Estereótipos e publicidade: mais alemã que os próprios alemães

O website inglês Motor Trader relata que a fábrica francesa de automóveis Citroen está sendo acusada de utilizar símbolos nazistas para promover o lançamento de um novo modelo de automóvel.

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Autor: Marcos E. Pereira

Professor do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (Mestrado e Doutorado) da Universidade Federal da Bahia. O currículo Lattes pode ser acessado no site http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4799492A6

7 comentários em “Estereótipos e publicidade: mais alemã que os próprios alemães”

  1. Quanto tempo é necessário para que um evento trágico possa virar motivo de humor (desconsiderando o humor negro, é claro)? Parece que a Citroen achou que já dava pra brincar de simpatizar com o ideal ariano, mas ainda existe muita gente que vai demorar pra ver este assunto desta forma.

    Mas a peça publicitária acertou em cheio no tom em imagetizar o estereótipo. Wagner realmente é um superlativo germânico.

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  2. O portão de Brandenburgo, duendes, neve, chucrute, uma banda com alemães vestindo roupa tradicional, Wagner, as famosas Highways alemãs a 200km por hora, uma alemã de 1,80m, esgrima, uma águia. Em que medida a cultura alemã de sempre se confunde com o nazismo? Temos que ter cuidado para não atribuirmos tudo que é culturalmente alemão como sinônimo de nazista, afinal isso também é um estereótipo.

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  3. Não podemos reduzir a cultura alemã como inônimo de nazismo. Isso é um equívoco. Certamente existem diversas “alemanhas” não retratadas no comercial da Citroen. Um grande número de esereótipos foram veiculados, provavelmente buscando enaltecer o orgulho alemão. A Cavalgada das Valquírias de Wagnerm, como trilha sonora, deu o tom triunfal e pomposo, numa clara referência a força e poder. Resta saber a custa de que deve-se reforçar essas idéias.

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  4. Rafa, me parece que a questão é que o comercial associa a nação alemã, evocada por estes símbolos que você citou, com a idéia da perfeição, pois o protagonista transborda de tanta eficiência e autoconfiança. Todo mundo sabe quando foi que essa coisa de povo alemão perfeito estava bem em moda e eu creio que os publicitários autores do vídeo também sabem. Também acho que condenar os alemães por mil gerações é uma bobagem, mas eu não duvido que certas feridas demoram a cicatrizar. Vejam as Cruzadas, por exemplo, que ainda serve de carvão ideológico para o fogo do ódio contra o mundo cristão por parte dos árabes.

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  5. Qual o problema em transbordar eficiência e confiança? Continuo discordando (closed mind?) Não posso afirmar com certeza, mas creio que esses valores existem de há muito tempo na Alemanha. E não é porque um grupo politico assassino num determindado contexto histórico utilizou isso para o mal,] que agora vamos emparelhar os estímulos.
    Outro dia desses cinco Ministros de Israel se retiraram do parlamento em protesto, pois a primeira ministra alemã estava “pronunciando a lingua que deu ordem para matar os nosso avós”. E por ai vai. As feridas demoram para cicatrizar, mas não é porque tem gente que insite em colocar o dedo nela que não vamos gritar que fere também nossa inteligência.

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  6. Parece haver também o estereótipo do francês. Por mais hirsuto que seja o personagem alemão, há uma mescla com a “sensualidade” dos vizinhos românticos, ele esgrime com um sorriso esperto de D’Artagnan e os Três Mosqueteiros (o cara derrotado é quem parece simbolizar a figura rígida estereotipizada do alemão nazista), as mulheres ainda ficam boquiabertas com o tipo. Uma combinação do estereótipo do altivo com o do ‘ativo’. Por mais que o andar seja uma marcha aquela virada de rosto no final da propaganda não pode ser nazista (o estereótipo deste). E Wagner era romântico, e como! Também, se para Nietzsche o ‘superior’ vive no alto dos montes, o personagem duelou lá em cima e desceu para comer salsichão. É o alemão afrancesado, só não dá pra saber se ele tomou banho (brincadeira com o estereótipo do francês).

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