Apesar do otimismo epistemológico inerente a boa parte dos estudos e intervenções psicossociais, as evidências empíricas encontradas na literatura acentuam a enorme dificuldade em suprimir, ou mesmo reduzir, o efeito dos estereótipos e, conseqüentemente, de combater o preconceito e a discriminação.
A influência exercida pela categorização social no processo de estereotipização é objeto de destaque na literatura psicossocial desde o trabalho germinal de Gordon Allport. Durante muito tempo as perspectivas dos protótipos e exemplares foram as principais alternativas teóricas para o estudo da categorização, situação que perdurou até meados dos anos 80, quando a introdução da teoria essencialista da categorização produziu mudanças significativas neste campo de estudos. O impacto da teoria essencialista tem sido reiteradamente identificado em estudos publicados nos últimos anos e os últimos desenvolvimentos teóricos sugerem que o essencialismo deve ser tratado como um conceito bidimensional. As crenças essencialistas podem ser agrupadas em duas categorias básicas, as naturalistas e as entitativas. Tanto na sua forma naturalista quanto na entitativa, o essencialismo se fundamenta na crença de que as pessoas são percebidas como dotadas de essências. E uma essência, ao contrário das aparências, é imutável. Esta crença na imutabilidade imposta pelo pensamento essencialista é a grande responsável pela enorme dificuldade encontrada para suprimir ou mesmo modificar os estereótipos.