Contribuição: Andréia Oliveira
Durante uma aula de português, a professora pergunta:
– Qual é o significado da palavra ‘óbvio’?
Rapidamente, Carine, São Paulina, rica, uma das mais aplicadas alunas da classe, que estava sempre muito bem vestida, perfumada e bonita, respondeu:
– Prezada professora, hoje acordei bem cedo, ao raiar do dia, depois de uma ótima noite de sono no conforto de meu quarto. Desci a escadaria de nossa residência e me dirigi para a copa onde era servido o café. Depois de deliciar-me com as mais apetitosas iguarias, fui até a janela que dá para o jardim de entrada e admirei aquela bela paisagem por alguns minutos, enquanto pensava como é agradável e belo o viver. Virando-me um pouco, percebi que se encontrava guardado na garagem o BMW pertencente a meu pai. Pensei com meus botões: ‘É ÓBVIO que meu pai foi ao trabalho de Mercedes’.
Sem querer ficar para trás, Marquinhos, Palmeirense, de uma família de classe média, acrescentou:
– Professora, hoje eu não dormi muito bem, porque meu colchão é meioduro. Mas eu consegui acordar assim mesmo, porque pus o despertador do lado da cama para tocar cedo. Levantei meio zonzo, comi um pão meio muxibento e tomei café. Quando saí para a escola, vi que o fusca do papai estava na garagem.Imaginei: ‘É ÓBVIO que o papai foi trabalhar de busão’.
Embalado na conversa, Joãozinho, Curintiano, de classe baixa, também quis responder:
– Fessora , hoje eu quase num durmí, purquê teve tiroteio até tarde na favela.
Só acordei di manhã purquê tava morreno difome, mas num tinha nada pra cumê mesmo… quando oiei pela janela du barracão, vi a minha vó cum jornal dibaxo du braço e pensei:
É ÓBVIO qui ela vai cagá. Num sabe lê!’.
Rsrsrs Muito legal essa piada! Faz uma interessante categorização das camadas sociais… de BMW a “busão”…. das iguarias….ao nada pra comer…. A fala dos integrantes de cada grupo também nos revela de onde ele vem…
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Hhahahahahahha!Muito engraçada a piada! E o que a torna mais engraçada é o seu grau realistico, à medida que ela se aproxima dos estereótipos do imaginário popular sobre camadas sociais. É claro que houve também conteúdo provocativo, típico de torcidas de times de futebol. Eles associam os torcedores adversários a conceitos estereotipados negativamente.
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Só acho meio improvável três crianças de classes diferentes estarem em uma mesma sala de aula…
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Ok, ok… a piada é boa… mas é bom tb para pensarmos sobre as desigualdades das classes econômicas e sobre o modo como se constrói estereótipos sobre as mesmas… por exemplo… é “óbvio” que a avó de Joãozinho, (que pertence à uma classe econômica menos privilegiada) não sabe ler! Além disso… existe algo aí com os times de futebol, n? pq a são paulina é rica, o palmeirense é “classe média” e o corintiano é pobre? Não entendo nada sobre futebol (falta de interesse pessoal, nada que se estenda ao sexo feminino, devo ressaltar), alguém poderia explicar?
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É realmente muito engraçada!!! muito inteligente a forma como foi utilizado
os elemnetos para formar as categorias dos grupos sociais.
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É engraçada mesmo, mas também é muito trsite, pois isto acontece o tempo todo e a miséria já foi naturalizada por todos…
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Acredito que o mais interessante na piada é o fato da língua Portuguesa se tornar mais chula ao passa que a classe social vai baixando. Os erros ficam cada vez mais evidentes! como se todo pobre falasse e escrevesse errado!
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Na verdade não achei graça nenhuma nesta piada. Pois teríamos de dá risada da realidade. Realidade esta que muitas vezes fingimos que não existe. Qual será o motivo de não brincamos dela?
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Concordo com Douglas.
Não achei graça nenhuma no menino que acordou passando fome e “num tinha nada pra cumê”.
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É por isso que o povo brasileiro é feliz… porque aprendemos a rir da nossa própria desgraça… mas isso não é de todo ruim não… se assim não fosse já teríamos sucumbido…
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