Rose Luz Silva Perez
Após a revisão de pesquisa bibliográfica sobre o tema do envelhecimento, a autora discute sobre a importância do estilo de vida como fator determinante para a qualidade de vida na velhice. Tendo em vista o incremento acentuado do número de idosos na população adulta mundial, o tema torna-se relevante quando se discute sobre saúde coletiva e envelhecimento saudável.
Na sociedade contemporânea, a longevidade tem sido cada vez mais buscada como meta não apenas pela medicina, mas também pelos cidadãos. Porém, em contrapartida, na visão da autora, em função das imagens estereotipadas e/ou preconceituosas sobre os indivíduos idosos, não vem sendo realizado investimento compatível para o reengajamento funcional ou ocupacional destes após a aposentadoria, o que tende a trazer prejuízos para a saúde. Os insuficientes e inexpressivos estímulos socioculturais atrelados à dificuldade natural dos idosos de se adaptarem aos padrões vigentes da sociedade podem, sorrateiramente, fragilizar o sentido de pertencimento social e o de ser desejante.
O empobrecimento da qualidade de vida na velhice não encontra respaldo científico, sobretudo no primeiro terço da velhice. Por questões diversificadas, inúmeros idosos perdem o seu prazer de viver. O surgimento da geriatria como especialização dentro da área da medicina na década de 30 e o da gerontologia na década de 50, demonstram o status e a importância que vem sendo dada ao tema, já que envelhecer com saúde tornou-se um desafio primordial conforme preconiza a Organização Mundial de Saúde. A ciência vem acumulando uma diversidade considerável de saberes sobre o processo de envelhecimento, porém, as diferenças individuais, as quais são dependentes de eventos de origem psicológica, sócio-histórica e genético-biológica, revelam em si a dificuldade para homogeneizar um fenômeno por natureza complexo e heterogêneo.
A autora destaca o conceito de “Envelhecimento Ativo” definido como o processo de otimização de oportunidades para a saúde, sendo o bem-estar psicossocial uma de suas principais vertentes para a qualidade de vida. Neste sentido, deve ser estimulada a ampla participação do idoso nas esferas de construção de políticas públicas, na vida social e comunitária.
São destacadas algumas pesquisas que demonstram que o declínio das habilidades físicas e mentais não resulta somente do avanço da idade, mas também dos fatores socioculturais que contextualizam o idoso. Acerca dos fatores precipitantes de incapacidade funcional, é destacada a área cognitiva. A necessidade de estímulo para o constante uso desta área é descrito como fator preponderante para o quadro de saúde do idoso e manutenção da capacidade funcional do mesmo. Esta última tem como principais características a autonomia e a independência, considerados como fatores diferenciadores entre a senescência e a senilidade. Assim, é defendido que o estilo de vida seja considerado como indicador de saúde na velhice como forma de receber mais atenção e cuidado ao se pensar em prevenção ou promoção da saúde na senescência.
Referência: Figuereido, V. L. M. Estilo de vida como indicador de saúde na velhice. Ciência & Cognição, 04, 12, 156-164, 2007.