Resenha: imagens e significado e o processamento dos estereótipos

Robson de Almeida Silva

O estudo relatado no artigo em questão procurou determinar a existência de diferença entre a avaliação de uma categoria alvo, realizada por meio da simples apresentação do rótulo verbal da categoria e a avaliação de uma categoria alvo em que se acrescentava, durante a apresentação, uma fotografia de exemplares típicos de cada categoria. Também buscou avaliar a influência do tamanho da cidade de residência do participante na avaliação da distância social, estando em jogo nesse caso a investigação sobre os efeitos contextuais na avaliação dos estereótipos. Para ambos os focos foi utilizado a escala de distância social de Bogardus como instrumento.

Como embasamento teórico o artigo inicia apresentado uma apanhado histórico sobre a forma como o estudo do estereótipo se desenvolveu no âmbito da psicologia social, neste sentido é destacado os diferentes métodos de estudos do estereótipos na medida em que é proposto a diferenciação entre o fenômeno enquanto um conjunto compartilhado de crenças e como o processo de estereotipação. O estudos partiram do auto-relato ao qual buscava-se o conteúdo, para o métodos experimentais onde a investigação girava em torno de quais os mediadores cognitivos responsáveis pelo processo de estereotipização.

De forma geral, a discussão teórica chega ao ponto onde é posto que estereótipos passaram a ser considerados como crenças compartilhadas referentes aos atributos pessoais, especialmente traços de personalidade e aos comportamentos de um grupo de pessoas, já a estereotipização, definida como o processo de aplicar um julgamento estereotipado a um indivíduo de forma a apresentá-lo como tendo traços que são comuns a outros membros de uma mesma categoria.

O estudo contou com 2006 participantes distribuídos em 49% do sexo masculino e 51% do sexo feminino, a coleta de dados foi realizada de forma computadorizada. O experimento foi realizado de acordo com um delineamento 2 x 3, sendo que na primeira condição, foi utilizado os tipos de escala de distância social (sem foto x com foto), enquanto a segunda condição se referia à cidade de residência do participante (Juiz de Fora, Além Paraíba ou Vila Velha).

Por fim, os resultados da pesquisa revelam a existência de diferenças na avaliação da categoria alvo quando apresentada por meio de estímulos inteiramente abstratos como o relato verbal, se comparada com a avaliação realizada quando foram acrescentadas em formato de imagens (fotografias) de exemplares do grupo alvo. No que diz respeito ao segundo proposito do estudo, percebeu-se que o grau de distância social em relação aos membros da categoria alvo recebeu influência do tamanho da cidade em que o participante do experimento reside.

Referência: Pereira, M. E. ; Martins, A. ; Cupertino, C. ; Ferreira, F. Imagens e significado e o processamento dos estereótipos. Estudos de Psicologia, 7, 2, 389-397, 2002.

Resenha: A imagem da enfermagem frente aos estereótipos – uma revisão bibliográfica

Vinicius Rodrigues Santin

Entre as diversas profissões da área da saúde, a Enfermagem se destaca por ser aquela que, no âmbito de suas diversas atribuições, se responsabiliza por prestar os cuidados mais básicos aos pacientes. É um trabalho essencialmente manual, sendo que ao longo de sua história foi exercido geralmente por mulheres, historicamente e culturalmente associadas ao cuidado materno. Desse modo, a profissão carrega consigo estereótipos intensamente ligados à questão de gênero. A partir disso, o artigo “A imagem da enfermagem frente aos estereótipos: uma revisão bibliográfica”, de Santos e Luchesi (2002) faz uma análise histórica muito interessante sobre como foi construída a representação atual das enfermeiras, fortemente relacionada com a representação da própria mulher e com a desvalorização com a qual o gênero feminino costuma conviver. Identificadas com a natureza e com seu poder de cura em períodos pré-patriarcais, a mulher se viu submetida a uma crença de que deveria ser dominada, juntamente com a natureza, para que o pensamento racional científico – e masculino – desvendasse os seus segredos. As autoras colocam a doença como fazendo parte desta natureza misteriosa e submetida à dominação do homem, mais especificamente do médico. Assim, o “poder da cura”, o papel de dominador do corpo humano era atribuído ao homem, ao médico, ficando sob a responsabilidade das enfermeiras o cuidado, a higiene, o toque no corpo do doente. Elas utilizam uma citação de Badinter (1986) que afirma muitas mulheres terem sido consideradas feiticeiras e queimadas durante a Idade Média, pelo simples fato de praticarem as funções curativas conferidas ao gênero masculino. Em sequência, citando Paixão (1979), o período da Reforma Protestante foi colocado como um período crítico na história da Enfermagem em muitos países em decorrência da expulsão das enfermeiras religiosas que atuavam nos hospitais, que acabaram por ser substituídas por mulheres com menos preparo e definidas pelo autor da citação – de forma um tanto preconceituosa – como de “duvidosa moralidade”, que seriam as analfabetas, bêbadas e imorais. Essas mulheres trabalharam com grande jornada e péssimas condições, e deixavam os pacientes abandonados de forma que muitos optavam por receber cuidados de familiares em casa. O texto pontua ainda uma diferença em relação ao preconceito sofrido pela enfermagem no que se refere à remuneração ou não de quem a exerce, de forma que, segundo Pinheiro (1962), em sua época, a Enfermagem voluntária era vista como sublime quando praticada por religiosas voluntárias e, em contrapartida, era vista como um trabalho servil quando referente às enfermeiras remuneradas. Nesse ponto, é possível fazer uma relação com os estereótipos machistas da mulher santa – a mãe, a esposa recatada – e da prostituta – mulher da rua, libertina -, materializados nas enfermeiras que, ao mesmo tempo que exercem uma função de cuidado altamente associável à função materna, estão entre as profissionais mais sexualizadas no imaginário masculino. Independentemente de o trabalho das enfermeiras ser visto como servil ou como sublime, o estereótipo de submissão aos médicos se mantém. tendo sido consolidado inclusive por Florence Nightingale, enfermeira britânica pioneira no tratamento de feridos de guerra, ao afirmar que a enfermeira deve ser treinada para “agir da melhor forma na execução de ordens” e executar as atividades “em estreita obediência ao poder e conhecimento dos físicos e cirurgiões”, de acordo com citação que as autoras atribuem a Smith (1982). Santos e Luchesi pontuam ainda a existência de estereótipos que relacionam as enfermeiras a um trabalho de mão-de-obra barata, e fazem uma crítica à mídia, colocando-a como uma “grande rival da divulgação do verdadeiro exercício da profissão” ao divulgar a imagem das enfermeiras como símbolo sexual e como profissionais de nível social inferior, afirmando a existência de falta de ética em prol da obtenção de maiores lucros. Deve-se levar em consideração que a mesma mídia que deturpa a imagem da profissão pode ser utilizada em seu benefício, desde que as profissionais se posicionem de forma atuante para isso.

Referência: Santos, C. e Luchesi, L. A imagem das enfermeiras frente aos estereótipos: uma revisão bibliográfica.Proceedings of the Brazilian Nursing Communication Symposium, 2002, São Paulo, Brasil.

Resenha: “Estereótipos e destinos turísticos – o uso dos estereótipos nos folders de uma agência de fomento ao turismo

Talita Moreira

Não é sem razão que o uso de estereótipos é uma estratégia bastante requisitada por propagandas turísticas. Muitas vezes somos atraídos a um local, nos sentimos vinculados a um povo, sem nunca termos tido contato direto, mas só de ouvir falar, ver fotografias. É comum encontrar em frases populares, romances, poemas, músicas e folhetos turísticos muitos estereótipos sobre o povo baiano. A Bahia aparece muitas vezes como a terra da felicidade, da alegria, de todos (santos, credos, ritmos, raças, entre outros) e seu povo, por sua vez, é alegre, festeiro, acolhedor, feliz, criativo, e a diversidade parece ser uma característica muito presente.

O artigo escolhido como base para este texto foi “Estereótipos e destinos turísticos: o uso dos estereótipos nos folders de uma agência de fomento ao turismo”, de autoria de Marcos Emanoel Pereira e Tula Ornelas, publicado em 2005. O artigo se propõe a identificar e discutir o uso de estereótipos a partir da análise de folders institucionais e de divulgação, elaborados pela Bahiatursa, destinados à promover o destino turístico Bahia.

Pereira e Ornelas (2005) procuram identificar o potencial utilitário dos estereótipos para analisar como eles são utilizados como um meio de divulgar e promover destinos turísticos. Inicialmente os autores, apresentam uma breve revisão histórica dos estudos sobre estereótipos. Defendem que apesar de mudanças avaliativas que os estereótipos sofreram ao longo do tempo, a visão negativa que sempre acompanhou o construto não foi eliminada totalmente, considerando que os estereótipos ainda continuam sendo considerados fundamentalmente como o efeito da manifestação de mecanismos da economia cognitiva. Porém, é questionado pelos autores se os estereótipos seriam necessariamente negativos ou seria possível apontar que a utilização deles oferece alguma contribuição para determinados segmentos sociais ou mesmo para a sociedade como um todo?

Apesar dos autores reconhecerem que a literatura especializada sobre os estereótipos e o turismo não ser vasta, defendem que possivelmente, hoje, nenhuma área da vida cultural seja capaz de salientar a natureza utilitária dos estereótipos quanto à indústria do turismo. Analisam que os materiais promocionais elaborados pelas agências de fomento ao turismo procuram divulgar e promover os destinos, utilizando os estereótipos como um meio de ressaltar o que determinado local tem de mais belo, atraente, sedutor e encantador, desempenhando, assim, o papel de formador de motivações e desejos, contribuindo para a construção da identidade turística do destino que está sendo promovido.

Quanto aos resultados do estudo, é apontado que dos 35 folders identificados no arquivo da Bahiatursa, 26 exibiam a utilização de estereótipos, em forma de textos ou imagens, entretanto, apenas doze folders institucionais foram escolhidos para análise. Os estereótipos identificados podem ser agrupados em duas grandes categorias, uma referente ao lugar e outra referente ao povo. Sobre a primeira categoria os autores salientam que conceitualmente é inadequado se referir a estereótipos sobre lugares, pois se trata de um conceito cujo referente restringe-se a categorias sociais. Entretanto, é enfatizado, no texto, que para este caso um precedente será aberto, dada a impossibilidade de se refletir sobre estereótipos de um povo sem considerar o território habitado por tal população.

Em relação às representações estereotipadas relativas ao local, o artigo destaca três: A expressão ‘terra encantada’ – aparece em todos os folders, recebe 26 citações; A formulação ‘terra da felicidade’ – com 20 citações; A representação ‘paraíso tropical’ – utilizada em três folders, sendo citada quatro vezes.

O estudo identificou que o tema da festa é um dos temas mais utilizados nos folders. A ideia de um povo alegre e festeiro alcança as maiores frequências, embora não presente em todos os folders. Os estereótipos sobre um povo hospitaleiro aparecem em mais da metade dos folders, a visão estereotipada do baiano hospitaleiro sugere que este povo recebe com carinho o visitante.

É destacado pelos autores que o estereótipo do povo mestiço é apresentado em sete folders, e pretende oferecer certo caráter de democracia racial e de convívio harmonioso entre brancas, negros e índios. Além disso, o estereótipo do baiano criativo aparece em cinco folders, já o estereótipo sensual é apresentado em 8 folders. Sobre este último é válido apontar o destaque dado, no artigo, ao fato que este estereótipo é encontrado, sobretudo nos folders divulgados em língua estrangeira, e que atualmente quase que não se encontra folders com a apresentação de imagens de mulheres seminuas, pois se entende que pode fortalecer o turismo sexual amplamente combatido nas últimas décadas.

Entretanto, Pereira e Ornelas (2005) afirmam que embora não haja uma referência explícita a sensualidade mediante imagens de mulheres de biquínis, existe alusões mais sutis, em que se pode encontrar à sensualidade na maneira baiana de se vestir, visto que o clima permite o uso de vestes decotadas, no jeito de andar. Também aparece a ideia da Bahia enquanto que adepta a todos os credos, santos, há um convite para que “o turista se vista de branco, amarre uma fita do Senhor do Bonfim no pulso, mas não esqueça de colocar um patuá no bolso”.

Por fim, os autores assinalam que a apropriação turística dos estereótipos é uma via de mão dupla, uma vez que não apenas os turistas desenvolvem percepções estereotipadas do povo visitado, como também os nativos desenvolvem estereótipos sobre os turistas. De forma que, para os visitantes os estereótipos permitem uma simplificação do tipo de comportamento a ser adotado durante os contatos. Já para os visitados, os estereótipos favorecem o desenvolvimento de uma sequência de roteiros que proporcionam facilidades nas relações com os visitantes, permitindo a alguns garantir o sustento econômico. Assim, neste contexto, os estereótipos proporcionam uma função relevante a todos os envolvidos nas atividades turísticas.

Referência: Pereira, Marcos Emanoel; Ornelas, Tula. (2005). Estereótipos e destinos turísticos: o uso dos estereótipos nos folders de uma agência de fomento ao turismo. Caderno Virtual de Turismo, vol. 5, núm. 3, 2005, pp. 9-17. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Río de Janeiro, Brasil. Disponível em http://redalyc.uaemex.mx/pdf/1154/115416147002.pdf

Resenha: Estereótipos sobre idosos

Maurício Fonseca

Gerontofobia. Termo de origem portuguesa, cujo significado é, segundo o Wikipédia (versão Portugal), o “medo irracional de envelhecer e de tudo que se relaciona com a velhice” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Gerontofobia). Mesmo sendo este um termo lusitano, seu significado retrata uma realidade que ultrapassa fronteiras continentais: há uma percepção social sobre os idosos marcada pela gerontofobia, ou seja, marcada pelo medo de envelhecer. E isso influencia sobremaneira a forma como as pessoas lidam com eles. O artigo estereótipos sobre idosos: uma representação social gerontofóbica, objeto-base (e alvo) desta resenha, parte dessa premissa.
As autoras – graduadas em enfermagem, na cidade de Viseu, Portugal -, em poucas páginas, começam o artigo apresentando diversas definições para o termo estereótipos, sendo que um ponto comum entre elas é o fato de que os estereótipos estão presentes “em todos os domínios da vida social”, e que ele são modelos, que tem como função simplificar a realidade, sendo mecanismo de resolução de problemas e contradições no cotidiano das pessoas e de avaliação e interpretação sobre indivíduos e grupos. Segundo George Box, “essencialmente, todos os modelos estão errados, mas alguns são úteis”. Porém, segundo as autoras, o estereótipo “também contribui para o não reconhecimento da unicidade do indivíduo, a não reciprocidade, a não duplicidade, o despotismo em determinadas situações”. É neste ponto que o artigo “começa” de fato.
O problema começa no momento em que a velhice é encarada como algo prejudicial, nocivo. As autoras conceituam esse processo como “ancianismo”, que seria a discriminação sistemática de pessoas mais velhas. O processo de envelhecimento, quando enxergado apenas como o período final da existência humana, gera rejeição e perturbação nos pares, pois ele acaba sendo associado à ideia de morte, de finitude – em paralelo com uma excessiva valorização da juventude -, o que mostra um grande desconhecimento, inclusive de profissionais da área de saúde, sobre os processos que, de fato, caracterizam a velhice. Consequentemente, o tratamento dado aos idosos será baseado nessas crenças generalizadas sobre o ser idoso.
As autoras descrevem um estudo realizado em Montreal, na França, que objetivou identificar os estereótipos mais usados acerca da velhice. Os resultados apontaram para um uso de estereótipos ligados não a aspectos próprios ao envelhecimento, mas a outros fatores, como personalidade e condição socioeconômica. Assim, o desconhecimento generalizado (inclusive por parte dos próprios idosos) acerca do que seria a velhice pode ser encarado como possível causa, dentre outras, para a formação de atitudes discriminatórias, além da formação de estereótipos de natureza perniciosa. O estudo descrito apresenta considerações que se correlacionam com resultados encontrados no Berlim Aging Study (BASE – Bates & Mayer, 1999), um estudo longitudinal e interdisciplinar envolvendo quase dois mil idosos alemães entre 70 e 105 anos, o qual investigou aspectos intelectuais da população-alvo, visando identificar e descrever as diferenças intelectuais existentes, quando associada às diferentes faixas etárias. Como resultados, o BASE mostrou que, apesar da idade ser determinante fator de risco para o declínio intelectual, o funcionamento competente das habilidades intelectuais na velhice é uma possibilidade real, quando associadas a outras variáveis, como uma boa educação formal, prestigio social, renda e experiências de vida (sendo esta última um forte indicador da presença de “comportamentos sábios” – algo pra ser aprofundado em outra oportunidade).
Em suma, o artigo mostrar que estereótipos possuem uma função simplificadora da realidade, funcionando como heurística na resolução de problemas do cotidiano. Contudo, se esta simplificação for feita de maneira arbitrária, pode-se acabar deixando de lado características importantes, e desconsiderando a possibilidade de haverem no caso, idosos vários que não se encaixem no modelo pressuposto. Assim faz-se necessário a precaução – através da difusão de informações seguras, baseadas em estudos aprofundados – contra a distorção que seu uso pode causar no modo de encarar, no caso, a velhice, pois esta é uma fase intrínseca e inevitável na vida humana, e deve ser enxergada, conhecida, acompanhada e vivida da melhor forma possível. Sem estigmas, nem discriminação.

REFERÊNCIAS
Baltes, P. B., & Mayer, K. U. (1999). The Berlin Aging Study. Aging from 70 to 105. Cambridge: Cambridge University Press
Martins, R. M. e Rodrigues, M. L. Estereótipos sobre idosos: uma representação social gerontofóbica. Millenium. Revista do ISPV, 29, 249-254, 2004.

Resenha: processos cognitivos, cultura e estereótipos sociais

Rafael Raposo

No correria da vida contemporânea o homem vive a fazer escolhas, e até juízos de valor, que muitas vezes passam despercebidas por ele. Por esta razão, Water Lippmann se preocupou em compreender como as representações da realidade social são construídas pelas pessoas. Como as pessoas se situam no mundo? Como organizam as inúmeras informações que dispõem? Porque se apegam a algumas informações e desprezam outras? Para entendermos estas questões é de suma importância conhecer o trabalho de Walter Lippmann: um dos primeiros teóricos a fazer uma reflexão sistemática sobre os estereótipos.
Este teórico afirma que as representações guiam o indivíduo e o auxiliam quando ele precisa lidar com informações complexas, entretanto, estas representações funcionam também como defesas que possibilitam ao mesmo proteger os seus valores, os seus interesses, as suas ideologias. Nesta ótica, as representações não possuem uma posição neutra, pois sofrem uma influência maior do observador do que do objeto propriamente dito.
Lippmann também tenta compreender de que modo à cultura influencia no recorte que o indivíduo faz da realidade, e de que forma estes recortes ganham consistência e estabilidade de significado. Devido a isso, o autor analisa o papel dos preconceitos para a utilização da informação a partir da interpretação da realidade, da memorização e recuperação das informações.
Paralelo a isso, Lippmann analisa a função dos estereótipos na representação da realidade do indivíduo. O teórico define os estereótipos como imagens mentais que auxiliam os indivíduos no processamento da informação que fica delimitado entre o indivíduo e a realidade. Assim, os estereótipos sofrem forte influência do sistema de valores do indivíduo, tendo como função a organização e estruturação da realidade.
Um exemplo para ilustrar como os estereótipos influenciam a representação da realidade do indivíduo (estereótipos individuais), e também pode ficar a mercê das influências culturais (estereótipos sociais), é o estudo de Katz e Braly (1933, citado por Cabecinhas, 2004) em que foi pedido a 100 estudantes universitários para apontarem cinco traços típicos de cada um dos dez grupos-alvo expostos. Aos americanos brancos foram apontadas características positivas (empreendedores, inteligentes, materialistas, ambiciosos e progressistas) totalmente interligadas ao sonho americano propagado na época do estudo, enquanto os americanos negros foram incluídos em categorias negativas (supersticiosos, preguiçosos, despreocupados, ignorantes e musicais) totalmente contrárias aos valores que o “sonho americano” reforçava. Através deste resultado o estudo pode apontar uma das inúmeras variáveis que apontam o motivo da exclusão social que os negros sofriam na época.
Nesse sentido Karlins (et al., 1969 citado por Cabecinhas, 2004) enfatizam a importância da distinção entre os estereótipos pessoais (psicológicos), e os estereótipos sociais (culturais). Os autores defendem que se por um lado os estereótipos culturais dos negros são negativos, as crenças pessoais (estereótipos pessoais) são positivas. Muitos participantes demonstraram uma opinião de apoio aos negros.
Entretanto, mesmo afirmando que os estereótipos funcionam de forma inevitável, Lippmann propôs uma educação crítica para que os indivíduos se conscientizarem do caráter subjetivo que a sua apreensão da realidade possui. Portanto, é de suma importância conhecer o trabalho inovador de Lippmann – seus êxitos e as lacunas deixadas pela sua teoria – para que os pesquisadores sobre estereótipos possam desenvolver novas pesquisas que possibilitem uma melhor compreensão sobre os estereótipos.

Referência Bibliográfica
CABECINHAS, R. (2004). Processos cognitivos, cultura e estereótipos sociais. Actas do II Congresso Ibérico de Ciências da Comunicação, Universidade da Beira Interior, Covilhã, 21-24 de Abril.

Resenha: Representação Social e Estereótipo: A Zona Muda das Representações Sociais.

chamada

Poliana Neres Costa

O texto apresentado é um artigo científico que aborda a temática das representações sociais e estereótipos em um contexto específico que é a universidade de Aix-en-Provence, localizada em Provence na França.
A autora inicia o artigo apontando uma dificuldade nos dados encontrados em pesquisas sobre representações sociais. Este problema é questionado, também, por outros investigadores, como Abric e outros. Assim a autora insere o termo de “zona muda” que surgem das representações disfarçadas por certos elementos em determinadas situações, ou seja, em determinados contextos e momentos existe uma “zona muda” composta por certos elementos da representação que não são verbalizados pelos indivíduos. Estes elementos relacionam-se com os valores, normas e crenças sociais que acabam influenciando na expressão das representações. E mesmo que estes elementos façam parte de representações centrais eles são omitidos para evitar conflitos morais ou que desviem da norma social.
Desta forma, objetivando-se conseguir revelar os elementos da “zona muda” de representação Menin (2006) destaca que é necessário elaborar métodos específicos de verificação. E para tal é preciso amenizar a pressão normativa sobre o sujeito que representa. Para alcançar este propósito a autora expõe duas técnicas: uma de substituição que “visa reduzir a pressão normativa, reduzindo o nível de implicação pessoal do sujeito com relação à representação do objeto”, ou seja, o participante responde como se estivesse falando por outra pessoa que seja de seu grupo de referência; e a outra técnica é a de descontextualização normativa que “visa reduzir a pressão normativa colocando o sujeito num contexto mais distante de seu próprio grupo de referência”.
Menin (2006) apresenta algumas pesquisas realizadas pela Escola de Aix sobre as “zonas mudas” das representações. E ressalta, apoiando em alguns outros pesquisadores, aspectos sobre o núcleo central das representações e sua estabilidade. Além disso, realiza um ensaio ao trabalhar com os estudos de diversos autores sobre a temática da “zona muda das representações”.
Das pesquisas realizadas concluiu-se que os dados obtidos eram quase, totalmente, reflexos complexos dos modelos normativos pertinentes para o objeto de representação. Diante disso, a autora coloca que as técnicas de substituição e descontextualização já tinham sido utilizadas em outros contextos externos aos da representação, no entanto foi usada pela primeira vez na pesquisa em representações sociais por Deschamps e Guimelli (2000).
A autora apresenta também pesquisas relacionadas com outros temas como estereótipos e preconceito, visando compreender se a ativação de estereótipos e o preconceito em situações distintas de investigação (usando a técnica de substituição e a técnica de descontextualização normativa) influenciam na “zona muda” de representação. Para tal desígnio foram usados grupos considerados alvos do racismo e estereótipos como os maghrebinos, os ciganos e os muçulmanos. Destas pesquisas ultimou-se que as representações sociais apresentam certa plasticidade e variabilidade a depender de que posição da qual se fala e para quem se fala.
Menin (2006) expõe as hipóteses da “zona muda”, destacada por outros autores como, por exemplo, Guimelli e Deschamps (2000), Abric (2003), Deschamps e Guimelli (2004), em que as respostas dos sujeitos se adequariam as normas sociais ao temerem ser “mal vistos” pelos seus grupos de referência, outra hipótese seria a da “transparência das representações” em que um sujeito falaria de um grupo por meio de conhecimentos, de um mesmo objeto, adquiridos através das representações e estereótipos dos membros do outro grupo. Uma outra hipótese é a da influência social efetivada por meio de relações de interdependência e de trocas de informações (a partir de crenças, opiniões, atitudes e guias de comportamento) entre diversas entidades sociais.
Finalizando a autora traz um questionamento, considerado um problema de investigação no campo da psicologia, associado com as “zonas muda das representações” que consisti em “até que ponto o que as pessoas respondem nos questionários correspondem ao que realmente pensam?” sendo que os discursos se alteram a depender de para quem os sujeitos falam e a partir de quem fala, se por si ou por outros.
Desta forma, Menin (2006) destaca a relevância e presença das normas sociais frequente nas representações podendo surtir alterações ao orientar que representação seria mais adequada, produzindo até mesmo modificações centrais.
Assim o modo como a coleta de dados é feita interfere nas representações obtidas. Diante disso a autora sugere o uso de técnicas mais qualitativas de investigação como entrevistas e observação de práticas, fundamentadas na concepção de Jodelet (2003). Desta forma, Schulze e Camargo (2000) em um artigo sobre psicologia social, representações sociais e seus métodos afirmam que “deve-se considerar o nível de complexidade dos fenômenos investigados pela teoria das representações sociais” de modo que, conforme exposto por Jodelet (1989) (citada em Schulze & Camargo, 2000) as escolhas metodológicas deve apresentar-se em consonância com as situações em que as representações surgem e funcionam.

 

Referência: Menin, M. S. S.; (2006). Representação Social e Estereótipo: A Zona Muda das Representações Sociais. Psicologia: Teoria e PesquisaJan-Abr 2006, Vol. 22 n. 1, pp. 043-052.

 

Resenha: A imagem das enfermeiras frente aos estereótipos: uma revisão bibliográfica

Cecília Spínla


As autoras iniciam o texto explicitando a relevância dos profissionais de enfermagem manterem uma comunicação eficiente com os pacientes, mas revela que esta é dificultada pelo estereótipo da profissão que faz com que os pacientes possuam preconceitos com os profissionais.

As autoras afirmam que a profissão sofre estereótipo com relação ao gênero e explica que este sofre contribuição da tradição judaico-cristã que define uma dominação do homem sobre a mulher. Corrobora com este fato o papel da mulher na idade Média que era responsável por atividades de menor complexidade. Nesta ocasião o cuidar médico era reservado aos homens e ás mulheres restava o cuidado e a manutenção da higiene dos doentes e da ordem do ambiente, trabalho considerado sujo para os médicos que na sua maioria eram de famílias abastadas.

O texto identifica também o preconceito social que reserva aos profissionais da área o estigma de indivíduos que não tiveram uma melhor oportunidade de formação profissional.

Segundo o texto, o trabalho de enfermagem foi por muito tempo desenvolvido por mulheres religiosas que se dedicavam aos doentes, realidade que durou até o início do século XVI, quando ocorreu a revolta Luterana e a ascenção do anglicanismo.

Com a queda do catolicismo e a expulsão das religiosas dos hospitais, a Enfermagem, sem mão-de-obra qualificada, passou a ser exercida por mulheres de moral duvidosa que eram submetidas a péssimas condições de trabalho.

É neste cenário que se constrói a imagem da profissão. Doentes que preferem tratar-se em casa para não sofrerem maus tratos, comerem péssimas comidas ou terem que ceder a suborno por parte dos “profissionais” de Enfermagem.

Outro estereótipos relacionando a profissão diz respeito a desvalorização do serviço prestado e a visão da enfermagem como mão de obra barata. Essa visão, segundo Padilha (1998) advém da prática da Enfermagem no Brasil por religiosas, criando o entendimento de que esta prática deveria ser prestados apenas pelo amor de Deus e que a remuneração a esses serviços constituiria-se em ato impuro e mercenário.

É discutido pelas autoras também o papel da mídia na formação da imagem do profissional de Enfermagem. Para as autoras este veículo dissemina a idéia da Enfermeira como símbolo sexual, prejudicando ainda mais a desmistificação desses falsos conceitos perante a da sociedade.

Encontramos também no texto uma reflexão sobre o estereótipo de submissão no âmbito de valor da profissão da Enfermagem com relação a Medicina, o que advém de uma tradição militar que prezava pelo treinamento da enfermeira para agir com fiel observância às ordens médica e atenta ás relações de autoridade.

Com os dados acima apresentados podemos entender o preconceito que sofre a profissão de enfermagem e compreender o porque das autoras do texto trazerem neste artigo a preocupação com a capacidade de escuta e confiança do paciente/doente com esses profissionais. Tendo em vista que as relações estabelecidas sofrem influência de todos os estereótipos acima citados, que são muitas vezes reforçados pela nossa sociedade atual, é esperado que estes profissionais sofram o estigma de inferiores e menos competentes e com isso encontrem dificuldade de ascender profissional e socialmente.

Reforçando esses preconceitos, a nossa sociedade atual tende a reconhecer no médico o único profissional capaz de atender integralmente no âmbito da saúde, ficando todos os demais profissionais a cargo de implementar as ações descritas. Exemplo claro temos na Lei do Ato Médico que busca legitimar a soberania deste profissional em detrimento às outras profissões da área de saúde.

Perde-se com isso a noção da relevância do serviço de enfermagem, que atua no ambiente hospitalar cuidando da evolução dos pacientes, supervisionando e controlando rotinas e suportando os serviços médicos e multidisciplinares dispensados aos pacientes.

As autoras concluem que o combate a este preconceito formado sobre a profissão de Enfermagem pode ser feito primeiramente através da identificação e conhecimento destes na população e posteriormente com a criação de estratégias de enfrentamento e divulgação da verdadeira profissão, revertendo assim ao profissional, a valorização da sociedade pelo
seu trabalho.

Referência: Santos, C. e Luchesi, L. A imagem das enfermeiras frente aos estereótipos: uma revisão bibliográfica.Proceedings of the Brazilian Nursing Communication Symposium, 2002, São Paulo, Brasil

Resenha: Estereótipos sobre idosos: uma representação social gerontofóbica

chamada

Cecília Spínla

As autoras iniciam o texto incentivando uma reflexão sobre estereótipos e trazem alguns conceitos que clarificam o tema para os leitores. Entendido por Ayesteran e Pãez (1987) como “uma representação social sobre os traços típicos de um grupo, categoria ou classe social”, atualmente os estereótipos mais estudados são os étnicos, sendo também muito presente em nosso convívio social os estereótipos de gênero, profissão, classe social e o de ciclo de vida, objeto deste artigo.

As autoras alertam para a complexidade da literatura sobre o tema já que se trata de um “conceito multiunívoco – constructo categorial, generalizador, estável e definidor de um grupo social”.

No caso dos idosos, preconceito oriundo do ciclo de vida do indivíduo, a autora defende que este se caracteriza como uma representação social da gerontofobia, que se define como o “processo de estereotipia e de discriminação sistemática, contra as pessoas porque são velhas” (Staab e Hodges, 1998).

Neste processo se associam ao idoso conceitos e traços negativos associados à incapacidade, fraqueza e inutilidade, percepções pejorativas do fenômeno de envelhecer.

Vale ressaltar que o estereótipo sofre influência direta do contexto cultural em que está inserido, e na nossa atual sociedade vemos reforçado a visão da “velhice como uma doença incurável, como um declínio inevitável, que está votado ao fracasso”.

As autoras apresentam no artigo um estudo realizado na Université de Montreal por Champagne e Frennet que identifica catorze estereótipos mais frequentes em idosos, são eles:

* Os idosos não são sociáveis e não gostam de se reunir;
* Divertem-se e gostam de rir;
* Temem o futuro;
* Gostam de jogar às cartas e outros jogos;
* Gostam de conversar e contar as suas recordações;
* Gostam do apoio dos filhos;
* São pessoas doentes que tomam muita medicação;
* Fazem raciocínios senis;
* Não se preocupam com a sua aparência;
* São muito religiosos e praticantes;
* São muito sensíveis e inseguros;
* Não se interessam pela sexualidade;
* São frágeis para fazer exercício físico;
* São na grande maioria pobres.

A análise da pesquisa chama a atenção para a confusão de conceitos existentes que faz com que os pesquisados destaquem como características da velhice traços de personalidade e fatores socioeconômicos ao invés de características específicas do envelhecimento.

A partir deste ponto podemos refletir sobre a possível existência de mitos sobre o envelhecimento que impedem o estabelecimento de contatos e conhecimento verdadeiros sobre os idosos.

E com base nessa análise a autora conclui o artigo alertando aos leitores a necessidade de atentarmos para os mitos e estereótipos criados sobre a velhice, pois eles estão muitas vezes ligados ao desconhecimento do processo de envelhecimento mas mesmo assim geram enorme sofrimento nos idosos e influenciam fortemente na nossa interação com os idosos.

Referência: Martins, R. M. e Rodrigues, M. L. Estereótipos sobre idosos: uma representação social gerontofóbica. Millenium. Revista do ISPV, 29, 249-254, 2004

Resenha: Aparência física e amizade íntima na adolescência: Estudo num contexto pré-universitário

Apohena Noroya

O artigo se configura como uma pesquisa que aborda a associação entre a percepção sobre a aparência física e a amizade intima, considerando-os como um fator de importante valor preditivo no desenvolvimento psicossocial de adolescentes. Na introdução o autor caracteriza intimidade como uma relação emocional marcada pela concessão mútua de bem-estar, pelo consentimento explicito para revelação dos assuntos privados, podendo envolver a esfera dos sentidos e pela partilha de interesses e atividades em comum, favorecendo o crescimento e a auto-revelação do adolescente.
Segundo o autor, alguns estudos estabelecem que o conceito de intimidade/amizade intima na adolescência e pré-adolescência, pode ser estruturado em oito dimensões: sinceridade e espontaneidade; sensibilidade e conhecimento; vinculação; exclusividade; dádiva e partilha; imposição;atividades comuns; confiança e lealdade. Sendo que a intimidade deve ser avaliada numa esfera dual, onde se conhece a si mesmo e ao outro ao mesmo tempo. O conceito de intimidade corporal passa primeiro pela percepção que se tem de si próprio, o auto-conceito, que pode ser positivo ou negativo e a depender de como os adolescentes vêem o próprio corpo isso vai ser determinante para sua relação com o outro, pois o corpo físico e aparência são o meio por excelência de acesso ao mundo e a toda experiência de vida.
Na adolescência emergem as verdadeiras relações de amizade baseadas na intimidade e o favorecimento de novas formas protegidas de intimidade através das redes sociais da internet favorece a propagação da amizade entre eles. Junto a outros adolescentes eles se sentem mais seguros para compartilhar interesse, valores, credos atitudes sem o medo de se sentirem julgados. Outro aspecto que o autor destaca como determinante nas mudanças dos relacionamentos íntimos entre adolescentes são os aspectos da puberdade e as transformações dos impulsos sexuais.
O auto-reconhecimento, o ser reconhecido pelo outro, construir, partilhar relações de intimidade e interagir socialmente constitui-se como um exercício de equilíbrio para o adolescente e as falhas deste equilíbrio podem determinar falhas na construção da identidade e isolamento social no futuro. Existem ainda segundo o autor, diferenças de gênero na forma pela qual meninas e meninos lidam com estas experiências, ocorrendo segundo alguns autores uma maior destreza entre as meninas no estabelecimento de relações com base na intimidade e no entendimento interpessoal.
Para analisar a relação entre a percepção sobre a aparência física e as relações de amizade intima na adolescência, o autor optou por realizar uma pesquisa com alunos pré-universitários de duas Escolas Secundárias de Portugal entre alunos do sexo feminino e masculino. Foi utilizado um questionário contendo as: Escala de Amizade Intima, Escala de Percepção de Auto-conceito(adaptada para a população portuguesa) e Notação Social Familiar – Graffar Adaptado que investiga o nível socioeconômico, além de dados de identificação sobre os adolescentes.
Os resultados mostraram diferenças entre gêneros onde os valores de amizade intima são mais elevados no sexo feminino e os valores de percepção sobre a aparência física, mais elevados no sexo masculino, o que sugere uma valorização diferente, entre sexos, dos aspectos do auto-conceito físico e da amizade intima na adaptação social e pessoal de adolescentes. As meninas apresentam mais maturidade do que os meninos para lidar com uma relação de amizade intima, sendo que, entre os indivíduos do sexo feminino e do masculino existe uma predileção por amizades do sexo feminino por motivações diferentes, pois as meninas buscam pares aos quais se identificam e os meninos buscam o sexo oposto numa perspectiva de auto afirmação da sua masculinidade.
Os valores de percepção sobre a aparência física revelam-se mais influentes num baixo auto conceito feminino, acredita-se pela própria cobrança, muito maior entre os indivíduos do sexo feminino pela beleza física e a necessidade de ser aceita por pares de ambos os sexos.

Referência:
Cordeiro, Raul A. Aparência física e amizade intima na adolescência: Estudo num contexto pré-universitário. Análise Psicológica, 24, 3, 509-517, 2006.

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