Um dos aspectos mais estudados pelos investigadores da memória é a questão das falsas lembranças. Lenton, Blair e Hastie investigaram experimentalmente, utilizando o paradigma de Deese-Roedinger-McDermott, a maneira pela qual associações estereotipadas indiretas produzem lembranças falsas. Fundamentalmente, este procedimento experimental consiste na apresentação de várias listas de palavras, cada uma composta por termos associados a uma palavra crítica não apresentada, avaliando-se posteriormente as diferenças na evocação através da rememoração ou do reconhecimento das palavras críticas quando comparadas com outras palavras não críticas. Resultados obtidos em vários estudos evidenciaram que os participantes “lembram” com muita freqüência as palavras críticas, embora elas não tivessem sido apresentadas de fato. Na tentativa de ampliar estas descobertas, os autores desenvolveram dois experimentos. No primeiro deles, era mostrado aos participantes uma lista de palavras constituída por uma série de papéis estereotipados, alguns tipicamente masculinos (soldados, advogados etc), outros claramente femininos (secretária, enfermeira etc). Posteriormente, foi realizado um teste de reconhecimento, na qual foram apresentadas palavras ausentes na lista anterior, especialmente termos que eram centrais aos papéis estereotipados. Os resultados do primeiro experimento demonstraram que independente de serem submetidos a uma condição experimental em que eram apresentados termos tipicamente relacionados a papéis masculinos ou femininos, os participantes apresentaram falsas lembranças mais freqüentes relativas aos papéis estereotipadamente consistentes, o que parece favorecer à hipótese de falsas lembranças podem ser produzidas por associações estereotipadas indiretas.