O cinema faz a festa com os estereótipos. Como contar uma história em uma hora e meia sem fazer apelo a clichês, cenas obrigatórias e personagens estereotipados? Se com quase duas horas a disposição é praticamente impossível fugir dos estereótipos, imagine a farra quando se dispõe de apenas 30 segundos para dar conta do recado? Os estereótipos se manifestam com toda força na publicidade. Como se diz por aí, quem já viu propaganda de cerveja sem loira gostosa? E de fraldinhas do neném sem a feliz e carinhosa mamãe? Esta situação, suponho, não deve agradar aos publicitários. Pelo menos a alguns, a se considerar, por exemplo, o recém lançado concurso cujo objetivo é premiar peças publicitárias criadas sem o apelo ao uso de estereótipos. Pode até ser que surjam soluções criativas, mas suponho que o uso de estereótipos e clichês irá perdurar enquanto existir a publicidade tal como a conhecemos. O que imagino que os publicitários possam fazer é desistir de acerditar na possibilidade de fazer publicidade sem o uso dos estereótipos e procurar a entender melhor como a publicidade se apropria e passa a se utilizar dos estereótipos e dos contra-estereótipos. E claro, seria bom que isto fosse feito com uma certa sutileza, para evitar certos exageros.

O que eu me pergunto é se criatividade vende mais do que o apelo ao lugar-comum, já que o eliciamento de respostas automáticas através de mensagens facilmente “digeríveis” é uma das grandes armas da publicidade. Creio que os publicitários preferem utilizar estratégias que tenham conssonância com algo já dissemidado, mesmo quando parecem estar adotando posturas vanguardistas. Atualmente, vemos que muitas campanhas pregam uma valorização a “originalidade”, o desapego a rótulos, quando esse tipo de discurso ja não tem nada de original. Ainda não conheci uma publicidade marketeira genuinamente de contra-cultura.
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Existe publicidade contra-cultura..existe publicidade não estereotipada, mas muitas vezes ninguém as “vê” nao são apreciadas, são rotuladas como fracasso. É preciso não rejeitar nada, nao criar resistência, nem ao belo nem ao feio, só quando se for capaz de aceitar ambas as partes de igual modo será possivel fugir ao estereotipo criado…
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