A avaliação da efetividade das estratégias de redução dos preconceitos nos obriga a reconhecer quão longe estamos de asseverar conclusões otimistas. Algumas intervenções, aparentemente promissoras há algumas décadas, como o treinamento intercultural e a aprendizagem colaborativa, parecem ter sido banidas ou, se utilizarmos uma linguagem mais delicada, conheceram um decremento extraordinário no foco de interesse dos pesquisadores (Kraimer, Bolino, & Mead, 2016). Se considerarmos as flutuações no interesse relativo às diversas técnicas de intervenção, somos obrigados a admitir que a diluição dos estereótipos não é uma tarefa simples e que estamos muito longe de encontrar meios objetivos que permitam reduzir os preconceitos e superar as distintas formas de discriminação. A análise dos achados e problemas discutidos ao longo dos capítulos da presente obra não deixa dúvidas que a tarefa é urgente e, mais importante, que todos as formulações aqui tratadas, em que pesem as fragilidades assinaladas, contribuíram de alguma maneira para entender as dificuldades com as quais nos defrontamos.
Nos ambientes de ensino, devemos esperar que os gestores, diretores e professores permaneçam atentos aos vieses encontrados nos conteúdos pedagógicos e que introduzam transversalmente nos currículos das escolas e turmas a discussão sobre as consequências individuais e sociais do preconceito e da discriminação. Ademais, esperamos que criativos, produtores, jornalistas, artistas e influenciadores sejam capazes de identificar e aproveitar os produtos de entretenimento mais apropriados, dado o potencial que oferecem para a discussão e reflexão dos problemas suscitados pelo preconceito e pela discriminação. Também devemos esperar, por parte dos cientistas, a oferta de meios para melhor explicar e compreender os estereótipos e preconceitos e, com base nisso, que possam oferecer aos formuladores de políticas sociais algumas boas soluções para combatê-los.
No âmbito das intervenções mais individualizadas podemos destacar a importância de se desenvolver uma certa sensibilidade para identificar os casos particulares que demandam uma atenção especial e que mereçam um acompanhamento mais cuidadoso. O conhecimento destas estratégias pode contribuir no sentido de fazer os agentes mais propensos à expressão dos preconceitos reconhecerem os danos que a adoção de atitudes preconceituosas pode acarretar para os alvos da discriminação e, claro, para o ambiente social em geral.
Em um plano mais grupal é indispensável a elaboração de estratégias de intervenção que envolvam a mobilização dos mais diversos segmentos da sociedade. Neste particular, a adoção de uma postura participativa se reveste de uma conotação imperativa. Os ambientes escolares e laborais devem se transformar em espaços privilegiados para a ação de grupos organizados e servirem de apoio para as diversas campanhas de ação e intervenção destinadas à redução dos preconceitos. Estas ações devem envolver elementos inerentes ao próprio ambiente, a exemplo de grêmios e sindicatos, ou se sustentar em atores externos, como as organizações não-governamentais e as associações de combate aos preconceitos. Elas devem ser elaboradas e implementadas à luz de projetos de intervenção mais abrangentes, nos quais a atividade colaborativa entre os diversos segmentos possa alcançar um caráter transformador e, sobretudo, que o projeto de intervenção seja objeto de constante avaliação e aperfeiçoamento.