Resenha: Estilo de vida como indicador de saúde na velhice.

Juliana Amorim de Souza

O artigo inicia falando sobre um novo fenômeno social: a saída do indivíduo produtivo para a aposentadoria, que o torna ao mesmo tempo idoso. Esse fenômeno possui diversas implicações, tendo como principal a imagem preconceituosa e estereotipada que se faz do velho, como um sujeito inútil a sociedade que não produz e tem que ser mantido pelos mais jovens. Além das implicações sociais, existem as implicações psicológicas que vão desde uso deficitário das funções cognitivas até a redução de trocas relacionais e com o meio. Com isso, o idoso é um ser indesejável na sociedade.
Trazendo um aparato histórico, o artigo abortará a história da Geriatria e suas evoluções. O conceito de velhice irá se modificar ao longo das décadas e hoje é relacionada com longevidade. Com os avanços dessa ciência, a expectativa de vida tem aumentado gradualmente, e nos últimos anos, elevado rapidamente. Segundo dados de Paschoal (apud Papaleo Netto, 1996), a expectativa média de vida da população mundial está em torno de oitenta e cinco anos. Viver com saúde tornou um desafio para a Organização Mundial de Saúde (OMS). O que o artigo traz, no entanto, é que as diferenças individuais sofrem dificuldades para se conceituar de modo homogênio, diferentemente do que acontecem nos conceitos de idoso, velhice e produção do envelhecimento humano. Essa afirmação é confirmada quando se avalia os eventos de origem psicológica e social, onde a história pessoal do indivíduo é um definidor para os suas atitudes e o seu encorajamento para essa nova fase da vida: a velhice. Surge assim, na Geriatria o conceito de ‘Envelhecimento Ativo’ que é o processo de aperfeiçoar oportunidades para a saúde, aliando bem estar físico com bem estar psicossocial. Essa aliança da saúde corporal com a saúde mental promove uma participação ativa do idoso na sua vida, promovendo também uma qualidade de vida elevada.
Conceitos de senescência e senilidade são apresentados no texto. A senilidade é o envelhecimento patológico, que leva a doenças crônicas e quadro neurodegenerativos graves, como a demência. Essas doenças do envelhecimento e o início de doenças crônicas podem ser prevenidos ou retardados (WHO,2002:35). Um dos fatores precipitantes da incapacidade funcional está relacionado com a área cognitiva. Estudos tentam traçar o perfil cognitivo do envelhecimento. A dificuldade de classificar os déficits cognitivos está principalmente quando se pesquisa a memória. As falhas mnêmicas, ou falhas de memória, são definidas como alterações funcionais genéricas quando não comprometem a autonomia e a independência de indivíduos idosos. No entanto, o artigo peca ao abordar os malefícios da perda de memória e como ela afeta a vida do indivíduo que com o tempo esquece até mesmo nome de pessoas próximas, como nos casos de pré-morbidez demencial.
O texto segue relacionando as falhas mnêmicas com o estilo da vida do idoso. Descartada a hipótese inicial de demência como causa da falha de memória, percebe que aspectos psicossociais e comunicionais (relação eu-mundo) podem ser a causa para a perda de memória. Observa-se, então, que os declínios no funcionamento cognitivo são disparados pelo desuso, enfermidades, fatores psicológicos e sociais mais do que o envelhecimento em si (Smits e colaboradores (1999)). Isso leva ao autor a uma conclusão oportuna: estilo de vida e cognição compartilham uma estreita relação: a redução da qualidade de um afeta diretamente a qualidade do outro.
O texto chega as suas conclusões finais trazendo que a qualidade de vida e promoção da saúde do idoso devem ser focalizadas na gerontologia. O geriatra precisa aliar o estilo de vida do idoso para ajudá-lo a enfrenta esse novo ciclo vital, onde há o envelhecimento do corpo, mas que a mente não precisa seguir o meu caminho. O que o autor não mencionou foi à ajuda também de outros profissionais para ajudar o idoso, como fisioterapeutas, enfermeiros e psicológico para que o idoso viva mais e melhor.

Referência: Figueiredo, V. L. M., Estilo de vida como indicador de saúde na velhice. Life style as health indicator on ageing. Programa Interdisciplinar de Geriatria e Gerontologia, Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), Universidade Federal Fluminense (UFF), 2007, Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.

Autor: Marcos E. Pereira

Professor do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (Mestrado e Doutorado) da Universidade Federal da Bahia. O currículo Lattes pode ser acessado no site http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4799492A6

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