investigação a Teoria da Representação Social, que se constitui como um espaço de construção social de concepções partilhadas dentro de um grupo. A teoria desenvolvida por Serge Moscovici tem seu foco principal nos fenômenos cognitivos e lingüísticos dos humanos. A preocupação dessa vertente da ciência psicológica reflete na tentativa de amenizar o então distanciamento entre as perspectivas do estudo de uma psicologia coletiva e uma psicologia do individuo. Dessa forma, o papel composto por Moscovici através da elaboração da Teoria da Representação Social é de produzir uma coexistência construtiva dentro dessa relação conflituosa entre individuo e sociedade. A representação social é uma modalidade de conhecimentos particular que tem por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre indivíduos, com objetivo de identificar práticas simbólicas difundidas coletivamente.

Quanto ao método utilizado, optou-se por investigar a representação social das crianças por meio de desenhos expressivos, entrevistas semi-estruturadas e brincadeiras (“faz-de-conta”), ampliando o leque de significações e expressões dos infantes. Dessa forma, pretendeu-se associar a manifestação pictórica com a verbalização dos participantes. Foram divididos os sujeitos em dois grupos, sendo que os de maior idade tiveram contato mais freqüente com idosos dois anos antes da pesquisa, e as crianças menores tiverem contato com idosos um ano antes da pesquisa. Todas pertenciam à mesma comunidade de origem popular de uma cidade no interior de São Paulo.

Os resultados têm muito a esclarecer sobre a atual percepção dos idosos como categoria social. Ainda é representada a velhice como atributos físicos diferenciados, como adoecimento, morte e limitações locomotoras, ou seja, a velhice como período de decadência e perdas. Entretanto, mesmo as crianças percebendo o processo de envelhecimento como a passagem do tempo, algo da composição biológica humana e natural, onde elas mesmas vivenciaram esse fenômeno, elas demonstram uma produção do conhecimento sobre o envelhecimento de maneira polimorfa.

A velhice percebida pelos infantes perpassa por funções sociais e papel familiar demarcado (velhos na posição de socialmente ativos e como parentes presentes no seio doméstico). Os sujeitos trouxeram dados de uma “velhice bem sucedida”, tirando o idoso do seu status de indivíduo segregado. Essa modificação é possível devido a inúmeras informações que circulam no ambiente social que essas crianças participam, e demonstra a importância de retirar a associação de envelhecimento com estereótipos negativos e preconceito, entretanto, tomado de cautela para não criar a glorificação exacerbada da velhice.

Referência:Lopes, E. e Park, M. Representação social de crianças acerca do velho e do envelhecimento. Estudos de psicologia (Natal), 12, 141-148, 2007

Máximas do Groucho: viver é o bastante

Idade não é um assunto interessante. Qualquer um pode ficar velho. Tudo que você precisa fazer é viver o bastante

Biblioteca: inclusão de conteúdo

Incluído na Biblioteca o artigo Representação social de crianças acerca do velho e do envelhecimento, de Lopes e Park

Cachorro velho

Uma velha senhora foi para um safári na África e levou seu velho vira-lata com ela. Um dia, caçando borboletas, o velho cão, de repente, deu-se conta de que estava perdido. Vagando a esmo, procurando o caminho de volta, o velho cão percebe que um jovem leopardo o viu e caminha em sua direção, com intenção de conseguir um bom almoço. O cachorro velho pensa:

-“Oh, oh! Estou mesmo enrascado !” Olhou à volta e viu ossos espalhados no chão por perto. Em vez de apavorar-se mais ainda, o velho cão ajeita-se junto ao osso mais próximo, e começa a roê-lo, dando as costas ao predador … Quando o leopardo estava a ponto de dar o bote, o velho cachorro exclama bem alto:

– Cara, este leopardo estava delicioso ! Será que há outros por aí?

Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspende seu ataque, já quase começado, e se esgueira na direção das árvores.

– Caramba! pensa o leopardo, essa foi por pouco ! O velho vira-lata quase me pega!

Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que vira: em troca de proteção para si, informaria ao predador que o vira-lata não havia
comido leopardo algum…
E assim foi, rápido, em direção ao leopardo. Entrementes, o velho cachorro o vê correndo na direção do predador em grande velocidade, e pensa:

-Aí tem coisa!

O macaco logo alcança o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo. O jovem leopardo furioso por ter sido feito de bobo, e diz: -‘Aí, macaco! Suba nas minhas costas para você ver o que acontece com aquele cachorro abusado!’
Agora, o velho cachorro vê um leopardo furioso, vindo em sua direção, com um macaco nas costas, e pensa:

– E agora, o que é que eu posso fazer?

Em vez de correr ( sabe que suas pernas doídas não o levariam longe…) o cachorro senta, mais uma vez dando costas aos agressores, e fazendo de conta que ainda não os viu, e quando estavam perto o bastante para ouvi-lo, o velho cão diz:

– Cadê o filha da puta daquele macaco? Tô morrendo de fome! Ele disse que ia trazer outro leopardo para mim e não chega nunca!

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