Os estereótipós são crenças. Uma vez que as crenças são definidas como proposições, elas são inseparáveis da dimensão da linguagem. Li, esta semana, no Blog do Boock, uma anedota que me fez refletir sobre esta relação. Tomei a liberdade de modificar um pouco a estrutura da anedota, para evidenciar as relações entre a escolaridade, a linguagem e as crenças.
– Rapadura é doce, mas não é mole, não!!!
– Açúcar mascavo em tijolinhos tem o sabor adocicado, mas não é macio ou flexível.
– Açúcar não refinado, sob a forma de pequenos blocos, tem o sabor agradável do mel, porém não muda de forma quando pressionado
-O açúcar, quando ainda não submetido à refinação e, apresentando-se em blocos sólidos de pequenas dimensões e forma tronco-piramidal, tem sabor deleitável da secreção alimentar das abelhas; todavia não muda suas proporções quando sujeito à compressão.
A sacarose extraída da cana de açúcar, que ainda não tenha passado pelo processo de purificação e refino, apresentando-se sob a forma de pequenos sólidos tronco-piramidais de base retangular, impressiona agradavelmente o paladar, lembrando a sensação provocada pela mesma sacarose produzida pelas abelhas em um peculiar líquido espesso e nutritivo. Entretanto, não altera suas dimensões lineares ou suas proporções quando submetida a uma tensão axial em conseqüência da aplicação de compressões equivalentes e opostas.
– O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação de H2O do líquido resultante da prensagem do caule da gramínea Saccharus officinarum (Linneu, 1758 ), isento de qualquer outro tipo de processamento suplementar que elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica de sólidos de reduzidas dimensões e arestas retilíneas, configurando pirâmides truncadas de base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar de quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as papilas gustativas, sugerindo impressão sensorial equivalente provocada pelo mesmo dissacarídeo em estado bruto, que ocorre no líquido nutritivo da alta viscosidade, produzindo nos órgãos especiais existentes na Apis mellifera (Linneu, 1758 ). No entanto, é possível comprovar experimentalmente que esse dissacarídeo, no estado físico-químico descrito e apresentado sob aquela forma geométrica, apresenta considerável resistência a modificar apreciavelmente suas dimensões quando submetido a tensões mecânicas de compressão ao longo do seu eixo em conseqüência da pequena capacidade de deformação que lhe é peculiar.
Tomei a liberdade de copiar a anedota (com a fonte citada, óbivo) para a comunidade do orkut: Positivistas Engessados S.A. (http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=46324633), e lancei o desafio: o que um pós-modernista teria afirmado??
CurtirCurtir
Oi! Gostaria de dizer q gostei muito da piadinha e que ate a utilizei num trabalho da faculdade de química. Obrigada!
CurtirCurtir
Legal pra ilustrar que todo mundo tá preso ao processo de Estereotipização, não há educação que de jeito…Nem escolarização…
Afianl, são estrutas mentais que fazem de humano um avaro cognitivo.
CurtirCurtir
O senhor Pierre Fourtiet, psicanalista lacaniano, pos-moderno teria ditdo: “a rapadura não existe”.
CurtirCurtir
Sinceramente, penso que a gente pode “tabelar” com as diversas formas de dizer sobre a coisa, utilizando o famoso bom senso, graduado ou não, doutor ou não. Concordo também que quanto mais informação maior a possibilidade de “astúcia verborreica”. E a escola parece ser, infelizmente, só treinamento estilo Tropa de Elite, o Capitão Nascimento é o mercado de trabalho, diz como ele: “quem manda nessa porra aqui sou eu!!!”
CurtirCurtir
Do sem escolaridade até a pós-graduação a frase é uma só (e mais engrançada, é claro!): rapadura é doce, mas não é mole não!!!
e no caso da expressão “beiço de jegue não arroz doce” como seria?
CurtirCurtir